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O russo: "Razão ou coragem"

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O que é mais importante? A maneira de jogar ou o resultado?

A discussão sobre esse tópico começou entre os adeptos do futebol na Rússia logo que o juiz alemão Felix Brych soprou o apito final no Maracanã depois da derrota de nossa equipe diante da Bélgica.

Um empate com a Coreia do Sul, uma derrota no segundo jogo e sentimentos bem desanimadores agora —não era essa a colheita com que sonhávamos duas semanas atrás.

Além do saldo negativo de um gol e do título extraoficial de seleção mais chata do torneio —em companhia do Irã e... eu ia dizer Grécia, mas me contive: afinal, marcando gols decisivos nos acréscimos e indo às oitavas, esses caras "não' são tediosos.

Além disso, todo russo estaria muito feliz se nos últimos dez anos tivéssemos obtido resultados internacionais parecidos com os da Grécia. Mas deixemos esse assunto para outro dia —de volta à Rússia, agora.

Por enquanto, existem duas opiniões opostas em nosso país sobre o que acontecerá com a seleção aqui no Brasil. Um lado apoia o estilo nada requintado de Capello como única opção, tendo em vista os jogadores de que ele dispõe. Outro recorda os "bons e velhos tempo" do alegre futebol em estilo holandês de Guus Hiddink, que nos conduziu às semifinais da Eurocopa 2008.

Em outras palavras: a razão está discutindo com a coragem, e só depois da terceira partida da fase de grupos saberemos quem estava certo.

Fica evidente que a Rússia jogou contra a Bélgica considerando que um zero a zero seria aceitável. Nossa defesa foi bem sólida, o meio de campo não cometeu muitos erros, os atacantes tentaram encontrar oportunidades (e até tivemos uma excelente), e com isso o plano estava funcionando. Mas não tivemos nem um vislumbre de futebol interessante, nem uma piscada de inteligência ou arte. Apesar do potencial para isso.

A Rússia não jogou pior que a Bélgica, mas não contava com tantos talentos individuais. Isso resultou em uma boa jogada de Hazard e em seu cruzamento preciso. Depois daquilo, todos os 88 minutos de trabalho duro e rotina da seleção russa perderam o sentido.

Se nossa equipe tivesse atacado mais, talvez a reação depois do jogo tivesse sido diferente. Não tão áspera, ao menos.

Ao mesmo tempo, a alegação de que de outra forma poderíamos ter perdido por 3 a 0 também soa bastante racional.

Existe muita especulação sobre a escalação que Capello escolherá. Sem querer entrar demais na cozinha russa, vou me limitar a dizer que três líderes naturais —Dzagoev, o meio-campista mais habilidoso do time; Denisov, vencedor da Copa da Uefa e da Supercopa; e Kerzhakov, o maior goleador da seleção— estão no banco.

Ninguém sabe a verdadeira razão, mas se diz que é por que os três são individualistas demais para o modelo que Capello prefere. Eles não conseguem respeitar o plano de jogo, e o momento deles só vem quando o plano fracassa. Como aconteceu depois dos gols da Coreia do Sul e da Bélgica.

Todo mundo compreende que contra a Argélia precisaremos tanto de criatividade quanto de líderes em campo. A Rússia precisa da vitória. Como vai obtê-la? Ninguém sabe. Mas aposto que a equipe terá de compreender que o futebol não é só esforço, mas também é jogar bonito. Se não compreendermos essa mensagem, voltaremos para casa. E isso seria uma grande vergonha para o time e, pessoalmente, para Fabio Capello.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Editoria de Arte/Folhapress
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