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"Estádios que não dão lucro devem ser demolidos", diz ex-ministro português
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MARTÍN FERNANDEZ
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO
Primeiro, um conselho: priorizar a reforma de estádios já existentes a erguer novos. Depois, uma sugestão drástica, para um problema de difícil solução: demolir as arenas que não derem lucro.
O autor das ideias acima é o professor e catedrático da Universidade Técnica de Lisboa Augusto Mateus, 60, ex-ministro da Economia (1996-97) e ex-secretário da Indústria de Portugal (1995-96).
O país que foi sede da Eurocopa há seis anos hoje sofre para pagar a conta de estádios construídos ou reformados para a competição.
À Folha Augusto Mateus defendeu a demolição de algumas arenas erguidas para a disputa, na qual Portugal foi vice-campeão ao perder para a Grécia por 1 a 0.
"As cidades que acolheram estádios sem terem suficiente população e sem clubes organizados e representativos têm hoje problemas financeiros enormes", sustenta Mateus.
"Na minha opinião, devem ser contempladas formas mais adequadas de desinvestimento, que podem passar pela demolição."
Dos dez estádios da Eurocopa de 2004, quatro pertencem a clubes (Benfica, Boavista, Porto e Sporting) e seis foram erguidos com dinheiro público: Leiria, Aveiro, Faro, Coimbra, Braga e Guimarães --este último foi cedido ao Vitória Sport Clube.
"A lotação dos estádios aproxima-se bastante da população dessas cidades, o que é manifestamente insuficiente", argumenta Mateus.
Portugal investiu 1,1 bilhão de euros (R$ 2,4 bi) em construção e recuperação de estádios para o torneio, incluindo estacionamentos, acessos, cessão de terrenos e outros custos financeiros.
Segundo um estudo de avaliação da Universidade Técnica de Lisboa, o impacto de todo esse investimento no PIB do país foi de 0,3% em 2003 e de 0,1% em 2004.
"O principal problema dessas operações é que, quando lançadas, parecem ter uma forte adesão dos cidadãos e dos responsáveis políticos", diz Mateus. "Toda a gente gosta de festa, mas, no day after, ficam encargos financeiros e custos de manutenção elevados."
O estádio de Aveiro, por exemplo, custa 4 milhões euros (R$ 8,9 mi) por ano, entre manutenção e pagamento de juros. Numa cidade de 70 mil habitantes, um estádio com 30 mil lugares nunca enche.
A arena de Coimbra, que custou 60 milhões euros (R$ 133 mi) para receber míseros dois jogos da Eurocopa-2004, está abandonada. Em Leiria, procura-se desesperadamente um comprador para o estádio construído lá. As arenas de Braga e Faro acumulam prejuízos milionários.
A esperança para essas arenas é serem incluídas na candidatura conjunta de Portugal e Espanha para a Copa do Mundo de 2018. Mesmo assim, teriam de passar por reformas. Ambos têm capacidade para 30 mil torcedores, 10 mil a menos do que exige a Fifa para um Mundial.
"A experiência de Portugal aconselha ao Brasil que não se deixe entusiasmar com a festa do futebol", diz Mateus.
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