Ronaldinho atrasou-se 30 minutos para se apresentar à seleção para o jogo com o Chile, em Belo Horizonte. Não chegar na hora à cidade onde mora teve peso na decisão de Felipão de não convocá-lo. Mas não foi o único fator.

A reflexão de que Ronaldinho brilha num time montado mas não jogaria em alto nível contra grandes times europeus também pesou. Lembre-se de que o camisa 10 do Galo não jogou bem quando serviu à seleção neste ano, contra Inglaterra, Bolívia e Chile. E não corre o que se exige no futebol atual. Leia-se, Felipão é cobrado por ser atualizado.

Quer um time que corra como Thomas Müller e Schweinsteiger, do Bayern, e como Gundogan, do Borussia.

Está certo.

Mas haveria uma razão para convocar Ronaldinho ou Kaká. Contrabalançar a juventude de Oscar e Neymar, principais referências da seleção apesar de terem 21 anos. Pense em Sócrates, Zico, Falcão, Romário, Dunga... Nenhum deles era o ponto central da seleção com essa idade. Dos jogadores citados, só Romário estreou nela aos 21.

Com Pelé e Ronaldo foi diferente. Mas Pelé tinha Zito e Didi por perto. Ronaldo tinha Dunga, Romário, Bebeto...

Felipão foi corajoso. Vai precisar que Neymar e Oscar também tenham coragem. Terão de mostrar maturidade já. Ou assumir o fracasso.

Mas Felipão sabe que apostar tão alto pode custar caro. Ele tem uma série de defeitos, mas não o de pipocar na pressão. "Quem eu tinha dúvidas não está aqui na lista", disse. Com a frase, matou a pressão no peito e saiu ao trabalho.

Nos últimos meses, Carlos Alberto Parreira confidenciou a amigos que considera ter perdido uma Copa em um ano. Ele se refere ao período entre a Copa das Confederações de 2005, vencida na Alemanha, e a Copa de 2006, perdida em Frankfurt. Parreira perdeu porque deu mole demais, não cobrou trabalho, deixou jogadores usarem mais o nome do que a bola.

Contraponto de 2006, Felipão ganhou a Copa da Ásia em 2002 em exatamente um ano. O período entre sua estreia com derrota para o Uruguai, em 1º de julho de 2001, e a vitória sobre a Alemanha em Yokohama, em 30 de junho de 2002. Sua missão agora é a mesma. Tem um ano para montar um time e ganhar a Copa.

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