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Boa fase da seleção reflete otimismo social na Colômbia

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"Meu sobrinho foi ao Brasil de ônibus. Eu queria ter ido, mas estou velho para isso e não teria coração para aguentar o nervosismo."

Dono de lanchonete no centro de Bogotá, Jorge Rosales, 49, acrescenta que, quando moço, jamais viajava, mas que hoje o momento é outro.

"Tenho sobrinho que foi para os EUA, amigos dele pela América do Sul. Hoje viaja-se de férias, não só fugindo da pobreza ou da guerrilha", conta, enquanto abastece o balcão de arepas (pão de milho típico) quentes.

A Colômbia que entra em campo hoje para enfrentar o Brasil é um país diferente daquele que também brilhou no futebol nos anos 90, só que recebendo altas injeções de dinheiro do narcotráfico.

Hoje, tanto o time como os torcedores refletem o bom momento econômico do país.

As injustiças sociais e a má distribuição da renda ainda podem ser conferidos dando um passeio pelas ruas. Há protestos por reforma agrária e pelo fim dos tratados de livre comércio que empobrecem a vida no campo.

Ainda assim, o bom desempenho econômico do país e a estabilidade política fizeram com que 54% dos colombianos passassem a integrar a classe média nos últimos 20 anos. A Colômbia tem uma das melhores perspectivas de crescimento da região (4,7% do PIB para este ano), baixo desemprego e inflação.

Até o fim de 2014, deverá desbancar a Argentina e virar a segunda maior economia da América do Sul.

1994 x 2014

Jornais, TVs e acadêmicos têm comparado a atual seleção e a situação privilegiada do país com as dificuldades de 1994. Então, na Copa dos EUA, a Colômbia era uma das favoritas, com estrelas como Valderrama e Rincón, mas sobre as quais pairava a sombra do narcotráfico.

"Eles eram nossos heróis, mas era um sentimento ambíguo, porque sabíamos dos vínculos que existiam entre o futebol e o crime", diz a colunista Maria Jimena Duzán, da revista "Semana".

O sonho terminou de modo amargo. A Colômbia foi desclassificada após um gol contra de Andrés Escobar, depois morto por líderes do narcotráfico em Medellín. A morte de Andrés, hoje quase um santo popular, marcou um antes e depois da construção da Colômbia moderna.

"Aquilo deprimiu o país, porque nos colocou cara a cara com nossa miséria, produto do narcotráfico e de corrupção alucinada", diz o economista Juan Manuel Ospina.

FUTEBOL E POLÍTICA

Vieram os anos Álvaro Uribe (2002-2010), de ataque frontal às guerrilhas, usando ferramentas ilegais, como o impulso dos paramilitares. A um preço alto, o país voltou a respirar mais tranquilo, com a queda marcada dos atentados.
Já o atual presidente, o também conservador Juan Manuel Santos, acaba de reeleger-se prometendo concluir uma negociação de paz com a guerrilha. A seleção foi parte de sua campanha de reeleição. Santos apoiou a permanência do técnico argentino José Pékerman.

A estreia na Copa ocorreu no dia anterior do segundo turno das eleições, no último dia 15. As ruas de Bogotá se encheram de faixas de campanha de Santos e de bandeiras da Colômbia.

"Nosso futebol hoje é mais profissional. Nos anos 90, nos intimidávamos diante de uma Alemanha. Era possível que um jogador pedisse autógrafo ao Rudi Vöeller. Hoje, eles entram e abraçam Cristiano Ronaldo, porque o veem no campo, não na TV", diz o cronista esportivo Nicolás Samper.

Para dar uma ideia da mudança da confiança do colombiano com relação à sua seleção, o escritor Alberto Salcedo Ramos lembra que, quando era pequeno, ouvia adultos celebrarem um empate alcançado ante a URSS, na Copa do Chile de 1962. "Meus pais me diziam, brincando, que o CCCP soviético significava: Con Colombia Casi Perdimos (com a Colômbia quase perdemos). Era esse o espírito, celebrávamos empates. Agora podemos jogar com qualquer um."

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