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A imagem da Copa no Brasil é de senhoras assaltadas no Rio, diz Juvenal

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A principal crítica do presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, 80, à Copa do Mundo no Brasil é a chance perdida de divulgar o país para o restante do mundo.

Em entrevista para a Folha, o cartola disse que o foco da organização e dos críticos foi desviado para a construção dos estádios e para o desempenho da seleção brasileira.

Para ele, o exemplo a ser seguido deveria ser o dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

"A imagem que tínhamos antes daquela Olimpíada é que na China se comia criancinha com faca e garfo", disse.

Ao citar a imagem que o Brasil tem transmitido ao mundo, lembrou o caso ocorrido há uma semana, quando uma senhora foi roubada durante uma entrevista concedida à TV Globo, no Rio de Janeiro. Um adolescente se aproximou e arrancou a corrente da vítima enquanto ela atendia o repórter.

"O que eu sei sobre o Brasil é o que está no jornal, que algumas senhoras foram assaltadas na praia do Rio de Janeiro."

Marlene Bergamo/Folhapress
Juvenal Juvêncio, durante entrevista à Folha
Juvenal Juvêncio, durante entrevista à Folha

*

Qual a expectativa do senhor para a Copa do Mundo?

Acho que a Copa jamais será vitoriosa onde tem de ser. Não é em campo. No campo já ganhamos cinco vezes. Não temos nenhuma novidade para mostrar ao mundo. O que o mundo está ávido é para saber: país, quem és tu? Como é sua governabilidade? Como é sua democracia? Como é seu trabalhador? Como é sua indústria? Como é seu comércio? Como é a sua vida universitária? Como é o ensino básico? Como você trata o meio ambiente? Como é sua rede hospitalar?

Qual deveria ser o caminho adotado?

Não vamos conseguir repetir o que a China mostrou durante uma Olimpíada. Mostrou o país. Algo que ela não conseguiu mostrar em 50 anos, desde Mao Tsé-Tung e Chiang Kai-shek. A imagem que tínhamos antes da Olimpíada é que na China se comia criancinha com faca e garfo. Aí os Jogos apresentaram o Ninho do Pássaro e pensamos: "Que progresso". Ficamos impressionados com o que as televisões nos mostravam sobre a China.

O senhor acredita que seja possível mudar isso?

Há dois grandes eventos esportivos no mundo. A Olimpíada e a Copa do Mundo. É a realização de um deles é o momento de o país se mostrar ao mundo. "Quem é o Brasil?" É o país que quer um lugar no conselho de segurança na ONU, que está na OMC. "Mas quem é você?" O que eu sei sobre o Brasil é o que está no jornal, que algumas senhoras foram assaltadas na praia do Rio de Janeiro. O Brasil é isso?

"O senhor vê o debate caminhar para qual lado?

Esse era o momento do Brasil se mostrar, mas nós estamos nos digladiando que falta cadeira, que falta estádio. E o trabalho que vai dar para colocar uma Angela Merkel em Itaquera. Você multiplica por 200 chefes de Estado. Multiplica por 1.000 grandes organizações, como presidente do Banco Mundial, Banco Central etc. Não tem nem anfitrião para recebê-los. Como você aporta essas pessoas? E a rede hospitalar. Sim, estou falando da Copa do Mundo de futebol. Esqueça por um minuto o resultado no gramado. O Brasil não pode sair diminuído nesse processo ainda que ganhe no gramado.

"Hoje o senhor diz que não estar na Copa foi uma vitória. Por quê?"

As exigências para sediarmos os jogos em São Paulo era de derrubar o Morumbi e fazer um novo estádio. Já o nosso projeto era gastar R$ 200 milhões em reforma. Eu já tinha um estádio com 67 mil lugares disponível. E o problema da mobilidade seria resolvido pela Linha 4-Amarela do Metrô, cuja estação São Paulo já em fase final. Mais o projeto da linha 17-ouro, que está a caminho, e cuja obra eu arrumei R$ 1,80 bilhão na caixa econômica federal para pagar em 35 anos. O [ex-presidente da República] Lula nos ajudou com isso. Mas estava muito difícil aprovar nosso projeto. Eu não tinha apoio da Prefeitura e do Governo do Estado. Queriam fazer um estádio. Não sediar a Copa foi a melhor coisa para o São Paulo porque queriam derrubar o estádio e eu não faria isso. Então, em 2010, quando o Ricardo Teixeira [presidente da CBF e do Comitê Organizador Local] disse que a Copa não seria mais no Morumbi, eu não me senti desejoso, mas me senti vitorioso por estar fora desse processo.

Mas por que o senhor está revelando isto somente no final do seu mandato [fica até o dia 16 de abril]?

É hoje que eu devo falar. Minha função é defender a instituição. Se eu falasse no meio da minha gestão, a Prefeitura e o Governo do Estado parariam as obra do metrô e eu prejudicaria o São Paulo. Hoje não prejudico mais porque vou embora da presidência e as coisas já estão consolidadas. E neste instante falar isso até ajuda a seguir para mostrar que eu estava errado em desejar a Copa. Mas essa situação negativa do futebol eu tenho falado ao longo do tempo. A imprensa não gosta de registrar isso porque não traz emoção. Mas é um fato. Não vamos conseguir sobreviver da forma como está. Os clubes que vão pagar parte do seu orçamento para as melhorias ou feituras dos seus estádios na Copa vão ter impacto no futebol. Vai piorar. A torcida está exaurida no estádio e o futebol está liquidado.

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