Neymar precisa jogar para Messi, diz técnico espanhol campeão da Europa
Luis Milla, 48, tem um currículo de respeito para falar sobre o futebol espanhol.
Formado nas categorias de base do Barcelona, onde iniciou carreira, o ex-meio-campista ainda atuou por sete anos no Real Madrid e quatro no Valência antes de se tornar técnico da seleção espanhola campeã da Eurocopa Sub-21 em 2011.
Hoje, à espera de convite para ser treinador de alguma equipe no Campeonato Espanhol na próxima temporada, ele se sente à vontade para falar de Neymar no Barça e analisa o desempenho do atacante brasileiro ao lado do craque do time, o argentino Lionel Messi.
"Ele tem que entender que Messi é importante na equipe e que todo jogador do Barcelona joga ao redor de Messi, que toda bola vai para Messi", diz Milla.
Em entrevista à Folha em Kuala Lumpur, na Malásia, durante evento promovido pela Fundação Laureus, o técnico espanhol também falou de Copa, Diego Costa, Thiago Alcântara e a renovação na atual campeã do mundo.
Ian Walton/Getty Images/Laureus | ||
O espanhol Luis Milla brinca com crianças em projeto da Laureus em Kuala Lumpur, na Malásia |
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Como você avalia o desempenho de Neymar neste primeiro ano no Campeonato Espanhol?
Primeiro ano para um estrangeiro na Espanha é sempre muito complicado. Ele tem muita personalidade, começou muito bem, mas falaram muito dos problemas de sua contratações, de como pode afetá-lo. Mas ele está em um bom nível. Acredito que o que mais gostamos em Barcelona é de futebol e o dia em que ele estiver bem vai ajudar muito.
Jolsep Lago/AFP |
Messi e Neymar comemoram gol do Barça |
A comparação de Neymar com Messi o atrapalha?
Ele tem que entender que Messi é importante na equipe e que todo jogador do Barcelona joga ao redor de Messi, que toda bola vai para Messi. Neymar tem que entender que precisa ajudar nossa equipe e ajudar Messi.
Quem deve ser o craque da Copa? Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo?
Temos que ver como as equipes acompanharão estes jogadores na Copa. Sim, é verdade que Neymar é um jogador maduro para ter responsabilidade, mas quiçá não lhe devem dar tanta responsabilidade.
Você acha que Vicente Del Bosque deve convocar o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa para o ataque da Espanha na Copa?
Susana Vera/Reuters |
Diego Costa joga pela Espanha |
"Tendo a possibilidade e como está rendendo Diego Costa, ele cria uma nova forma de colocar a Espanha para jogar, pois a forma atual já é conhecida. Acredito que Diego Costa é um jogador que tem as condições que podem ajudar a Espanha em circunstância importantes do futebol. Ao final, houve a possibilidade, e a intenção de jogar pela Espanha é justa.
Quem é o favorito para vencer a Copa do Mundo?
Favorito é Brasil, por ser local e ter muitos jogadores com experiência na Europa. O Brasil tem uma grande equipe e um grande treinador. A Espanha vai aspirar [o título]. Vai ser muito parecida como a equipe campeã do mundo. Mas, repito, para mim, o Brasil tem vantagem de jogar em casa.
Você diz que a Espanha vai ser a mesma da última Copa, não há uma renovação?
Acredito que é uma equipe que vai mudar de cara quando terminar este Mundial. Mas os jovens que vem da base já foram campeões da Europa e estão próximos da seleção principal. É difícil alcançar os feitos de uma seleção como esta, mas são bons jogadores. Dizer que vão repetir e ser campeões mundiais são palavras vazias.
Um dos destaques da conquista do título da Eurocopa Sub-21, em 2011, sob o seu comando, foi outro brasileiro com cidadania espanhola, Thiago Alcântara. Ele está pronto para jogar esta Copa como protagonista?
Thiago Alcântara está muito pronto, para mim estará na lista [de convocados]. É um nome preparadíssimo, me surpreendeu a saída dele do Barcelona para o Bayern de Munique. Espero que possa fazer um bom início no Mundial, mas a Copa é longa e acredito que Vicente gosta dessa gente jovem, que mostra personalidade. E ele [Thiago Alcântara] pode ser muito importante.
Nota da redação: o meia Thiago Alcântara sofreu uma lesão no joelho direito no último fim de semana e deve ficar afastado dos campos por até oito semanas.
O repórter Marcel Merguizo viajou a convite da Fundação Laureus
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