Descrição de chapéu The New York Times

Mudanças são aprovadas e Copa Davis terá novo formato a partir de 2019

Alterações criam uma fase final com sede fixa e 18 países participantes

Ben Rothenberg
Orlando | The New York Times

A proposta da Federação Internacional de Tênis   (ITF) para reformular radicalmente a Copa Davis, torneio que existe desde 1900, foi ratificada nesta quinta (16) em sua assembleia anual, depois de meses de debate.

As mudanças foram aprovadas por 71% dos votos, o que supera a maioria de dois terços necessária, e entrarão em vigor no ano que vem.

Ainda que os votos individuais dos países não devam ser revelados, era possível detectar tendências, em entrevistas com os líderes das diversas federações.

As federações da África e da América pareciam preparadas para votar unanimemente em favor da medida.

A Europa, acompanhada pela Austrália, ancorava a oposição à reforma. O voto contrário do Reino Unido foi acompanhado pela Alemanha, o único país excetuado o grupo do Grand Slam a deter o máximo de 12 votos.

Também houve resistência na Europa Central e Meridional, com a Croácia, Eslováquia, Grécia, Hungria, Polônia, República Tcheca e Sérvia demonstrando oposição à proposta.

Mais que geográficas, porém, as divisões eram econômicas. Federações menores, como a do Brasil, expressaram interesse na infusão de dinheiro prometida pelo acordo com o Kosmos, na esperança de que isso as ajude a desenvolver talentos no esporte.

Larry Ellison, o magnata americano do software que adquiriu o BNP Paribas Open de Indian Wells, Califórnia, e o transformou em um dos melhores torneios do mundo, também favorece a ideia. Ele prometeu investir no novo projeto da Copa Davis, com o objetivo de realizar as finais do torneio em Indian Wells em 2021.

Mas a resistência é forte, e as emoções estão descontroladas, especialmente na Austrália, cujo sucesso serial na Copa Davis no passado serviu como caminho para elevar o perfil internacional do país.

"A maioria de nós concorda em que a Copa Davis precisa de reformas, para garantir que os melhores jogadores queiram participar", disse Wally Masur, antigo jogador e capitão da equipe australiana na Copa Davis.

"Mas a reforma radical proposta dizimará 100 anos de tradições do tênis, que ajudaram muito a desenvolver o jogo masculino ao longo do tempo", afirmou.

A mudança na Davis surge em meio a uma disputa com a ATP Tour, que está negociando com o Kosmos e planeja retomar a Copa do Mundo por Equipes.

O evento da ATP, se implementado em janeiro de 2020, concorreria diretamente e ameaçaria a existência da Copa Davis reformulada, especialmente se a participação na Copa Mundial por Equipes valer pontos no ranking da ATP, sem que a Copa Davis faça o mesmo.

É improvável que as duas competições por equipes possam prosperar, em longo prazo. O que o esporte precisa é de cooperação: um grande torneio com apoio unificado, e não uma Copa Davis e uma Copa do Mundo por Equipes com formatos semelhantes e jogadas a seis semanas de distância uma da outra.

A falta de apoio claro entre os jogadores torna a reforma da Copa Davis ainda mais arriscada, ainda que Haggerty tenha declarado que os patrocinadores existentes estão exigindo mudanças.

"Existem jogadores que apoiam a ideia", ele disse, mencionando Novak Djokovic e Rafael Nadal. "E creio que assim que isso for aprovado, veremos ainda mais apoio".

Entenda o que muda na nova Copa Davis

Datas - O calendário previa quatro semanas para as fases principais do torneio. Agora serão duas. Em fevereiro, será disputada a fase eliminatória, em vários países. A fase final, em novembro, terá sede única

Formato - A semana final terá uma fase de grupos, com as 18 finalistas divididas em seis chaves. Em cada confronto, serão três jogos em melhor de três sets, em vez de cinco jogos em melhor de cinco sets

Convite - Dois países serão convidados para a fase final da competição. Os critérios para a escolha desses participantes não foram divulgados

Dinheiro - O Kosmos investirá US$ 3 bilhões (R$ 11,7 bilhões) no evento por prazo de 25 anos. Segundo a ITF, a verba servirá para aumentar a premiação e expandir o esporte em mais países

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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