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Bellini deixou de ser barbeiro para virar atleta, mas guardou recordações

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Antes de se tornar jogador profissional, Hideraldo Luiz Bellini manejava tesoura e navalha no Salão Azul, na sua Itapira natal, a 170 km de São Paulo.

Foi por causa da bola que ele deixou a profissão de barbeiro.

Mas o carinho pelo ofício o fez guardar numa gaveta os equipamentos que usava para aparar bigodes, barbas e cabelos. Como Pelé, seu companheiro de seleção brasileira, que transformou em lembrança sua caixa de engraxate.

Décadas depois, o capitão do time campeão da Copa de 1958, morto nesta quinta-feira aos 83 anos, continuou visitando o lugar onde trabalhou, que virou outro salão.

"Ele adorava vir para Itapira, porém não tinha mais condição de viajar ultimamente. Antes passava semanas aqui, ficava na casa da minha mãe e que foi de seus pais. Visitava os irmãos, batia papo com o pessoal mais antigo, ia ao clube de campo, jogava futebol", contou à Folha um dos seus sobrinhos, Antonio Hélio Nicolai, 60, conhecido como Toninho Bellini.

Prefeito de Itapira em dois mandatos, de 2004 a 2012, Toninho teve a participação do tio em comícios da campanha eleitoral.

Foi pela influência de ídolo e pela insistência de Bellini que o sobrinho se tornou zagueiro de Guarani, Mogi Mirim, Inter de Limeira, Rio Branco e do time juvenil do Palmeiras entre as décadas de 1970 e 1980.

"Ele me levou para o Santos, mas não aceitei a proposta do clube porque já tinha meu trabalho como engenheiro civil. Insistiu para eu ser jogador. Conversou no Vasco para me levar. Ele queria porque queria. Meus pais também queriam", disse.

Tio e sobrinho chegaram a jogar juntos em peladas de Itapira.

"O pessoal respeitava, até tinha medo de chegar perto dele, era o xerife dentro da área. Mas não chegava duro não. Marcava, falava. Bola alta era sempre dele mesmo", relembrou Toninho.

Cercado por conterrâneos, Bellini narrava histórias sobre o passado de atleta, respondia dúvidas sobre colegas famosas e ele próprio.

"Era extremamente humildade, atendia e conversava com todo mundo. Pessoa maravilhosa, muito séria, muito honesta, muito ligada à família e aos amigos", afirmou o sobrinho.

'NOME ESTRANHO'

O ex-zagueiro de Vasco, São Paulo e Atlético Paranaense era o quinto de seis irmãos. Todos já morreram.

Seus sobrinhos o chamavam de "tio Bellini". "Era conhecido mundialmente assim, né?", justificou Toninho. Seus irmãos, claro, continuaram se referindo a ele como Hilderaldo. "Às vezes a gente até estranhava esse nome", admitiu o ex-prefeito.

Era a mãe de Toninho, Divanira, três anos mais velha do que Bellini, que colecionava relíquias sobre o irmão.

"A cada lugar que ele ia, ele sempre trazia uma boneca para minha mãe, que era quem acompanhava mais a carreira dele", disse o sobrinho. Hoje esses objetos pessoais estão no museu de Itapira e com parentes.

Com o agravamento do seu estado de saúde nos últimos quatro anos, Bellini já não reconhecia as pessoas e caminhava com dificuldades.

Desde o ano passado, respirava com ajuda de aparelhos, sempre na cama, sob cuidados de enfermeiros, e inspirava muitos cuidados. "Quase não abria os olhos", lamentou Toninho.

DE VOLTA À SELEÇÃO

Casado desde 1963 com a professora Giselda, também de Itapira, Bellini foi pai de Carla e Júnior.

Após encerrar a carreira de jogador em 1969, deu aulas em escolinhas de futebol particulares e de prefeituras.

Em 1982, ele abriu uma doceria na capital paulista e atendia os fregueses pessoalmente.

Voltou à seleção brasileira em 1985 como auxiliar de Evaristo de Macedo, mas a comissão técnica foi demitida menos de 40 dias depois.

O ex-zagueiro virou administrador do estádio do Pacaembu em 1986. Dois anos mais tarde, candidatou-se a deputado.

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