Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu

O italiano: "A Itália tem a Copa do Mundo em seu DNA"

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Brasil: 200 milhões de habitantes e cinco títulos mundiais. Itália: 60 milhões de habitantes e quatro títulos mundiais. Mas atenção: a Itália saiu derrotada pelo Brasil em duas finais de Copa (na Cidade do México em 1970 e em Los Angeles em 1994). Não há o que questionar na vitória decisiva de Pelé e seus companheiros (por quatro a um) no México, mas nos Estados Unidos a derrota da Azzurra só veio nos pênaltis, depois de 120 minutos de perfeito equilíbrio.

Uma gotinha a mais de sorte da marca do pênalti e seria a Itália que poderia ostentar cinco estrelas no peito hoje, "arrancando" uma das estrelas brasileiras. E além disso a Itália é a única seleção do mundo a ter sido eliminada de três Copas consecutivas pela maldição dos pênaltis: em Nápoles, em 1990, contra a Argentina de Maradona; na final contra o Brasil quatro anos mais tarde, como já dissemos; e por fim, outros quatro anos adiante, nas quartas de final, pela França, que se tornaria campeã. Em Saint-Denis, Baggio fez tremer os "Bleus", os quais, depois de consagrados campeões, disseram que o adversário contra o qual haviam corrido mais riscos, e até encarado uma forte possibilidade de eliminação, havia sido a Itália de Cesare Maldini. O Brasil, despachado com um sonoro três a zero na final, nem entrou na lista.

Uma premissa para explicar de que forma a Itália tem a Copa do Mundo como parte de seu DNA. Para a Azzurra, mais do que para qualquer outra seleção, revela a mágica história das Copas do Mundo, vale uma regra férrea: se ela começa o torneio sob críticas, desfavorecida nos prognósticos, como simples azarão e abalada por polêmicas, faz sentido termos esperanças de que se sairá bem na disputa e irá longe.

O ano 1982 foi o da Copa da Espanha e o do primeiro grande escândalo do calcio. Paolo Rossi estava retornando ao time depois de uma longa suspensão por haver "ajustado" os resultados de algumas partidas. Moral da história: depois de uma péssima fase inicial, com empates contra Polônia, Peru e Camarões, a Azzurra engrenou nas quartas de final e começou a vencer até a conquista de seu terceiro título mundial.

Saltemos a 2006, história recente. O enésimo escândalo do calcio, Juve rebaixada à série B apesar do scudetto conquistado em campanha recorde pelos alvinegros comandados por Fabio Cappello, o Milan penalizado em 30 pontos, Luciano Moggi excluído do esporte (milhares de registros telefônicos confirmavam seus "contatos" com envolvidos na manipulação de resultados, entre os dirigentes e entre os árbitros). Na Alemanha, a Azzurra começou a Copa em clima de medo e, no entanto, uma vez mais terminou com a medalha de ouro no pescoço e a Copa voando para Roma.

E concluímos com o mundial passado, na África do Sul: Itália entre as favoritas, por conta do título conquistado quatro anos antes e do retorno de Marcello Lippi como técnico. Clima de grande euforia, entusiasmo absurdo, cenas de delírio. Moral da história? Lippi, teimoso e turrão, continuou a confiar na velha guarda e foi castigado: caímos, entre vaias, insultos e controvérsias, ainda antes do final da primeira fase. Não conseguimos nem empatar com a "cinderela" Eslováquia. Uma mancha na gloriosa história do futebol italiano —como a eliminação diante da Coreia do Norte na Copa da Inglaterra, em 1966.

Desta vez, porém, ninguém aqui no Brasil acredita que a Itália tenha qualquer chance de sucesso. A começar pelos bookmakers. Os times mais cotados são Brasil, Argentina, Espanha, Holanda, até mesmo azarões como Colômbia e Bélgica, enquanto a Itália fica lá embaixo nas listas de probabilidades dos apostadores. E a Azzurra, assim, não está sob a luz dos refletores e sabe que, na sombra, pode crescer sem causar medo a todos. Sábado acontece o primeiro teste sério, contra a Inglaterra, na Amazônia. Prandelli está pronto. O único problema é a lesão do promissor De Sciglio, lateral do Milan, uma espécie de Marcelo em versão italiana.

Agora o treinador italiano precisará decidir se joga com quatro homens na defesa, escalando Abate (que pouco brilhou nos últimos amistosos) como lateral direito e Chiellini em sua posição de origem, a lateral esquerda (ainda que ele a tenha abandonado há muito tempo).

Existe uma outra solução, talvez a melhor, que Prandelli está avaliando. Envolveria jogar com três zagueiros (como fez a Juventus em três conquistas consecutivas do título italiano), escalando Bonnucci, Barzagli e Chiellini na defesa, cinco homens no meio de campo e dois atacantes abertos.

A escolha talvez seja muito arriscada, mas poderia ser devastadora para os ingleses. Por enquanto, uma coisa é certa: além dos três defensores italianos citados acima e do goleiraço Gigi Buffon, no meio de campo De Rossi (como médio-volante) tem vaga garantida; Candreva e Marchisio jogarão cobrindo as laterais, e teremos a novidade de uma dupla de meias: Verratti em companhia do grande maestro Pirlo. No ataque, Balotelli. O Super Mario pode se ver acompanhado pelo artilheiro da Série A, Ciro Immobile, que acaba de assinar contrato com o Borussia Dortmund. Ou a primeira mudança será no ataque caso o treinador opte por jogar com quatro homens na defesa.

Da Espanha, onde está de férias, o ex-treinador Marcello Lippi desejou sorte à Azzurra. "Há um ar de 2006. Vocês podem ganhara Copa". E depois brincou, ao seu modo, com uma expressão de gíria florentina: "Un po' di pepe nel sedere fa sempre bene e ti fa viaggiare spedito" ["Um pouco de pimenta no traseiro sempre faz bem e te faz viajar mais rápido"].

Um dos jogadores que terminaram cortados da seleção, o ítalo-argentino Pablo Daniel Osvaldo, expressou seus votos de boa sorte aos antigos companheiros da Azzurra com uma mensagem polêmica no Twitter: "Espero que a Itália vença o Mundial! Força, rapaziada! Já eu estou feliz por não fazer parte dessa farsa —estou me referindo ao pênalti inexistente com que o Brasil foi presenteado diante da Croácia".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Editoria de Arte/Folhapress
Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade

Siga a folha

Publicidade

+ Livraria

Livraria da Folha

Jogo Roubado
Brett Forrest
De:
Por:
Comprar
Festa Brasil (DVD)
Vários
De:
Por:
Comprar
The Yellow Book
Toriba Editora
De:
Por:
Comprar
Futebol Objeto das Ciências Humanas
Flávio de Campos (Org.), Daniela A.
De:
Por:
Comprar
Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página