Justificativa de Bellucci é improvável, diz associação de farmacêuticos

Crédito: Dolores Ochoa/Associated Press Thomaz Bellucci está suspenso por doping até 31 de janeiro
Thomaz Bellucci está suspenso por doping até 31 de janeiro

FÁBIO ALEIXO
DE SÃO PAULO

A Anfarmag (Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais), órgão que representa o setor voltado para a preparação (manipulação) de medicamentos enviou à Folha resultados de um estudo no qual aponta ser improvável a contaminação cruzada de diurético em suplementos alimentares ou vitamínicos.

A contaminação cruzada foi usada pelo tenista Thomaz Bellucci, 30, para justificar a presença do diurético furosemida em seu organismo, que culminou na sua suspensão por cinco meses. Outros esportistas, como Cesar Cielo, já havia utilizado a mesma justificativa em casos anteriores.

O estudo realizado a partir de 2010 com cerca de 27 mil fichas que registram os medicamentos entregues pelas farmácias a cada paciente, mostrou que menos de 2% das receitas médicas aviadas traziam prescrição de diuréticos.

Além disso, dentro dessa amostragem ampla, não havia sequer uma receita com prescrição de diurético isolado.

"O processo de manipulação é seguro e não permite a contaminação. Porém, vamos extrapolar: admitindo que houvesse eventual equívoco no processo que levasse à contaminação acidental com um diurético, necessariamente haveria também a presença de outros fármacos combinados com essas substâncias, uma vez que elas estão sempre em associação nos medicamentos manipulados", explicou Ademir Valério, presidente do conselho de administração Anfarmag.

"Além disso, a distribuição desse diurético não seria uniforme entre supostas cápsulas contaminadas. Isso pode ser rastreado e precisa ser levado em conta", completou.

As farmácias com manipulação são obrigadas por lei a manter um livro de registro com todas as receitas médicas aviadas e esse é um documento importante na busca pela resposta de uma investigação, já que pode apontar se houve ou não manipulação do diurético no mesmo dia da preparação do medicamento consumido pelo paciente em questão e, portanto, se havia ou não possibilidade, mesmo que remota, de contaminação cruzada.

Sadi Perini, proprietário e responsável técnico pela Body Lab, farmácia que fez os suplementos para Bellucci negou a contaminação em seu estabelecimento.

"Há mais de 30 anos trabalho com manipulação. Trabalhei com a seleção brasileira de 1998, trabalho com o Botafogo e nunca tivemos nem sequer um caso de contaminação. É muito estranho que aconteça com esta turminha do tênis. Todo mundo está careca de saber que todos os atletas usam a contaminação cruzada como desculpa quando são pegos em doping por substâncias específicas e não drogas sociais. Partem para isso porque não tem outra justificativa", disse.

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