A Coreia do Norte fechou um acordo para enviar uma equipe à Olimpíada de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, dentro de um mês.
Mas, embora a decisão possa ajudar a relaxar a tensão nuclear entre o país e o Ocidente, em termos esportivos é improvável que venha a revelar os similares norte-coreanos de Shawn White ou Yuzuru Hanyu.
Não se sabe quantos norte-coreanos participarão dos Jogos. Mas os atletas que participarão não devem causar abalos no quadro de medalhas.
Até agora, a Coreia do Norte só qualificou dois atletas para a olimpíada, uma dupla de patinadores artísticos, Ryom Tae-ok e Kim Ju-sik. Eles perderam o prazo de inscrição, mas a expectativa é de que isso seja desconsiderado. O COI (Comitê Olímpico Internacional) também indicou disposição de autorizar a inscrição de alguns outros atletas norte-coreanos como convidados.
Ryom e Kim ficaram em 15º lugar no mais recente campeonato mundial de patinação artística, e poucos esperam que eles consigam melhorar essa posição nos Jogos.
Além de Ryom e Kim, a safra de atletas norte-coreanos para a olimpíada consiste em geral de nomes desconhecidos no cenário internacional. Muitos dos mais recentes campeonatos mundiais de esportes de inverno, o que inclui as modalidades tradicionalmente mais forte dos norte-coreanos, na patinação de velocidade em pista, não tiveram participantes da Coreia do Norte.
Ainda que seja possível que a Coreia do Norte apareça com um astro desconhecido –Han Pil-hwa, que ficou com a prata na patinação de velocidade nos Jogos de Inverno de 1964, apareceu do nada– parece que a maioria de seus atletas está destinada apenas a fazer número.
O maior impacto da delegação norte-coreana em PyeongChang pode vir da equipe de cheerleaders ou do grupo de arte performática que o país pretende enviar.
A Coreia do Norte participa apenas esporadicamente das Olimpíadas de Inverno, desde 1964. Conquistou duas medalhas, prata na patinação de velocidade em 1964 e bronze na patinação em velocidade em pista curta, em 1992.
Quatro anos atrás, a Coreia do Norte não classificou atletas para os Jogos. Em 2010, seus dois participantes, um patinador artístico e um de velocidade, não passaram do nono lugar em suas modalidades.
A Coreia do Norte obteve muito mais sucesso nas Olimpíadas de verão, das quais participa desde 1972, ainda que tenha boicotado os jogos de 1984, em Los Angeles, e de 1988, em Seul. O país conquistou 54 medalhas, 16 das quais de ouro, em modalidades como o halterofilismo, luta livre, ginástica e boxe.
Na Olimpíada do Rio de Janeiro, a Coreia do Norte conquistou sete medalhas, duas das quais de ouro. Os dois medalhistas de ouro, na ginástica e halterofilismo, eram os favoritos na delegação norte-coreana, já desde o começo.
Em novembro de 1987, cerca de um ano antes da Olimpíada de Seul em 1988, um jato de passageiros sul-coreano explodiu, com a morte de mais de 100 passageiros e tripulantes. Agências de inteligência ocidentais dizem que a Coreia do Norte foi responsável, e os Estados Unidos consideram o incidente como ação terrorista. No mês passado, a revista norte-americana "Foreign Policy" publicou um artigo com título inquietante: "A Coreia do Norte pretende detonar a Olimpíada de Inverno?"
Ainda que seja improvável que o hino da Coreia do Norte venha a ser ouvido no mês que vem, a participação de seus atletas certamente é um alívio para os organizadores olímpicos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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