A Iugoslávia morreu 24 anos atrás, mas a nostalgia pelo antigo Estado ainda não está morta. Muita gente continua a recordá-lo, e especialmente sua seleção de futebol, que enfrentou o Brasil na Copa de 1974, na Alemanha, e chegou muito perto de uma vitória. O jogo terminou empatado em zero a zero, porém. Mesmo hoje, antes das copas do Mundo e da Europa, os nostálgicos do futebol montam seleções do país que já não existe. Acreditam que uma seleção formada pela defesa da Sérvia ((Ivanovic - Chelsea, Subotic - Borussia Dortmund), pelos meio-campistas da Croácia (Luka Modric - Real Madrid, Ivan Rakitic - Barcelona), e por um atacante bósnio (Dzeko - Manchester City) poderia disputar o título mundial.

A Iugoslávia morreu em uma guerra sangrenta, e dos seis países que conquistaram a independência depois dela, apenas a Croácia e a Bósnia-Herzegóvina se classificaram para a Copa do Brasil. A Croácia é um pequeno país centro-europeu com 4,5 milhões de habitantes, na costa do Mar Adriático, e remonta à era do Império Romano. Sua arquitetura distintiva, em cidades como Dubrovnik, Split e Zadar, atrai milhões de turistas.

A Croácia também é um país de grandes tradições esportivas, das quais ela muito se orgulha. Além dos futebolistas que ficaram com o terceiro lugar na Copa do Mundo da França em 1998, a Croácia tem um tenista vencedor em Wimbledon (Goran Ivanisevic), a esquiadora Janica Kostelic, e o time de handebol que conquistou duas medalhas de ouro olímpicas em Atlanta, 1996, e Atenas, 2004. Há também jogadores de basquete como Drazen Petrovic, morto em 1993, e Toni Kukoc, que jogaram na NBA, mas os nomes que mais ecoam são os de Davor Suker, Zvonimir Boban e Robert Prosinecki, que jogaram no Real Madrid e no Milan. Hoje, a Croácia se orgulha de Luka Modric, vencedor da Champions League deste ano, e Ivan Rakitic, que acaba de assinar com o Barcelona.

A Croácia se classificou para a Copa de modo muito turbulento, derrotando a "velha inimiga" Sérvia por dois a zero e a Islândia pelo mesmo placar na repescagem. O último jogo foi muito dramático, e na verdade constituiu uma vitória de Pirro. Não em termos do resultado, mas por causa do estúpido cartão vermelho recebido por um dos melhores jogadores da seleção, Mario Mandzukic, que por isso ficará fora da estreia da equipe na Copa. Foi um erro claramente imperdoável e uma perda irreparável para a equipe croata. O mesmo jogo custou suspensão de 10 partidas a Joe Simunic por usar a saudação nazista ("Za dom - spremni!", em croata, significando literalmente, "pela pátria - pronto!").

O jovem técnico da seleção croata, Niko Kovac se viu, portanto, em grandes dificuldades, mas os croatas têm fé em seu espírito alemão (ele nasceu em Berlim) e, a despeito de sua inexperiência (o jogo contra o Brasil será o sexto de sua carreira como treinador), ele conta com a simpatia de todos, ao contrário do treinador anterior, Igor Stimac, odiado pelos torcedores.

Dois brasileiros, Eduardo da Silva e Sammir, que cresceram e ganharam renome no futebol defendendo o Dinamo Zagreb, são parte da seleção croata. Embora Eduardo da Silva seja adorado pelos torcedores, o mesmo não pode ser dito sobre Sammir, criticado por sua vida pessoal nada atlética.

A Croácia chegou ao Brasil em 3/6. Os jogadores fizeram um amistoso de preparação contra a Austrália em El Salvador (vitória por um a zero), mas o treinador ainda não decidiu a escalação do time que enfrentará o Brasil. Há muita preocupação porque a seleção perdeu seus dois laterais esquerdos (Strinic e Pranjic estão lesionados) e agora a posição terá de ser coberta por Sime Vrsaljko, que é lateral direito de origem. A seleção tampouco contará com seu melhor atacante, Mario Mandzukic. A expectativa é de que Niko Kovac jogue no 4-1-4-1, com Pletikosa - Srna, Corluka, Lovren, Vrsaljko - Brozovic - Rakitic, Modric, Kovacic, Perisic - Olic.

Os croatas se orgulham de seus meio-campistas, que veem como os melhores do mundo. Acreditam no veterano atacante Ivica Olic, e imaginam que o fator surpresa possa ser o jovem médio-volante Marcelo Brozovic.

"O Brasil precisa vencer, a Croácia só precisa lutar", disse Kovac, que vê o Brasil como grande favorito para a Copa e acredita que a Croácia precise buscar sua chance nas partidas contra o México e Camarões. Não é uma missão impossível!

Tradução de PAULO MIGLIACCI

	Editoria de Arte/Folhapress