Com Mano Menezes, seleção brasileira se torna mais baixa

Os primeiros passos de Mano Menezes indicam nuvens negras para a era de grandalhões que marcou a seleção da última Copa.

Se a equipe de Dunga alinhava oito titulares acima de 1,80 m, o time escalado para o jogo-treino de hoje, às 12h, contra o Barcelona é o exato inverso: oito dos escolhidos têm no máximo essa altura.

Só escapam ao teto o goleiro Diego Alves e a dupla de zaga, Thiago Silva e David Luiz. A principal novidade, por sinal, é justamente um dos jogadores mais baixinhos: Philippe Coutinho, meia de 1,72 m da Inter de Milão, que começou o curtíssimo coletivo de ontem (menos de 20 minutos) no lugar de Hernanes, de 1,80 m.

"O time estava sem aquele meia que fica na frente dos atacantes", disse Hernanes, agora na Lazio, sobre seu vaivém entre os titulares. "Ele [Mano] está testando para ver qual se adapta melhor."

Outro morador de Milão, o atacante Pato (1,79 m) é exemplo de como jogadores que seriam baixinhos com Dunga chamam a atenção do novo chefe da seleção.

"Eu confesso: quando o vi pessoalmente, fiquei de boca aberta", disse o treinador. "Ele é mais forte e mais alto do que eu havia imaginando acompanhando pela televisão", completou Mano numa entrevista ao jornal italiano "La Gazzetta dello Sport".

Resta saber, com a sequência de convocações, o tamanho da guinada que o técnico dará no perfil dos jogadores, sobretudo quando chamar também os que estão em atividade no futebol brasileiro --no período de treinamentos que se encerra hoje em Barcelona, 21 dos 22 escolhidos atuam na Europa.

A partir daí ficará mais fácil saber também a consequência dessa nova cara. E entender como um time que há dois meses impressionava o mundo por causa da estatura vai encontrar o equilíbrio que o volante Lucas define como o de "um futebol ofensivo, mas com responsabilidade na marcação".

As dúvidas sobre esse ponto de equilíbrio podem ser notadas ao observar a nova formação do Milan, uma das grandes incógnitas da temporada do futebol europeu, que fala em jogar com quatro jogadores bastante ofensivos: Ronaldinho, Robinho, Pato e Ibrahimovic.

O técnico brasileiro é cético sobre as possibilidades desse novo Milan.

"O futebol tem o poder de surpreender, mas, para ser honesto, penso que será difícil jogar com esses quatro e ter equilíbrio no time", declarou Mano Menezes.