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Para Inglês Ver: De novo não, por favor, de novo não

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Esta coluna acordou no escuro. Mas não era uma escuridão comum. Era uma escuridão tão completa que pregava peças nos sentidos, uma escuridão densa que sufocava, estrangulava, esmagava, soterrava com um peso imenso, intolerável.

Mas no exato momento em que ameaçava se tornar insuportável com sua proximidade sufocante, ela repentinamente se estendeu na direção de uma eternidade de desesperança, criando um vácuo cada vez mais amplo, um nada que extraía o ar dos pulmões e sugava todos os sons para o abismo. Tudo era silêncio. Estávamos sozinhos. Tínhamos medo.

Então, de algum lugar das trevas veio um uivo. Um uivo de enregelar o sangue, um uivo que raspava suas unhas pontiagudas no quadro negro da alma.

Era um som entalhado de pura raiva, uma pele de fúria sonora indistinta recobrindo o ancestral esqueleto da tristeza.

Sua canção nas trevas era violenta, e de repente começou a mudar. O uivo se tornou um soluço choroso -profundo, ensurdecedor, tristonho e feio.

Nos contorcíamos naquele vácuo para tentar descobrir a origem do som, mas só encontrávamos a escuridão, que o contemplava em retorno sem piedade, sem sentimento, sem pensamento.

Este colunista estendeu a mão na direção de seu próprio rosto e sentiu lágrimas. A verdade lentamente emergiu. Era este colunista que estava chorando, que estava soluçando.

E os soluços continuaram, sem controle, em grandes ondas convulsivas -subindo, avançando, decaindo. As ondas começaram a se quebrar contra as rochas da costa, e os gritos se tornaram entrecortados, cada vez mais curtos. E na crista das ondas de angústia surgiu a espuma do riso. Logo os soluços ficaram para trás e este colunista estava rindo, rindo da noite, da futilidade, do nada e de tudo.

Era uma risada violenta, e se tornou ainda mais violenta. Nada era capaz de controlá-la. Este colunista tentou tapar a boca, mas não conseguiu encontrá-la. Uma histeria peçonhenta se espalhou por aquela risada.

Este colunista tentou levar as mãos ao rosto, mas se descobriu sem mãos e sem rosto. A peçonha tomou pleno controle. Não havia outra coisa que não o riso, o riso ensurdecedor e enlouquecido, um som entrecortado, ruidoso e completamente envolvente que dançava no limiar da loucura e se dilacerava com seus dentes pontiagudos. O riso. A escuridão. O vazio. O riso. A escuridão. O vazio. O riso. A escuridão. O vazio. Nada. Nada. Nada.

NadanadanadanadaNADA.

Este colunista acordou no escuro. Um momento de horror, e então o alívio. Raios de sol penetravam gentilmente as fendas da persiana e uma brisa gentil movimentava as cortinas. Foi um sonho. Só um sonho. Limpou a baba das mandíbulas e se forçou a levantar, com um meio sorriso de embaraço começando a surgir em seus lábios. Só um sonho. Atravessou o quarto com muito esforço, para contemplar a tabela da Copa do Mundo afixada à parede e ver que jogos o dia traria. Só um sonho. Seus dedos percorreram a tabela até encontrar...

Quinta-feira, 3 de julho.

Acordou no escuro. Mas não era uma escuridão comum...

FRASE DO DIA
"Precisamos estudar seu trabalho e pedir que ele se demita. Mas ele é cobiçoso e é claro que não o fará. É muito bom ganhar [milhões] sem fazer nada. A equipe perdeu e isso não o afetou de maneira alguma. Ladrão! Até mesmo sua aparência torna difícil gostar dele. Ele tem cara de professor de escola primária"
Vladimir Zhirinovsky, político russo de extrema direita, ao solicitar um inquérito legislativo sobre o fracasso de Fabio Capello na Copa do Mundo. Oleg Pakholkov, seu colega de Legislativo, acrescentou: "Olhe para o tamanho dos coreanos! Até eles são maiores do que nós! Não estou falando dos alemães ou brasileiros, que são obviamente gigantes. Nossos jogadores são duas vezes menores que os deles. Nada tenho contra jogadores baixinhos, mas o time de Capello não consegue nem correr rápido".

Ricardo Moraes/Reuters
O técnico italiano Fabio Capello, da seleção russa, durante uma entrevista
O técnico italiano Fabio Capello, da seleção russa, durante uma entrevista

NOTAS E NOVIDADES
O treinador alemão Joachim Löw admite que sete membros de sua equipe estão mostrando sintomas de gripe, antes da partida de quartas de final contra a França nesta sexta. "Mas não quero fazer drama", ele murmurou -de alguma forma contrariando sua intenção.

*

Huh Jong-moo, presidente da federação sul-coreana de futebol, ofereceu uma explicação interessante para rejeitar o pedido de demissão do treinador Hong Myung-bo depois do desempenho medíocre da seleção de seu país no Brasil. "Com base no fracasso que tivemos na Copa do Mundo, estou certo de que Hong liderará bem o time na Copa da Ásia", ele torceu. "Continuaremos a apoiá-lo e a confiar nele".

*

Neymar diz que não está machucado para o duelo brasileiro contra a Colômbia nas quartas de final, e que não se abala com a pressão sobre ele. "Não me sinto pressionado pela obrigação de ser o destaque do time", ele presunçou.

*

Estamos chegando ao fundo do barril: lá vem Shakira. "Estou emocionada por me apresentar minha canção 'La La La (Brasil 2014)' na cerimônia de encerramento", ela comemorou. "Tenho uma relação complicada com o futebol, por motivos óbvios, e realmente compreendo o que uma Copa do Mundo significa para muita gente, o que me inclui".

*

Fora da Copa, o Barcelona está perto de fechar acordo com Luis Suárez depois de oferecer cerca de 70 milhões de libras ao uruguaio. O Liverpool deveria morder as mãos dos catalães.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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