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O francês: "Dever de ganhar"

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A Nigéria fez greve dias antes do jogo contra os "Bleus". A França é obrigada a ganhar deste adversário africano que se mostra desestabilizado no momento da preparação para a partida.

É um dever da França eliminar a Nigéria. Não só para passar para as quartas de final com um quadro decididamente favorável, mas também e sobretudo porque o futebol não pode recompensar aqueles que fazem greve e estragam a imagem da Copa do Mundo.

Este Mundial de 2014 ficou marcado por três eventos ligados ao futebol africano e greves.

A dos jogadores camaroneses, que se recusaram a pegar o avião por não terem recebido os prêmios prometidos antes do Mundial. Resultado: uma Copa do Mundo arruinada e três partidas jogadas como se Camarões perseguisse de forma inconsciente a greve...

Depois foi a vez de Gana mostrar sua crise pelas mesmas razões, obrigando as autoridades ganesas a mandar por avião alguns milhões em dinheiro, para acalmar as reivindicações dos jogadores. Os mesmos que exigem o exemplo de seus dirigentes —e com razão—, mas conseguem brigar entre si como Muntari e Boateng, justificando suas expulsões do grupo da seleção. Sem moral, Gana terminou a competição com apenas um ponto na tabela.

E para terminar, a Nigéria que, classificada para as oitavas de final, exigiu que a parte de cada jogador fosse depositada imediatamente (30 mil dólares). Greve de treino, segredos sem fim e, finalmente, um acordo conseguiu ser feito e o dinheiro pago. Mas o mal-estar já estava, e continua, instalado. A atitude desviou o grupo de seu objetivo primário, jogar pelo seu país e brilhar. O trabalho físico e a preparação tática também foram destruídas. E a imagem da Nigéria, assim como a de Camarões e de Gana, foi manchada.

Como então não querer ver a França se impor segunda-feira (30/6), em Brasília?

Nós passamos em 2010 pela mesma loucura que os países africanos mostram em 2014. Pior ainda. Uma greve de treino diante dos olhos do mundo inteiro. As razões eram outras. Não uma questão de prêmios de jogos mas a dispensa de Nicolas Anelka por ter insultado Raymond Domenech, o técnico da época dos "Bleus" que era muito rejeitado pelos jogadores de então.

Uma greve que entrou para a história. O ônibus de Knysna... No dia seguinte desta explosão, a França jogava seu terceiro jogo da fase de grupos contra a África do Sul. Logicamente, a França sucumbiu, e as propriedades psicológicas foram rompidas. Eliminada, humilhada no começo da competição. Uma forma de castigo.

Como também não querer que essa punição se reproduza para aqueles que colocam seus interesses egoístas na frente do interesse coletivo? É preciso, portanto, apoiar esta equipe da França contra a Nigéria com a mesma intensidade com que a detestamos depois da greve de Knysna.

Não se pode deixar barato, sair em defesa de um jogador com ego inflado nem um grupo de jogadores (normalmente milionários) que cospe em suas camisas, em seus torcedores e na Copa do Mundo de futebol.

A França de 2014 aprendeu a lição de 2010. Desde então, Raymond Domenech foi substituído por Didier Deschamps, passando por Laurent Blanc, hoje técnico do PSG. O presidente da federação mudou. A maioria dos jogadores mudou. E a equipe da França voltou, depois de anos, a ser popular em vez de um purgatório.

Os jogadores presentes desenvolveram um senso aguçado de responsabilidade. Esquecer de Knysna para nunca mais voltar a falar disso. Agora tanto faz se essa partida será em Brasília, lugar de mais difícil acesso para os torcedores dos "Bleus" que o Rio (eles eram mais de dez mil no Maracanã, um recorde de torcida fora do território francês).

Tanto faz se fizer 29°C na sombra, às 13h, e se o ar muito seco queimar os pulmões dos jogadores. A credibilidade do futebol depende de não se deixar um bando de grevistas ir mais longe nessa aventura e eventualmente voltar à greve para garantir um prêmio de classificação para as quartas de final.

Tradução de GIOVANNA SALERNO

Editoria de Arte/Folhapress
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