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O alemão: "O jogo-chave"

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A pergunta, transmitida ao vivo pela televisão alemã, dura apenas 24 segundos e reflete a preocupação de uma nação inteira. No início, o entrevistador relembra a estreia contra Portugal, com um empolgante 4 a 0 em Salvador, e a animação na Alemanha. Mas aí sua voz fica mais séria. O assunto passa a ser o empate em 2 a 2 contra Gana, em Fortaleza. A decepção e as dúvidas repentinas. Enfim, vem a questão: em que estágio a seleção alemã se encontra antes da partida contra os Estados Unidos, na quinta-feira (26/6), às 13h, a última da fase de grupos?

"Nós estamos no caminho certo", responde o coordenador da seleção Oliver Bierhoff. Ponto.

Mas Bierhoff é um homem educado. Por isso, o ex-atacante da seleção não encerra a resposta apenas nessas cinco palavras. Antes de partir com a equipe de Porto Seguro para Recife, na noite de terça (24/6), ele diz ainda que a pergunta o faz rir. E de fato sorri. "Este é o meu décimo torneio. De alguma maneira as histórias sempre se repetem", afirma. O time vence o primeiro jogo de maneira soberana. E, por todos os lados, só se vê euforia. "Após apenas um jogo", ressalta Bierhoff, sorrindo. "Aí nós jogamos nossa segunda partida, não somos tão fortes e acabamos com um empate." De uma hora para outra, tudo fica negativo. "Mas isso não nos inquieta de forma alguma", esclarece. "Nós ainda podemos terminar em primeiro lugar. E ainda podemos nos tornar campeões."

Ele obviamente tem razão: a situação que a seleção alemã enfrenta antes do último jogo da fase de grupos não é nova. Em 2010, na África do Sul, o time de Löw também brilhou no primeiro jogo, marcando 4 a 0 sobre a Austrália; decepcionou na segunda partida, com uma derrota por 1 a 0 para a Sérvia; e precisou ganhar a terceira, contra Gana (1 a 0). Com exceção do mundial disputado em casa, em 2006, essa sequência tem se repetido em todas as Copas desde 1994: o primeiro jogo com vitória, o segundo sem e o terceiro marcado pela pressão sobre a equipe. E, mesmo que a probabilidade matemática de uma eliminação precoce contra os Estados Unidos seja escassa, a partida pode de fato ter um caráter decisivo para o restante do torneio. Para a Alemanha, trata-se de um jogo-chave.

Os culpados disso são principalmente os jogadores-chave de Löw: o volante Philipp Lahm e o meia-armador Mesut Özil. Se a Alemanha de fato quer se tornar campeã, são justamente esses dois os que têm que apresentar todo seu potencial. Ambos pertencem, sem sombra de dúvidas, ao grupo dos melhores jogadores do mundo em suas posições. Mas, nesta Copa, não estão jogando tanto. Ainda não.

Vejamos o caso Lahm. O "jogador mais inteligente que eu já tive", segundo Pep Guardiola, teve desempenho mediano contra Portugal e Gana. Não foi bem, mas também não foi realmente mal. Mas uma performance meramente razoável não é algo que se espere de Lahm. Rapidamente o país passou a debater se o jogador do Bayern de Munique não seria melhor aproveitado na lateral-direita. A Alemanha inteira questionava Lahm —mas não Joachim Löw. Na terça-feira, o treinador mostrou ao capitão uma análise em vídeo de seu passe errado que permitiu o segundo gol de Gana —e teria assegurado que ele continuaria a jogar no meio-campo.

Agora o caso Özil. Jogador alemão preferido de José Mourinho, ele também foi apenas mediano contra Portugal e Gana. Nem verdadeiramente bom, nem verdadeiramente ruim. Mas, diferentemente do que ocorre com Lahm, isso não é tão surpreendente. "O Özil é o Özil", também já disse Mourinho. Um dia, o primeiro violinista da orquestra; no outro, nem mesmo um tocador de triângulo na última fileira. Em 2010, o artista ofensivo brilhou contra a Inglaterra (4 a 1) e a Argentina (4 a 0) —e os alemães venceram. Contra a Espanha (0 a 1), ele afundou —e, com ele, todo o time. Mas, antes que a orquestra da federação alemã entre na esperada fase do mata-mata após o jogo com os Estados Unidos, o primeiro violino ainda precisa ser afinado.

Diferentemente do que ocorreu com Lahm, Joachim Löw deixou em aberto se não vai preferir um outro tom contra os americanos. Özil e Mario Götze, que marcou contra Gana, ainda não garantiram sua posição no time. Lukas Podolski e André Schürrle estariam prontos para entrar. Na cabeça-de-área, Bastian Schweinsteiger espera poder atuar ao lado do experiente Lahm e de Toni Kroos. Sami Khedira, que se recuperou em tempo recorde após deixar a partida contra Gana com dores no joelho, corre o risco de ficar no banco. E, na zaga, a expectativa é se o treinador vai manter, pela terceira vez, sua linha defensiva com quatro zagueiros (Boateng, Mertesacker, Hummels, Höwedes). Ou quem sabe recuar o próprio Lahm?

Ou seja: ainda há muitos pontos de interrogação antes do presumível jogo-chave contra os EUA, que também definirá quem a seleção alemã enfrentará nas oitavas de final.

Está na hora de colocar um ponto de exclamação.

Tradução de DENISE MENCHEN

Editoria de Arte/Folhapress
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