Descrição de chapéu campeonato paulista

Em briga por estádio, Palmeiras e WTorre dividem lucro de R$ 280 mi

Crédito: Katarina Benzova/Divulgação Público durante show do Guns N' Roses no Allianz Parque em 2017
Público durante show do Guns N' Roses no Allianz Parque em 2017

DIEGO GARCIA
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Palmeiras e WTorre não vivem em harmonia desde antes da inauguração do Allianz Parque, no final de 2014. As brigas entre os parceiros, no entanto, não impediram que ambos ganhassem centenas de milhões de reais com o novo estádio usado pelo clube.

Entre novembro de 2014 e novembro de 2017, a arena teve uma arrecadação líquida de cerca de R$ 280 milhões, com ganhos semelhantes para clube e empreiteira, segundo dados oficiais da contabilidade aos quais a Folha teve acesso.

A WTorre conseguiu uma receita líquida de R$ 146 milhões no período com o estádio. A empreiteira recebe a maior parte do que é obtido com shows, "naming rights" (nome do estádio vendido para uma empresa), comércio de cadeiras e camarotes, locações do estádio e contratos de publicidade.

Já o Palmeiras ganhou ao menos R$ 122 milhões líquidos com bilheteria nos três anos. O clube disputou 94 jogos no Allianz Parque até o final do ano passado.

O valor é maior, já que a soma não inclui os jogos da Copa Libertadores da América. Nas partidas do torneio continental, o clube ganhou R$ 18 milhões com ingressos, mas a Conmebol não divulga os valores líquidos de arrecadação nos jogos.

O Palmeiras tem direito a tudo o que for arrecadado com venda de ingressos para jogos de futebol. Segundo o contrato com a WTorre, o clube precisa pagar uma taxa de manutenção, que pode chegar a R$ 300 mil, pelo uso da arena nos dias da partida. Desde que o Allianz Parque foi inaugurado, isso nunca ocorreu.

Sem receber, a WTorre deixou de repassar, em 2015, o montante que o clube tem direito da receita com shows realizados no local.

O contrato prevê que o Palmeiras receba 20% da arrecadação líquida. Até o fim de 2017, a arena teve 36 eventos entre show e festivais.

Os concertos de Sting e Ed Sheeran, em maio de 2017, por exemplo, renderam R$ 1,9 milhão. O Palmeiras teria direito a R$ 351 mil.

O clube cobra na Justiça o pagamento desses valores não recebidos referentes aos shows, que somam R$ 12 milhões. Tenta receber R$ 14 milhões - valor já com correção da inflação.

Há ainda outros pontos de divergência sobre percentuais a receber que estão sendo discutidos em câmaras de arbitragem.

Dos camarotes e cadeiras, a WTorre fica com 95% do arrecadado. Levou nos três primeiros anos de Allianz Parque R$ 65,3 milhões. O Palmeiras deveria ter recebido 5% do total, R$ 3,4 milhões. A porcentagem é idêntica ao item "naming rights", que rendeu para a empresa R$ 47,5 milhões. O clube deveria ter recebido R$ 2,5 milhões, mas isso não foi pago.

O contrato de parceria estabelece um aumento da porcentagem do repasse dos lucros desses negócios para o clube ao longo dos anos.

O contrato com a WTorre, iniciado em 2014, tem duração de 30 anos.

Em 2029, quando o vínculo chegar à metade do período de contrato, o Palmeiras terá direito a mais 15% nos dois modelos de cotas destinadas à WTorre. A parcela dos shows subirá para 35%, enquanto a referente às outras ações será de 20%.

GANHA-GANHA

Apesar das rusgas, a avaliação da atual diretoria do Palmeiras e da construtora é que o negócio está sendo rentável para todos.

A WTorre acredita que o contrato alinhavado na gestão do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo (2009 e 2010) está sendo rigorosamente cumprido. A empresa afirmou que não se pronunciaria sobre valores.

"Sou sempre a favor de uma discussão. Inclusive, o contrato diz que sem acordo as partes devem discutir na arbitragem. Já os resultados do Allianz parecem suficientes para aplacar quem dizia que seria ruim. Será que alguém ainda acha? Quando pensamos no estádio, pensamos em fonte de receita. Felizmente, para o Palmeiras, deu um resultado muito bom. A torcida comprou e se apaixonou. O Avanti [programa de sócios-torcedores] avançou com o estádio. É um projeto que deu certo, muito além da minha expectativa", afirma Belluzzo.

Em 2014, o Palmeiras arrecadou cerca de R$ 12 milhões com o seu programa de sócios. Viu o montante pular para R$ 34,5 milhões em 2016.

Entre os anos de 2016 e 2017, a receita bruta com eventos fora do futebol 70% no estádio.

"O Palmeiras vem cumprindo todas suas obrigações contratuais. Todas essas questões estão sendo discutidas na arbitragem. Por uma questão de confidencialidade, o clube não irá se manifestar", afirmou a assessoria do Palmeiras em nota à Folha.

A construção do Allianz Parque na área em que o Palmeiras mantinha o estádio Palestra Itália foi financiada pela WTorre e custou R$ 630 milhões.

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