Acabou a paciência da Fifa e, por mais que saiba que lhe sairá caro, a entidade se articula para pagar as estruturas provisórias do estádio do Corinthians, cujo custo pode chegar a R$ 60 milhões.

A Fifa se convenceu de que o clube não tem como arcar com a quantia, uma gota no oceano se comparada ao que a entidade calcula lucrar com a Copa no Brasil, cerca de US$ 5 bilhões (R$ 11,4 bilhões).

Diante da evidência de que está num ponto sem retorno, a Fifa deve pagar o que resta para evitar um fiasco de repercussão internacional na abertura da Copa, em 12 de junho.

Por contrato, o Corinthians é o responsável pelo pagamento dessas estruturas –aluguel de cercas, materiais de tecnologia da informação, aparelhos de raio-x das catracas.

Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, está convencido de que Andrés Sanchez, ex-presidente do clube e administrador da obra, prometeu bancar o compromisso apenas para se livrar das cobranças da entidade.

A situação no Comitê Organizador Local (COL), no Rio, é tensa. Seu chefe, Ricardo Trade, atribui os descaminhos dos preparativos ao consultor da Fifa, o norte-americano Jim Brown, contratado a peso de ouro ainda quando Ricardo Teixeira presidia o COL.

O que se vê agora não é diferente do que se viu às vésperas do Pan de 2007, no Rio, quando seus organizadores apelaram ao governo federal para evitar um vexame, e o custo final foi quase dez vezes maior do que o previsto.

Por isso, o governo brasileiro já se prepara para tirar como ensinamento da Copa o que não pode se repetir na Olimpíada-2016.

Os problemas da Fifa não se limitam ao jogo de abertura porque os acordos feitos com o Brasil na área de energia e telecomunicações não estão sendo cumpridos à risca, o que deve levar a entidade a também arcar com seus custos e depois, provavelmente, levar aos tribunais em busca de ressarcimento.

É ruim o clima na HBS (Host Broadcast Services), empresa contratada pela Fifa para cuidar da área de comunicações, com os atrasos nos estádios de SP e RS.

Já não há mais tempo, segundo funcionários da HBS, para a instalação da parafernália necessária para a transmissão ideal de imagens para TV, internet e celular.

É possível que a Oi, patrocinadora da Fifa, que foi acionada na última hora para o sorteio dos grupos da Copa, tenha que salvá-la novamente.

FIFA NEGA

A Fifa e o COL negam que a entidade que comanda o futebol pretenda pagar pelas estruturas provisórias do estádio do Corinthians.

Isso não aconteceria, segundo o COL, porque ficaria evidente o privilégio a uma sede, já que as outras 11 precisaram arcar com os custos.