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A seleção é criação do povo brasileiro, a CBF não é dona dela, diz Wisnik

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Dando sequência à série de sabatinas da Folha sobre Copa do Mundo, o músico, ensaísta e professor de literatura brasileira da USP José Miguel Wisnik, 65, foi o entrevistado da noite desta segunda-feira, no Teatro Folha.

Durante cerca de duas horas, o autor de "Veneno Remédio" -livro sobre o futebol e o imaginário coletivo que o cerca no Brasil-, respondeu às perguntas feitas por Naief Haddad, editor do caderno "Esporte", Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha e mestre em teoria literária, e pelo jornalista e romancista Sérgio Rodrigues, autor do blog "Todo Prosa".

Santista e fã de Neymar, Wisnik continua acompanhando o craque no Barcelona, encantado com o fato de o jogador ter cumprido todas as promessas que se esperavam dele e outras que ninguém imaginava, como sua relação com a vida fora dos gramados.

Mesmo satisfeito com as atuações do atacante no time catalão, o professor de literatura da USP reconhece que os aspectos "tenebrosos" em torno da transação que levou Neymar à Espanha afetaram seu desempenho.

"O modo como ele chegou ao clube, a queda do presidente, o envolvimento do pai e a relação com o Santos o abalaram. Ele torceu o tornozelo e, na volta, perdeu o foco. Mas já está se recuperando", acredita.

Marlene Bergamo/Folhapress
Sabatina da Folha sobre futebol com José Miguel Wisnik
Sabatina da Folha sobre futebol com José Miguel Wisnik

Na opinião de Wisnik, embora o craque tenha tudo para brilhar na Copa, é impossível saber o que irá acontecer dentro do campo. "O fato de Neymar dizer que tem medo é ótimo, pois para elaborar o medo é preciso verbalizá-lo. Mas o futebol é imponderável por natureza, sujeito ao acaso."

Imprevisível também saber qual será o cenário em que se dará o Mundial. Wisnik lembra que, na Copa das Confederações, o futebol serviu de vitrine às insatisfações da população, deu alcance às bandeiras levantadas nos protestos de 2013. Em compensação, reaproximou os brasileiros da seleção.

Na época, a seleção estava desacreditada, "perdida de si mesmo", embora o Brasil vivesse um momento econômico favorável num contexto de crise mundial. Terminada a competição, a equipe nacional havia resgatado sua verdadeira essência.

"A seleção faz parte da cultura do povo. A CBF não é dona dela. A seleção é uma criação coletiva da população brasileira e que ninguém pode tomar para si", diz.

Por outro lado, após a Copa das Confederações, o país parecia entrar em declínio diante das manifestações que escancararam alguns problemas sociais.

Para o ensaísta, a Copa-2014 também não deverá ser tomada por uma euforia que teima em ignorar os abusos, as inconsequências e as contradições vistas no Brasil com a organização de um megaevento como esse. "É um sinal positivo de que a sociedade está atenta."

"O Brasil viverá uma espécie de confronto consigo mesmo. Enfrentará as outras seleções, porém, enfrentará ainda sua própria incapacidade de agir sobre si, de gerir recursos, de administrar."

"Como isso vai acontecer, a dimensão que isso tomará, entretanto, é uma incógnita", pondera.

Sobre o que pode ocorrer dentro de campo, Wisnik evita palpites.

"Não há um favorito evidente. Encaro a Copa como a voz do oráculo. Alguma coisa será dita. Eu quero que o futebol esteja vivo, que o Brasil seja digno de sua história. Ao mesmo tempo, desejo que as inconsequências não passem silenciadas."

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