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15/03/2011 - 18h15

São negócios, e não obra de caridade, diz Belluzzo sobre arena

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EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC
LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras, rebateu as críticas da atual diretoria sobre a reforma do Parque Antarctica. "Se ele [presidente Arnaldo Tirone] achar que está ruim, que discuta com a WTorre. Se tiver um negócio melhor, pode trocar de empresa", disse.

Em entrevista à Folha, o economista afirmou que "não aguenta mais" falar sobre o assunto arena. "Espero que a WTorre venha a público para esclarecer isso, pois eu não tenho mais nada a ver com essa história", disse.

Por 30 anos, o Palmeiras terá de avisar com antecedência as datas de seus jogos em seu novo estádio. Não poderá treinar na Arena nem mandar nela os jogos do time B ou das divisões de base.

Aliás, no campo, qualquer evento do clube que não seja futebol poderá ser vetado. E mesmo um simples amistoso terá de ser comunicado pelo menos 120 dias antes.

Fernando Santos-14.set.2010/Folhapress
O ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo
O ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo

FOLHA - O contrato assinado com a WTorre é bom para o Palmeiras?

BELLUZZO - A WTorre não é dona de nada. O Palmeiras continua proprietária da área e da arena. Quando uma concessionária cuida de uma estrada, ela não fica dona da estrada. Continua sendo do governo. É a mesma coisa. A WTorre é responsável por todas as despesas da arena, e o Palmeiras tem uma participação líquida do empreendimento.

Vários conselheiros e parte da atual administração questionam o contrato.

Absolutamente todo o contrato foi discutido com todos os conselheiros. O documento foi levado até o conselho, a WTorre explicou as características do contrato. Depois o contrato ficou lá à disposição dos conselheiros. Eu era diretor na época, não assinei o contrato, quem assinou foi o [presidente Affonso] Della Monica. A questão é que se fosse o São Paulo estariam todos celebrando, mas como é o Palmeiras estão todos criticando.

Mas a escritura da concessão da área tem a sua assinatura.

Sim, mas a escritura é simplesmente o documento que sacramenta aquilo que está colocado no contrato. É o ato final que permite o início das obras.

E o senhor participou da elaboração do contrato?

Sim, desde o começo, todos nós. Estive presente em todas as negociações desde a primeira reunião. Uma comissão foi criada, e levada o contrato para o conselho analisar.

André Vicente-09.nov.2009/Folha Imagem
Belluzzo na época em que presidiu o clube
Belluzzo na época em que presidiu o clube

Então todos puderam ver o contrato?

Sim. E o principal: o conselho aprovou. Todos iam lá, todos viram o contrato. O pessoal do Mustafá questionou [o contrato], sim. Eles sempre foram contrários. Mas acontece que, na votação final de aprovação do contrato, eles se retiraram! Viram que iam perder e saíram! O contrato aprovado pela maioria.

E o contrato pode ser renegociado agora?

Se eles quiserem rever o contrato, podem tentar chegar chegar na WTorre e dizer: "queremos rever algumas cláusulas".

E em relação ao seguro, que não cobre o valor total da obra?

Há um engano grave quanto a isso. Não existe cobertura de 100% do valor da obra neste tipo de contrato. O seguro "performance bond" garante que a obra chegue até o fim. A cobertura do Palmeiras é alta, 40%. As pessoas não tem noção do que falam ou escrevem.

A principal reclamação é o tempo do contrato, 30 anos.

Dizem que o contrato do estádio do Grêmio é de 15 anos. Mas o Grêmio deu o estádio como garantia. É difícil, neste tipo de negócio você só começa a ter lucro depois de dez, 15 anos. Veja o lado da WTorre: vai desembolar R$ 150 milhões, e ter uma dívida de mais R$ 150 milhões. E não poderá ter remuneração do capital próprio? Vocês, jornalistas esportivos, a maioria de vocês, se confudem com essa história. Parece que a WTorre teria que fazer um ato de caridade. Mas são negócios.

Mas o Palmeiras não ficará dependente da WTorre durante os 30 anos?

As divisões de base do Palmeiras nunca jogam no Parque Antarctica. O time principal também nunca joga lá. O Palmeiras é obrigado a jogar todos os jogos do campeonato na nova arena pois é preciso valorizar a arena! Você vende cadeira, camarote, então é natural que eles [WTorre] queiram que o Palmeiras jogue lá. É um empreendimento comercial. Então é preciso ter o máximo de liberação possível para a WTorre fazer eventos e o Palmeiras fazer dinheiro.

E sobre as críticas do atual presidente, Arnaldo Tirone?

É impossível dizer se [o contrato] é mais benéfico ao Palmeiras ou à WTorre. Mas me diga, qual o prejuízo que o Palmeiras terá? A WTorre terá um lucro, e o Palmeiras um ganho líquido. Mas se ele [Tirone] quiser, ele que discuta com a WTorre se é possível rediscutir o contrato. Se ele achar que está ruim, que discuta com a WTorre. Se tiver um negócio melhor, pode trocar de empresa.

A WTorre terá o controle total da arena por 30 anos. Caso o Palmeiras entre em litígio com a WTorre, não poderá ser prejudicado?

Pode, mas isso pode acontecer em absolutamente qualquer tipo de contrato, com qualquer empresa, de qualquer setor.

O senhor teme que as obras sejam paralisadas?

Tenho ouvido algumas pessoas falarem isso. Mas só digo que seria um desastre para os dois lados. Só vejo desvantagem paralisar essa obra a essa altura, com o estádio já derrubado. Uma insentatez, um capricho. Pode-se discutir mudanças no contrato sem parar a obra.

O senhor tem falado com a WTorre?

Não, mas eu adoraria que eles viessem publicamente dar explicações, pois eu já estou cansado de falar sobre isso. Não tenho mais nada a ver com isso. Aliás, se eles [WTorre] soubessem que isso daria tanta confusão, certamente não entraria no negócio tamanho o grau de maluquice e estupidez.

 

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