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Gemidos de Sharapova e Nadal são citados em estudo que conclui vantagem para quem grita no tênis
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MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
"Silêncio, por favor". O tradicional pedido do árbitro aos torcedores em um jogo de tênis ainda não inibe uma arma importante dos tenistas: ganhar um ponto no grito.
Seja com o número 1 do mundo entre os homens, Rafael Nadal, ou com a musa russa Maria Sharapova, 18ª do ranking feminino, os gemidos estão, literalmente, em alta nas quadras.
Eduardo Munoz/Reuters |
Sharapova grita ao rebater bola contra a dinamarquesa Caroline Wozniacki; a russa chega a atingir 100 db |
E para transformar a teoria em prática, pesquisadores concluíram um estudo que mostra desvantagem para quem enfrenta o forte grunhido dos rivais na hora de rebater uma bola.
"As descobertas sugerem que o gemido, de fato, ajuda o oponente a tirar o foco e a atenção do rival. Portanto, estudar os gemidos no tênis foi a oportunidade perfeita de levar a discussão teórica para descobertas em laboratório", explica à Folha o pesquisador Scott Sinnett, da Universidade do Havaí (EUA), que conduziu o estudo ao lado de Alan Kingstone, da Universidade de Columbia Britânica (CAN).
No estudo, publicado no início deste mês, os pesquisadores colocaram 33 estudantes de graduação em um laboratório no qual foram medidas as reações diante de jogadas no tênis.
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Foram exibidos 384 vídeos, com e sem gemidos, em rebatidas de várias formas, e os estudantes precisavam reagir escolhendo o lado que consideravam que a bola iria.
O som utilizado nos vídeos foi de 60 decibéis (db), sendo que algumas tenistas, como Sharapova, chegam a gritar acima dos 100 db.
Frederic J. Brown/AFP |
Nadal grita ao rebater bola contra o austríaco Jurgen Melzer |
Entre jogadas fáceis e difíceis, quando existia o som que reproduzia o gemido houve aumento entre 3% e 4% de escolhas erradas _segundo o estudo, é o suficiente para interferir em um lance a cada game da partida.
Além deste fato, houve uma demora de 33 milisegundos no tempo de reação _lentidão que para um tenista significa dar um ou dois passos para o lado errado.
"Este é o primeiro estudo sobre este assunto. E feito com não-tenistas, por isso o próximo passo é fazê-lo com profissionais, para saber se persistem o aumento de erros e a lentidão nas respostas quando há gemidos", revela Sinnett, que é professor de psicologia e pratica tênis.
Como o estudo usou um ruído uniforme, sem distinguir agudos ou graves para comparar com homens ou mulheres do circuito profissional, não há conclusão de qual atrapalha mais os rivais.
O pesquisador, porém, afirma que gemidos mais longos são mais prejudiciais à reação adversária.
"Uma das hipóteses é que o gemido mascara o som da batida [da raquete] na bola, uma informação importante para o oponente [saber a força empregada na rebatida]", diz o pesquisador.
Outro fator levado em consideração no estudo é a possibilidade de tirar a atenção do rival. A comparação feita no estudo é com um motorista que fala ao celular no trânsito e tem desviada parte de sua concentração em frações de segundo.
Contudo, após anos de reclamações no circuito, a nova geração de tenista agora tem um argumento científico para se preocupar com os gemidos de Nadal a Sharapova.
Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress | ||
Barulhômetro |
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