A semana foi muito movimentada para os holandeses. Não estamos falando só dos 500 metros de estrada fosforescente que estão em teste na N329 perto de Oss [cidade no sul país]. Ou do Memorando de Entendimento assinado entre Holanda e México pelo qual os dois países assumem o compromisso de trabalhar juntos para a administração do risco de enchentes. Ou mesmo do lobo avistado perto da fronteira holandesa em Nordhorn, Alemanha.

Não: a semana foi movimentada para a seleção holandesa, repleta de lesões, intrigas, altos, baixos e, como sempre acontece com o time nacional, uma dose de desentendimentos internos e um toque sutil de autodestruição.

Primeiro tivemos Johan Cruyff dando um banho de água fria na perspectiva de glória para os Oranje no Brasil, em entrevista ao jornal holandês "Algemeen Dagblad".

"Temos qualidade, mas a maioria dos jogadores é jovem demais. E o sorteio...", ele declarou, cortando o barato. "Se conseguirmos passar da primeira fase já será uma façanha. É essa a realidade de onde nosso futebol está hoje".

Em seguida veio a notícia de que Jetro Willems, o lateral esquerdo reserva da seleção, estava excluído da Copa devido a uma lesão de ligamento sofrida pelo PSV na partida da Eredivisie contra o Feyenoord, no final de semana passado.

"A temporada dele acabou prematuramente, e o foco agora será seu preparo para a próxima temporada", anunciou o PSV em um comunicado com tom de agressão passiva.

A KNVB, federação holandesa de futebol, estava celebrando o anúncio de que os ingressos para as três partidas da seleção do país na fase de grupos estavam esgotados. O que é uma boa notícia para quem gosta de coisas desse tipo (o que, vamos assumir, significa todo mundo, ainda que isso possa causar alguns flashbacks desconfortáveis para Robbie Earle, um ex-jogador jamaicano que se tornou comentarista televisivo, e foi demitido pela rede britânica ITV por dar ingressos da rede a terceiros na Copa do Mundo de 2010).

Mas o principal ponto de interesse era o futuro do superastro da equipe em 2010 e homem esquecido do Galatasaray em 2014, Wesley Sneijder.

Sedat Suna/Efe

O holandês Wesley Sneijder, do Galatasaray, na Liga dos Campeões desta temporada

Louis van Gaal, o treinador holandês cujos recentes preparativos para o certame parecem ter envolvido principalmente o que ele pretende fazer depois dele, deu o pontapé inicial ao criticar o ex-capitão da seleção em entrevista ao jornal "NRC". Ele deu a entender que a contribuição costumeira de Sneijder tende a ser um passe razoavelmente decente por jogo.

"E se aquele passe não acontecer?", ele questionou. "Dizemos, 'nossa, que pena para o time da Holanda'? Nesse caso nossas chances de eliminação na fase de grupos são bem grandes. Um jogador precisa produzir em seu clube, semana após semana. Se ele não produz no clube, não produzirá na seleção nacional. Sneijder jogará até a metade de maio na Turquia, e por isso vou esperar para ver. Não é preciso decidir [sobre a convocação] até lá".

E, como costuma acontecer, Arjen Robben também deu seu pitaco. "Ele é um jogador com aquele toque de classe a mais, e precisamos disso na Copa do Mundo. Sou fã de Wesley", ele palpitou. "Conheço Wesley melhor do que ninguém. Ele talvez não esteja vivendo seu melhor momento. Mas, quando está em forma, é um jogador de excepcional qualidade. No final, a decisão cabe a uma pessoa só... e é o técnico".

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FRASE DA SEMANA
"Toda essa barulheira e controvérsia sobre o orçamento da Copa do Mundo foi criada por [jornalistas] malvados que deveriam saber melhor e estão conscientes da verdade real, mas não contam as coisas como são, porque se você não é doente da cabeça e não é maluco não falaria sobre números inflacionados no orçamento. Como pode uma pessoa em seu juízo perfeito publicar a alegação de que a Associação de Futebol de Gana inflacionou os números que estamos enviando ao ministro e ao chefe da Casa Civil?"
O presidente da federação ganesa, Kwesi Nyantakyi, contra-ataca diante das alegações de que seu país reservou um orçamento de US$ 20 milhões [cerca de R$ 45 milhões] para o torneio.

NOTAS E NOVIDADES
O treinador italiano Cesare Prandelli advertiu que jogadores não serão considerados para a Copa se forem expulsos de campo ou se flagrados em mau comportamento nas partidas finais de seus clubes na temporada. "Estou cansado de certo tipo de comportamento", ele suspirou.

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Marc Wilmots acaba de renovar por quatro anos como treinador da Bélgica, o que o conduzirá até a Copa de 2018 na Rússia. "Estou deliciado pela garantia de continuidade, qualidade, paixão e liderança", cuspiu para cima Steve Martens, o presidente da federação belga.

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O diretor esportivo do México, Ricardo Peláez, é o mais recente cartola a ser questionado se os jogadores de sua seleção poderão fazer $exo durante o torneio. Poderão, "desde que não uns com os outros", ele respondeu, enquanto os presentes se esforçavam para compreender o grunhido.

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"Se houver unanimidade, estou morto. Acordo unânime sobre os 23 escolhidos? Nem Jesus Cristo conseguiria isso". Felipão Scolari não espera que seus 23 convocados para a equipe brasileira contentem a todos.

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E os planos de Carlos Queiroz para três semanas de treinamento com a seleção iraniana na África do Sul terminaram parcialmente torpedeados. O ex-assistente-técnico do Manchester United anunciou 28 convocados no sábado, mas de acordo com a agência de notícias Tasnim só 11 deles poderão participar do treinamento prévio devido a compromissos na Copa Asiática de clubes.

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O atacante colombiano Radamel Falcao Garcia diz que não abandonou as esperanças de jogar a Copa apesar de seus problemas no ligamento anterior cruzado. "Há muitos dias entre agora e a final", ele pensou positivamente.

Tradução de PAULO MIGLIACCI