Governo pretende instalar sistema de energia solar no Mané Garrincha
Depois de gastos R$ 1,4 bilhão para deixar o Estádio Nacional Mané Garrincha no padrão Fifa, um novo investimento será feito para tornar a arena uma "usina solar". Serão investidos R$ 15 milhões, que só devem compensar a despesa com compra de energia em 2030.
Pelo projeto do governo do Distrito Federal, a instalação das placas solares na cobertura do estádio garantirá a produção de energia por dois anos. Depois, novos contratos terão de ser firmados para dar continuidade à produção.
A potência estimada da usina é de 3 mil MWh por ano. Isso seria suficiente para abastecer, pelo padrão médio de consumo de uma residência, 1.666 lares por ano.
O governo do DF chegou a divulgar que essa potência seria o suficiente para levar energia a 60 mil casas. Mas a CEB (Companhia Energética de Brasília), depois de questionada pela Folha, afirmou que o número real de casas que poderão ser abastecidas é de 1.700.
A Folha comparou a quantidade de energia a ser produzida no Mané Garrincha com os valores médios das tarifas praticados no país, informados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), de R$ 300 por MWh.
Assim, se o estádio consumir apenas a energia gerada internamente, ele deixará de comprar o equivalente a R$ 900 mil de eletricidade por ano, da rede convencional.
Com essa economia, levaria pouco mais de de 16 anos para os R$ 15 milhões investidos serem amortizados.
A ideia do governo é usar a energia solar para abastecer o estádio e assim economizar nos gastos de manutenção. O objetivo final é tornar a arena de R$ 1,4 bilhão "economicamente sustentável".
Caso haja excedente na produção, a arena diz estar preparada para encaminhar a sobra de energia para a rede elétrica de Brasília.
O contrato da "usina solar", estimado em R$ 15 milhões, prevê a operação da usina por apenas dois anos. O que significa que demais custos depois deste período ainda não foram considerados pelos cálculos do governo.
Além da usina solar, outro item de sustentabilidade previsto para o Mané Garrincha é o sistema para captação de água da chuva. Esses são os dois pontos centrais do plano para tornar o Mané Garrincha uma "ecoarena" e ser o primeiro estádio do mundo a ter a certificação de sustentabilidade Leed Platinum.
A usina solar e a captação da água da chuva não fazem parte das exigências da Fifa e, por isso, as obras podem ficar para depois do evento.
O reaproveitamento da água faz parte de um projeto, de mais de R$ 300 milhões, que inclui túneis e outras obras ao redor do estádio.
Mesmo diante dos custos médios de energia –informados pela Aneel– indicarem que a obra levará 16 anos para "se pagar", nos planos do governo o investimento será amortizado em até dez anos. Nesta previsão, também está incluso o projeto de captação de água da chuva.
O retorno estimado do investimento, contudo, pode variar conforme a produção, segundo o governo.
A CEB afirma que o cálculo de viabilidade financeira ainda não é possível. A estatal diz que o preço final pode ter "grande diminuição" na licitação, e apesar de já ter divulgado detalhes da usina solar à imprensa "a potência instalada ainda não está completamente definida e pode alterar substancialmente o valor do investimento".
ESTÁDIO ILUMINADO
Governo do DF pretende instalar sistema de energia solar no Mané Garrincha para garantir eletricidade para o estádio.
CUSTO DAS OBRAS
Estádio (em milhões de reais): 1.400
Usina de energia solar (em milhões de reais): 15
GERAÇÃO DE ENERGIA PREVISTA
3 mil MWh / ano
PARA QUÊ SERVE?
A energia deverá ser suficiente para abastecer as demandas do próprio estádio ou para levar eletricidade a 1.666 casas durante um ano
CUSTO MÉDIO DA ENERGIA RESIDENCIAL NO BRASIL
R$ 300 por MWh
NA PONTA DO LÁPIS
Se produção de energia prevista fosse usada para abastecer residências, o governo levaria 16 anos para recuperar o investimento
Fonte: Aneel
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