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Para Inglês Ver: Seleç-ô!

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Ninguém aprecia esta coluna. É preciso tempo esforço e talento para ser tão sem graça, tão sem prazo e tão preguiçoso, mas ninguém parece reconhecer o fato, por mais que a gente pule sem parar na redação gritando "olha pra mim, olha pra mim, olha pra mim! Quebrei meu computador de novo! Olha pra mim! Colei o teclado na cabeça pela quarta vez esta semana!" esta coluna nunca recebe tratamento VIP, flores, elogios, ou mesmo simpatia quando acidentalmente espeta a caneta no olho, mas, ah, basta um colunista qualquer do jornal em papel colar um teclado na cabeça que todos correm a ajudar, e ao mesmo tempo nos ignoram entrando de cara em uma porta de vidro. É uma vida difícil.

Por isso esta coluna compreende como os jogadores brasileiros que Não São Neymar se sentem depois da erupção de luto nacional causada pela lesão que ele sofreu.

Primeiro veio a negação, rumores enganosos de que Neymar seria remendado e colocado em campo mesmo que em cadeira de rodas.

Depois a raiva, uma multidão ensandecida exigindo que o colombiano Juan Zúñiga fosse julgado pelo tribunal de crimes de guerra de Haia por ter matado Bambi.

Depois veio a negociação, com o Brasil apelando à Fifa para que no mínimo permitisse que Thiago Silva entrasse em campo na batalha semifinal de hoje contra a Alemanha, depois de ele levar o segundo amarelo por um momento tosco contra a Colômbia.

Quando isso fracassou, veio a depressão, o momento em que o Brasil compreendeu que teria de confiar em que Fred fosse Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo -e todos ao mesmo tempo.

E por fim surgiu a aceitação de que a seleção terá de jogar mesmo com Willian -ou, para citar seu nome completo, Não Neymar.

E mais muita raiva contra Zúñiga, que provavelmente faria bem em deixar crescer uma barba densa, mudar de nome e se esconder em uma cabana em New Hampshire sem qualquer contato com o mundo exterior, caso a Alemanha elimine o Brasil da final.

É claro que existem aqueles que dizem que o Brasil é que se colocou nessa situação, e que a lesão de Neymar foi consequência da tática que a equipe adotou contra a Colômbia.

A Alemanha certamente imagina saber o que a aguarda: uma grande chuteira brasileira no traseiro.

"Espero que o árbitro de amanhã, o Sr. Rodríguez do México, reprima as coisas que vimos na sexta-feira passada", armadilhou Jogi Löw.

"A energia física demonstrada no jogo com a Colômbia ficou além dos limites que se pode esperar em um jogo na Europa. Quando vi a partida... bem, na Europa o jogo não teria terminado com 22 jogadores em campo. Houve faltas brutais, pessoas bloqueando os adversários sempre que podiam".

Mas os brasileiros não aceitam nada disso. Continuam irritados por causa de Neymar. "Foi uma jogada covarde", disse Silva, antes de admitir que "isso uniu o grupo ainda mais".

União tamanha que Felipão imagina que seus lacrimosos jogadores tenham superado completamente o ocorrido, da mesma forma que esta coluna está recuperada de ter sua cabeça enfiada na privada uma vez por dia na escola (veja pelo lado positivo: uma lavagem de cabelo surpresa!).

"Neymar não está mais conosco mas deixou muito dele conosco, e levou muito de nós com ele", grunhiu o treinador.

"Dentro de nosso grupo, aceitamos o fato e estamos muito concentrados". E agora é com você, Não Neymar. E se isso não funcionar, é só erguer Mesut Özil do gramado com a chuteira algumas vezes. Ninguém vai ligar.

Eduardo Knapp-17.jun.2014/Folhapress
O técnico Luiz Felipe Scolari durante um jogo da seleção brasileira na Copa
O técnico Luiz Felipe Scolari durante um jogo da seleção brasileira na Copa

FRASE DO DIA
"Alfredo era o melhor em todos os sentidos da palavra, pela forma com que revolucionou o futebol e pelos valores que tinha. Agora é nosso dever contar àqueles que nunca o viram jogar que foi ele que mudou tudo"
O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, prestando tributo a Alfredo di Stéfano, lendário jogador do clube, que morreu aos 88 anos.

NOTAS E NOVIDADES
O pastor ortodoxo russo Alexander Shumsky alegou que os jogadores de futebol que usam chuteiras de cores brilhantes estão promovendo o "arco-íris gay", e diz estar muito feliz por sua seleção ter sido eliminada cedo. Em sua coluna para um site cristão, Shumsky escreveu que "usar chuteiras rosa ou azul seria a mesma coisa que [o time] usar sutiã ou calcinha. Por isso estou feliz por os jogadores russos terem fracassado e, com a graça de Deus, não estarem mais participando dessa abominação homossexual".

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Henri Allemagne, inventor do spray usado pelos juízes da Copa na cobrança de falta, diz que está mais preocupado com o bem do jogo do que com embolsar milhões. "Eu queria ajudar os juízes a manter a disciplina. Há menos cartões amarelos e vermelhos nas cobranças de faltas, e os jogadores respeitam a linha", ele celebrou. Vivaaaa! "Talvez venha a existir alguma recompensa financeira, mas esse lado pode vir depois". Ah.

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A Fifa negou ter botinado a seleção holandesa de seu hotel parar abrir espaço a dignatários e patrocinadores. "É uma vergonha que isso aconteça", reclamou Bert van Oostveen, presidente da federação holandesa. Delia Fischer, porta-voz da Fifa, respondeu: "A situação não é de... nós os termos expulsado do hotel. Foi decisão deles definir a data em que sairiam do hotel em que estavam concentrados".

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Ray Whelan, diretor da companhia oficial de hospitalidade da Fifa e antigo Sr. 10% de Bobby Charlton, foi detido como parte de uma investigação brasileira sobre a venda de ingressos no mercado negro.

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O Fulham pagou 11 milhões de libras para tirar Ross McCormack do Leeds, Malvadão Mas Mesmo Assim Parabéns Por Ter Percebido a Jogada.

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O Manchester City concluiu a contratação de Wi11y Caballero, o goleiro do Málaga que costuma esbarrar nos firewalls.

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E T1ti Camara, antigo astro do Liverpool, ofereceu palavras de conforto aos torcedores, agora que a saída de Luis Suárez parece certa. "Quando saí do Liverpool, não muita gente acreditava que eu pudesse ser substituído", ele escreveu no Twitter. "O Liverpool sobreviverá sem Suárez".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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