CBF blinda entrada de líderes religiosos na Granja Comary
Desde a Copa de 1990, pelo menos, as concentrações da seleção brasileira foram redutos de cultos e orações de jogadores e comissão técnica.
Entre os Mundiais de 2002 e 2010 até um pastor frequentou os locais de preparação do time nacional. Mas, nesta Copa, a seleção brasileira se afastou da religiosidade.
A Granja Comary está blindada de líderes religiosos e não foi sede de nenhum culto ou de oração conjunta.
O cenário de 2014 é bem diferente do das Copas anteriores.
Segundo o coordenador técnico da CBF Carlos Alberto Parreira, a religiosidade está tão afastada desta seleção brasileira que a comissão técnica nem sequer sabe a religião de seus jogadores.
Na primeira semana de preparação para a Copa, a CBF recebeu a informação sobre um pastor que havia rondado a Granja Comary, tentando entrar no QG da seleção para realizar cultos com os atletas.
Trata-se de Anselmo Alves, pastor evangélico que esteve nas três últimas Copas. Ele foi ao Mundial da Ásia, da Alemanha e da África do Sul para fazer reuniões com jogadores como Lúcio, Kaká e, em 2010, até com Jorginho, auxiliar-técnico de Dunga, então treinador da seleção.
Anselmo, entretanto, não conseguiu se encontrar com os jogadores da seleção de Neymar e companhia.
Alguns atletas do time nacional são religiosos, mas optaram por não carregar para esta Copa a tradição que vem desde o Mundial da Itália, quando Alex Dias Ribeiro, ex-piloto de F-1 e membro dos Atletas de Cristo, se aproximou da seleção para orar. Alex foi também às três Copas seguintes.
Em 1994, houve até pedido do capitão Dunga para que a equipe ficasse afastada dos cultos religiosos. Desta vez, não há qualquer tipo de restrição de jogadores e da comissão técnica a reuniões para orações. O distanciamento dos atletas dos cultos é tratado como natural.
Jogadores como Fred, Neymar e Paulinho são religiosos. Eles optam, porém, por se reunir para outros tipos de atividade como para jogar video-game e para tocar pagode.
VETO DA FIFA À RELIGIOSIDADE
A Fifa proíbe manifestações religiosas durante jogos desde a Copa do Mundo de 2010. O alvo são as comemorações dos jogadores, mas principalmente as camisas –quando os jogadores levantam o uniforme oficial e há mensagens por baixo.
Caso um jogador não respeite a regra, ele pode ser multado, com valor variável, e até suspenso.
Para o Mundial deste ano, a Fifa também proíbe qualquer manifestação publicitária. Os árbitros também estão orientados a, se notarem esses tipos de atitudes durante o jogo, puni-los já durante a partida.
A CBF está atenta à possibilidade de perder atletas e o tema foi discutido na palestra sobre arbitragem realizada na sexta-feira (30) na Granja Comary pelo ex-árbitro Arnaldo César Coelho.
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