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Futebol vai crescer mais nos EUA para desespero dos conservadores, diz historiador americano

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"O futebol vai continuar a crescer nos Estados Unidos para desespero dos conservadores", diz o historiador americano Peter Beinart, professor de Ciência Política na Universidade da Cidade de Nova York (CUNY).

"A mesma coligação que elegeu Obama duas vezes adora futebol: imigrantes, especialmente hispânicos, jovens com menos de 30 anos, mães que têm filhos que jogam futebol na escola e progressistas, que querem se sentir mais participantes do mundo", diz.

Em artigo para a revista "The Atlantic", Beinart, 43, responde à colunista ultraconservadora Ann Coulter, que diz que o sucesso do futebol "representa a decadência moral da América".

Leia abaixo trechos da entrevista concedida por email, da África do Sul:

RESISTÊNCIA

A audiência dos canais que estão exibindo a Copa (ABC, ESPN e Univision) já superou final de esportes tradicionais. Os jovens americanos, os imigrantes, os hispânicos e os progressistas são menos resistentes a esportes "não-americanos".

Acho que os conservadores vão ignorar mais ainda o futebol agora. Há uma polarização política sobre o futebol, entre uma direita nativista e uma esquerda cosmopolita.

ALIANÇA DO OBAMA

Além dos hispânicos e dos mais jovens, o terceiro grupo de apoio ao futebol nos EUA é dos progressistas. Eles querem abraçar um esporte europeu pela mesma razão que eles querem um sistema de saúde universal aos moldes europeus: eles não veem um valor inerente nos EUA serem uma exceção ao modelo global.

Segundo uma pesquisa da consultoria Experian, na última Copa nossos progressistas manifestaram duas vezes mais vontade de ver as partidas da Copa do que os conservadores. Os Estados que têm o maior interesse no futebol, em outra pesquisa, são Washington, Maryland, Nova York e Nova Jersey, todos de maioria democrata. Os com o menor interesse são Alabama, Arkansas, Dakota de Norte e Mississippi, todos republicanos.

A coalizão do futebol nos EUA – imigrantes, progressistas e os mais jovens – se parece muito com a aliança que elegeu Obama.

Mandel Ngan/AFP
Barack Obama acompanha EUA x Alemanha na Copa do Mundo no avião presidencial
Barack Obama acompanha EUA x Alemanha na Copa do Mundo no avião presidencial

RELAÇÃO COM O MUNDO

Muitos americanos querem uma relação diferente com o mundo. Historicamente, a política externa conservadora oscilou entre o isolacionismo e o imperialismo. Ou nos mantemos afastados do mundo ou mandamos. Não pode ser entre iguais, sob as mesmas leis dos demais.

Esse é o ponto da Ann Coulter. Os EUA só jogam entre si, seja beisebol, futebol americano ou basquete. Quando jogamos com outros países nesses três dominamos (e os países que têm algum interesse em beisebol normalmente foram ocupados pelos EUA).

Abraçar o futebol significa abraçar nosso papel de um país no meio de várias outras, sem privilégios especiais.

Não é coincidência que os mais jovens também gostem mais da ONU. Segundo pesquisa do instituto Pew em 2013, 73% dos americanos com menos de 30 anos de idade têm imagem positiva da ONU. Com mais de 50 anos, só 49%.

É uma resposta saudável de um país hoje menos capaz de ignorar o mundo, nem de dominá-lo como no passado. Quando vemos futebol, aprendemos com algo que não inventamos, nem controlamos. Mas fazemos parte dele. É um aprendizado que precisaremos mais e mais daqui para a frente.

ELITISTA E ESTRANGEIRO

Conservadores como Ann Coulter veem no futebol algo elitista e estrangeiro. Ela o compara ao sistema métrico decimal, não por ser uma forma ruim de medir, mas por ser "de fora". Ela diz que até mulher pode jogar, então seria um esporte "efeminado". Seu coletivismo ignora "a conquista individual, a culpa é dispersa". O coração da crítica dela é que ao se encantar com o futebol, os EUA estariam virando "parte do resto do mundo". Mas os americanos estão vendo a Copa por esse exato motivo" ela nos conecta com o resto do mundo.

No início do século 20, abraçamos um esporte inventado aqui (basquete) e americanizamos o rúgbi e o beisebol até tirar qualquer vestígio de influência estrangeira. Imigrantes europeus, para se integrarem, abandonaram o futebol rapidamente. Só que isso hoje não acontece com os hispânicos, por exemplo. Eles mantêm seu idioma e o futebol sem medo de parecer menos americanos que os demais.

FORA DA COPA

Vai ser difícil a liga de futebol dos EUA (MLS) manter esse furor fora da Copa. Os americanos podem assistir pela TV futebol muito melhor no exterior – esse público "internacionalista" não se incomoda em ver times estrangeiros jogando bem. Mas a MLS está ganhando terreno a cada ano.

FUTEBOL

Eu não jogo futebol para valer. Como a maioria dos americanos, o que mais sigo é o futebol americano. Não cresci jogando. Mas acho que a paixão que o futebol desperta ao redor do mundo é fascinante e contagiante durante a Copa.

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