Colocado à venda no Facebook, goleiro pode ser o mais velho das Copas

Crédito: Finbarr O'Reilly/Reuters Egypt's goalie Essam El Hadary and team mate Mohamed Zidan sit atop thegoalposts in celebration after winning the African Cup of Nations finalagainst Ghana in Luanda January 31, 2010. REUTERS/Finbarr O'Reilly(ANGOLA - Tags: SPORT SOCCER IMAGES OF THE DAY)
E-Hadary comemora com outros jogadores egípcios o título da Copa da África de 2010

ALEX SABiNO
DE SÃO PAULO

O egípcio Essam El-Hadary pensou em parar no início de 2017. Não estava em boa fase, havia se desentendido com o presidente do Wadi Degla, clube em que atuava. Para humilhá-lo, o cartola o colocou à venda pelo Facebook.

Aos 44 anos, o goleiro não via grande futuro no esporte.

Convocado pela seleção para a Copa da África, viajou como 3º goleiro. Foi quando a maré virou.

Ele jogou todas as partidas, virou titular e vive a expectativa de ser o jogador mais velho a disputar um Mundial

Nesta segunda (15), El-Hadary completa 45 anos.

"Desde que vi o Egito em campo na Itália em 1990, sonho com essa chance. Disputar a Copa é o meu sonho. Desde que percebi haver a chance de jogá-la, é a força que me faz sair da cama todas as manhãs", disse o goleiro, em declarações enviadas pela Federação Egípcia.

Sua convocação é quase certa. Resta saber se o técnico da seleção, o argentino Hector Cúper, o escalará como titular. Se isso acontecer, El-Hadary superará o também goleiro Faryd Mondragón, que se tornou o mais velho da história dos Mundiais ao entrar como substituto na partida da Colômbia contra o Japão, na fase de grupos, em 2014. Ele tinha 43 anos.

"Perceber que poderia jogar a Copa do Mundo me deixou mais jovem. Eu não sinto nenhum peso da idade. Tenho o mesmo ritmo de treinos de quando tinha 25 anos", completa.

HISTÓRIA

El-Hadary fez o primeiro jogo pela seleção em 1996. Depois, foram outros 155. Foi quatro vezes campeão da Copa Africana de Nações (1996, 2006, 2008 e 2010). Passou 12 anos no Al-Ahly, o clube mais tradicional no país. Foi oito vezes campeão nacional e quatro da Liga dos Campeões da África.

Nem esperava entrar em campo na Copa Africana deste ano, mas o titular Ahmed El-Shennawi se machucou no primeiro tempo da estreia diante de Mali. O reserva imediato, Sherif Ekramy, não estava bem fisicamente. El-Hadary entrou e não saiu mais. Defendeu duas cobranças na disputa de pênaltis contra Burkina Faso, que classificou o Egito para a decisão.

Apesar da derrota para Camarões na final, permaneceu no time nas eliminatórias que classificou Egito para o Mundial pela primeira vez após 28 anos. Faz tanto tempo que no torneio disputado na Itália, El-Hadary nem sequer era profissional. Tinha 16 anos...

O goleiro chorou quando Mohammed Salah converteu pênalti aos 50 min do 2º tempo contra Congo. Foi o lance que selou a vitória por 2 a 1 e colocou o país na Copa, assunto que se tornou obsessão para El-Hadary, que será a referência do time.

"Os outros jogadores me olham com respeito e acho isso bom, me deixa feliz. Mas eu sou mais um. Não sou mais do que eles. Passei por muitas coisas na carreira, mas não sou mais do que ninguém. Eles são meus irmãos. Vamos à Copa como irmãos", finaliza o veterano.

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