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A sul-coreana: "Estou pronta, Brasil"

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Minha viagem ao Brasil começou pela música.

Quando ouvi pela primeira vez Caetano Veloso declarar "que tudo mais vá pro inferno, meu bem", a letra dele para "Tropicália" refletia o sentimento da minha vida naquela época, como uma jovem estressada e rebelde batalhando para terminar a universidade. Mesmo que eu não compreendesse o contexto do resto da letra, busquei sentido nessas palavras, e me apeguei a elas por anos.

Depois, em companhia de Veloso, outros artistas lendários sobre os quais aprendi em uma aula de música brasileira, de Tom Jobim a Gal Costa, de Seu Jorge a Chico César, também tiveram muito a me dizer. Tropicalismo, samba, bossa nova —eu amava tudo isso. Mas, acima de tudo, a paixão de meu professor pelo país é que era contagiante. "Tudo bom? Tudo bem?", o professor nos fazia repetir com ele a cada dia. Tendo nascido e crescido nos Estados Unidos, ele não era brasileiro de nascença, mas a década que viveu no Brasil havia feito dele um brasileiro adotivo muito orgulhoso de sua segunda terra.

Adotei não só sua coleção de música, mas de alguma forma sua curiosidade pelo país, e decidi que não pararia de viajar até chegar lá. Busquei constantemente maneiras de chegar ao Brasil, e em certo momento aceitei um estágio no Chile como parte de um esforço para passar pela terra do samba no meu caminho de volta aos Estados Unidos. (Por fim, não consegui chegar ao Brasil, mas não me arrependo, porque Santiago se tornou meu segundo lar.)

Desde então, visitei muitos lugares ótimos em todo o mundo, da Europa à África, e o destino me conduziu à Coreia do Sul pelos últimos cinco anos. Mas jamais abandonei meu objetivo original.

Muitos anos depois de ouvir Caetano Veloso pela primeira vez, minha viagem ao Brasil enfim culminou nessa ocasião. Logo que descobri que a Copa do Mundo seria sediada pelo país do futebol, cujos jogadores me inspiraram desde que comecei a assistir a Kaká e Ronaldinho, aos 12 anos, prometi que largaria tudo e viria. ("Que tudo mais vá pro inferno", como Veloso diria.)

Felizmente, meu chefe me encorajou a fazer a viagem de um mês sem exigir que eu me demitisse antes de partir para uma reportagem dessa duração. Como jornalista de esportes e negócios em Seul, jamais pensei que chegaria ao Brasil via Ásia, mas aqui estou.

Agora que enfim cheguei, queria ver se todas as coisas que me contaram sobre o país eram verdade: um povo gregário, de generosidade incomparável e apreciador de prazeres simples como jogar futebol na praia ou fazer churrasco no quintal com os amigos. Comidas saborosas, como as coxinhas. Uma beleza natural sem paralelo, que só existe nas áreas intocadas do Brasil. Uma variedade eclética de culturas, de São Paulo a Salvador. Uma cidade vibrante no Rio de Janeiro, onde dia e noite se combinam em uma mistura louca de samba e caipirinha. E aparentemente acima de tudo, um amor incomparável pelo belo jogo do futebol.

Embora esses possam ser estereótipos sobre o país, espero experimentar um gostinho do resto. Não quero que minha curta estadia aqui me mude tanto quanto mudou meu professor na universidade, mas até agora fui recebida de braços muito abertos. Vim com a mente igualmente aberta para experimentar tudo que este país tem a oferecer.
Estou pronta, Brasil.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Editoria de Arte/Folhapress
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