Fifa critica cobertura dos protestos pela imprensa brasileira
Em um balanço da primeira fase da Copa das Confederações feito na manhã desta segunda (24), no Maracanã, a Fifa afirmou que o evento "tem sido um grande torneio" e criticou a cobertura que a imprensa vem fazendo dos protestos populares que se espalharam por inúmeras cidades do país, incluindo as seis capitais que sediam a disputa.
"Temos que colocar objetividade novamente nessa discussão que está muito acalorada e emocional. Jornalismo não é apenas audiência, mas uma responsabilidade social", disse Walter di Gregorio, diretor de comunicação da Fifa. "Para dar apenas um exemplo, que considero forte: vi uma cena na TV nos últimos dias, de gente quebrando um sinal de trânsito e pulando em cima dele. A cena foi mostrada de quatro ângulos diferentes, 24 horas por dia. Isso dá a impressão de que não havia mais sinais de tráfego no país inteiro, e a percepção externa é que o país está sob fogo cerrado, que há uma guerra civil acontecendo. Não é o caso."
Di Gregorio também disse que, como "formadores de opinião", os jornalistas deveriam adotar "uma abordagem racional". "Isso não quer dizer que vocês não possam criticar o que acontece no país ou nos estádios, mas faço este convite para que procurem enxergar o cenário completo."
Antes mesmo que os jornalistas pudessem fazer qualquer pergunta, o diretor de comunicação da Fifa repetiu a posição oficial da entidade a respeito das manifestações:
"A situação é difícil para nós: se não falamos nada, nos criticam por só nos importarmos com o futebol. Se dizemos algo, somos criticados por interferir em assuntos internos do Brasil. Nossa posição sempre foi e sempre será a mesma: respeitamos o direito democrático aos protestos, desde que não sejam violentos, mas não iremos entrar nessa discussão."
NÚMEROS DA PRIMEIRA FASE
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, fez uma avaliação positiva da atual edição da Copa das Confederações. "Tem sido um grande torneio, graças a todos que estão trabalhando neles e aos fãs", disse Valcke, antes de apresentar dados do evento até o momento.
A edição brasileira foi a segunda em termos de presença de público na primeira fase --um total de 574.180 pessoas, com média de 47.848 por jogo (a edição campeã de público foi a do México, em 1999).
Valcke destacou ainda o alto número de gols marcados até agora (58, nos 12 jogos iniciais), e apesar de ter lembrado que boa parte deles aconteceu "graças ao Taiti" (que tomou 24 gols), afirmou que, mesmo excluídas as partidas da seleção taitiana, a média ainda seria alta: 3,66 gols por jogo; na última edição, em 2009, a média foi de 2,79. Ele destacou ainda o fato de a primeira fase ter acabado sem empates e com quatro campeões mundiais (detentores de 12 das 19 Copas do Mundo já disputadas) classificados para as semifinais.
O desempenho dos donos da casa também foi ressaltado: campeão da última Copa das Confederações, o Brasil estabeleceu o recorde de vitórias consecutivas no torneio (dez) e de jogos sem derrota (11). Neymar, "que tem sido sensacional neste torneio", segundo Valcke, tornou-se o jogador mais jovem a marcar em uma edição.
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