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O argentino: "Sabella precisa mudar a Argentina"

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A ansiedade consome os corpos dos torcedores da seleção celeste e branca. Chegam as quartas de final, uma fase "maldita" para os argentinos há 24 anos, desde que Maradona fez um passe por entre as pernas de Ricardo Rocha e Claudio Paul Caniggia arrematou, vencendo Taffarel, para eliminar o Brasil em uma partida que ficou gravada a ferro no coração dos torcedores argentinos.

Mas já passou tempo demais desde a Copa da Itália em 1990. E o que aconteceu naquele campeonato não deixou de ser um fracasso. Simples e diretamente. Nem vamos falar da eliminação na primeira fase na Copa do Mundo da Coreia do Sul e Japão em 2002. O certo é que, diferentemente das copas mais recentes, a Argentina tem caminho fácil até as semifinais. Jogar contra a Bélgica não envolve um grande adversário, apesar do bom futebol demonstrado pelos "diabos vermelhos", especialmente no duelo contra os Estados Unidos, quando bombardearam a meta do gigante Tim Howard, fazendo dele o novo recordista em número de defesas em uma Copa do Mundo.

Ainda assim, o principal inimigo da Argentina é a Argentina. Porque nas quatro partidas disputadas até agora, a equipe não teve um funcionamento bem azeitado e terminou limitada à inspiração de Lionel Messi, que graças a Deus nasceu em Rosário, e que só pela esperteza de José Pékerman, hoje treinador da Colômbia, não terminou cantando o hino da Espanha.

Até agora, a seleção não demonstrou rendimento capaz de fazer crescer o sonho que se propaga por cada quadrante do país. E cada triunfo veio acompanhado de sua cota de drama, sofrimento, e foi sempre obtido pela diferença mínima ante rivais menores.

Alguns dias atrás, Javier Mascherano, o jogador mais cerebral da seleção argentina, declarou que "não basta coração para vencer uma Copa do Mundo". E o meio-campista do Barcelona tem razão. Afinal, a equipe demonstrou apenas o amor próprio dos jogadores e se amparou no aspecto individual para conquistar suas vitórias. Em Messi, fundamentalmente. No deslocamento de Mascherano, nas subidas e descidas de Angel Dí María, na atitude determinada de Marcos Rojo, nas mãos de Sergio Romero.

Houve clarões oferecidos por esses jogadores em meio à escuridão de um jogo coletivo que não consegue se afirmar porque volta mal à defesa, apresenta falhas entre os marcadores centrais, e Fernando Gago, talvez o jogador de melhor passe no time, não está em boa forma.

Do meio de campo para a frente, a seleção argentina causa desequilíbrio pelo peso individual de seus atacantes. Ou seja, a seleção não justifica seu favoritismo ao título pelo desempenho no campo de jogo.

Sabella fez sua convocação pensando no grupo. Por isso, Sergio Agüero se machucou e Carlos Tévez está tomando sol em Miami. Preferiu cercar Messi de jogadores com quem ele tem afinidade. Ezequiel Lavezzi ganhou espaço, mas não está à altura das circunstâncias. E dado o costume do treinador de não confirmar sua escalação, nenhum jornalista argentino sabe ao certo se sairão Federico Fernández e Gago, que vêm jogando abaixo do que podem.

O técnico seria tolo se não começasse a fazer mudanças. Tem que abrir os olhos. Ou será tarde para lamentar quando a seleção estiver embarcando de volta a Buenos Aires.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Editoria de Arte/Folhapress
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