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'Estamos dominados pela febre brasileira', diz Schweinsteiger

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Ao menos no começo do torneio, o mundo não verá um dos craques da Copa em sua melhor forma. Talento do meio-campo da Alemanha, o volante Bastian Schweinsteiger disse, em entrevista à Folha, que ainda não está 100% recuperado de uma contusão no joelho que o afastou dos gramados no último mês –na temporada passada, teve também uma lesão no tornozelo.

O atleta do Bayern de Munique afirmou, porém, que se recupera bem e estará pronto para a estreia contra Portugal, nesta segunda, às 13h, em Salvador.

No último jogo de que participou, um amistoso no dia 6 contra a Armênia vencido pelos alemães por 6 a 1, Schweinsteiger entrou no segundo tempo.

A entrevista foi feita na última sexta (13), antes de um episódio cujo desfecho ainda é incerto: durante treino no sábado (14), o jogador levou uma pancada no pé e foi levado de helicóptero para Eunápolis, cidade próxima à concentração do time na Bahia, para realizar exames. Um site de Eunápolis revelou a operação secreta, confirmada em seguida pela federação alemã de futebol.

Neste domingo (15), a entidade afirmou, porém, que o exame foi realizado por determinação da Fifa, para saber da real condição do jogador às vésperas da Copa. Segundo essa versão, a precaução se dá por razões econômicas, para definir quem é o responsável por pagar o seguro que protege os atletas: caso surja uma nova lesão às vésperas ou durante o Mundial, a Fifa tem de indenizar os clubes.

Meio cérebro, meio motor da Alemanha e do Bayern, no Brasil o volante de 29 anos tem se revelado um dos mais simpáticos jogadores da delegação, especialmente depois que surgiu num vídeo, gravado na vila praiana de Santo André (onde está o QG do time, na BA), ao lado do goleiro Neur, cantando o hino do Bahia e vestido com a camisa do clube.

Veja vídeo ?

Também fez festa com os índios pataxó num treino e foi um dos jogadores que bateram uma pelada com garotos pobres numa escola municipal de Santo André.

"Estamos todos dominados pela 'febre brasileira'", disse ele, em entrevista via email –por solicitação da federação alemã de futebol.

"Sinto-me completamente em casa aqui."

*

FOLHA - Você integra uma "geração de ouro" do futebol alemão que, no entanto, nunca ganhou um título de peso. Acha que chegou a hora de vocês? Não ser campeão no Brasil será uma frustração?

Bastian Schweinsteiger - Você deve separar as coisas: na última temporada, pelo Bayern de Munique, ganhamos a Liga dos Campeões, a Bundesliga [Campeonato Alemão], a Copa da Alemanha e o Mundial de Clubes da Fifa. Então MOSTRAMOS SIM que essa geração é capaz de conquistar grandes títulos. Agora, como jogadores da seleção alemã, temos de fazer o mesmo. Toda grande potência futebolística ficará desapontada se não vencer a Copa, isso vale tanto para a Alemanha quanto para o Brasil ou a Espanha. Mas só um time fica com o troféu, e essa é a beleza da coisa.

Quais são os favoritos ao título? E quem pode ser a surpresa? E entre os jogadores, quais suas apostas para craque e revelação?

Como anfitrião, o Brasil é o favorito. Queremos, porém, ser bons visitantes e mostrar nossa melhor forma. A Espanha é a campeã –um time que merece respeito em qualquer situação [a entrevista foi realizada antes da goleada sofrida para a Holanda].

A Bélgica está em processo de construção de um grande time e claramente tem "potencial de azarão", a questão é: eles são bons o bastante para serem a surpresa? E não vamos esquecer dos outros sul-americanos, que darão tudo de si jogando em sua região.

Definitivamente Neymar tem tudo para se tornar a estrela absoluta do torneio. Os dois gols na estreia falam por si. Na Alemanha, acho que Mario Götze pode se destacar num elenco que é muito bom. Ele tem apenas 21 anos, mas é tecnicamente brilhante e muito maduro para sua idade.

Você tem 29 anos. Acha que será sua última Copa?

Não dá para prever. Veja o italiano Andrea Pirlo, que tem 35 anos e está forte como nunca, trazendo uma qualidade incrível ao seu time. A experiência conta muito no futebol. Se a Alemanha precisar de mim daqui a quatro anos, estarei lá.

Por causa de lesões no tornozelo e no joelho, havia dúvidas sobre sua participação na Copa. Você está 100% pronto para jogar? Vai começar a partida contra Portugal?

Estou indo bem e feliz por conseguir fazer treinos completos, sem limitações. Para ser sincero, ainda não estou 100%, mas até segunda-feira há tempo bastante [a entrevista foi realizada na sexta]. Seja qual for a decisão do técnico, sempre o apoiarei.

A seleção alemã possui vários meio-campistas com características ofensivas. Como é possível ter num mesmo time tantos jogadores com habilidades semelhantes?

Graças a Deus que não sou o técnico! A qualidade-chave necessária do futebol atual é a flexibilidade. Ela será importante para implementarmos o esquema de jogo do técnico, com todos indo à frente criar chances de gol, mas também voltando para marcar se for necessário. E se, além disso, todos em campo são bons jogadores prontos para trabalhar duro e serem disciplinados –bem, tanto melhor. Mas o time sempre vem primeiro, e os indivíduos depois.

Alguns o definem como o motor dos times em que joga, outros o classificam como o cérebro. Você se considera mais motor ou mais cérebro?

Na verdade, acho que as duas expressões significam mais ou menos o mesmo e me sinto honrado que se refiram a mim nesses termos. No centro do campo, você tem várias opções para exercer certa influência num jogo, tornando o jogo mais rápido ou mais lento e auxiliando seus colegas na marcação. Por isso, é que, se você joga em minha posição, está mais no foco, as pessoas te notam mais. Isto posto, sem seu time, você não é nada.

Os alemães têm uma imagem de sisudos, mas certas atitudes suas e de seus colegas no Brasil revelam um comportamento diferente. Essa imagem alemã é um mito? Quais são os jogadores mais "brasileiros" da Alemanha?

Acho que todos sabemos que a vida tem nos tratado bem. Temos muitas razões para estar felizes e adoramos mostrar nossa alegria para os outros –junto com nosso amigo Dante, por exemplo, que nos ensinou um pouco do jeito brasileiro de viver. Não acho que eu possa apontar um colega específico. Estamos todos dominados pela "febre brasileira".

Como se sente no Brasil e na Bahia? Imaginava que seria assim? Como viu as queixas de moradores da vila de Santo André quanto aos transtornos causados pela construção do Campo Bahia [o QG do time]?

É minha primeira vez no Brasil e tenho amado cada minuto. Pelo que vi e vivi até agora, posso dizer que é um grande país, com um povo maravilhoso. Sinto-me completamente em casa aqui. Seria ótimo podermos conhecer o máximo possível de estádios e lugares. Quando parar de jogar, certamente voltarei como turista para aprender mais.

O que você conhece sobre o Brasil e a cultura do país?

Fiquei surpreso em saber que o Brasil tem 200 milhões de habitantes e que há um grande percentual de pessoas com raízes africanas. O resultado é um mix perfeito –todo mundo tem ritmo e música nas veias. Diria que os brasileiros são um exemplo, com sua alegria, positividade e amor pela vida. E, pelo que ouvi, a economia brasileira também está se fortalecendo já faz algum tempo –uma combinação excelente.

Como surgiu a brincadeira de você e Neuer vestirem a camisa do Bahia e cantarem o hino do clube? E como viu a repercussão disso por aqui?

Queríamos vestir a camisa do time para que Dante torce e enviar um vídeo para ele. Conquistamos vários troféus juntos e somos amigos, apesar de estarmos competindo em lados diferentes nessa Copa. Essa é a mensagem que queríamos que ele recebesse e estamos encantados (e um pouco surpresos) que a mídia e as pessoas no Brasil reagiram tão positivamente.

Você sempre jogou por um único time, o Bayern. Não tem o desejo de jogar em outras grandes equipe pelo mundo? Poderá algum dia vir jogar no Brasil –no Bahia, por exemplo?

É verdade –para mim, o objetivo maior sempre foi ganhar a Liga dos Campeões com o Bayern. O clube sempre confiou em mim, e eu queria devolver a ele e à nossa torcida essa confiança, ainda que ao longo dos anos tenha havido uma série de propostas tentadoras de outras grandes equipes europeias. Não queria falhar com eles. Para o futuro, tenho mais dois anos de contrato e vejamos o que ocorrerá depois. Se voltarei à Bahia? Bem, como disse, como turista certamente. Como jogador? Não dá para dizer, mas, em futebol, tudo pode acontecer.

Você foi na adolescência um esquiador talentoso. Por que escolheu o futebol em vez do esqui na neve? Ainda esquia?

Isso. O melhor esquiador alemão, Felix Neureuther, foi meu colega na seleção alemã júnior de esqui. Escolhi o futebol porque prefiro praticar esporte em clima quente e com menos equipamento para carregar por aí. De vez em quando ainda esquio, mas tenho de tomar muito cuidado –afinal, minhas pernas são minha ferramenta de trabalho e meu ganha-pão, tenho de cuidar bem delas.

No começo de sua carreira, você era um jogador meio "da pesada". É verdade que a chanceler Angela Merkel te deu alguns conselhos sobre isso? Considera-se mais maduro hoje?

Na carreira de qualquer jogador jovem, chega um momento que é preciso decidir: quero continuar como uma promessa eterna ou virar realmente um grande jogador? Decidi escolher a segunda opção e ganhar o máximo possível de títulos com meu time –e funcionou muito bem. Tenho um grande apreço pela Sra. Merkel, mas, quando conversamos, foi sobre futebol, não sobre estratégias de relações públicas! E me chamar de "da pesada" é um exagero –meus pequenos deslizes foram bem menos graves do que o pintado pela mídia. Obviamente, cresci e virei alguém maduro e responsável. E teria sido ruim se não fosse assim, não teria?

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