Os vizinhos de Neymar fazem vigília em frente à casa do jogador no condomínio Jardim Acapulco, em Guarujá, onde o craque assistiu à derrota do Brasil para a Alemanha.

Cerca de 30 pessoas, a maioria crianças, aguarda no local com camisas e bolas para pedir autógrafos. O jogador apareceu brevemente por volta das 20h e acenou rapidamente.

A casa tem todas as portas e janelas fechadas. Não se escuta barulho ou música vindo do lado de dentro.

"Ele podia pelo menos dar uma satisfação para as crianças", diz a psicopedagoga Ana Turtchin, 37, que foi ao local com a filha Dani, de oito anos.

Na frente das duas casas anexas que o jogador tem na Avenida Seis do condomínio, sete seguranças fazem a guarda. Cinco carros estão estacionados nas garagens das casas.

CLIMA DE TRANQUILIDADE

Neymar não começou tarde a terça-feira (8) em que a seleção brasileira sofreu o maior vexame de sua história.

Por volta das 11h, o jogador, que assistiu à partida com amigos e familiares no condomínio de luxo Jardim Acapulco, no Guarujá, na Praia de Pernambuco, já havia postado em seu perfil no Instagram.

Como se parecesse prever o que aconteceria, no longo texto que acompanhou uma montagem com os rostos de todos os atletas convocados, Neymar pedia para a torcida acreditar e torcer até o último minuto.

"Queria pedir para torcermos juntos até o ultimo segundo porque quero muito, mas muito mesmo estar com todos [torcida e meus companheiros] no próximo domingo (13) dentro de campo no Maracanã. Deus é fiel!", finalizou.

Mesmo em casa, o jogador esteve uniformizado durante todo o dia. Por volta das 13h, caminhou pelo condomínio, sem qualquer tipo de auxílio, com um agasalho da seleção brasileira. Davi Lucca, filho do jogador, chegou à casa do pai por volta das 10h com Nadine, a mãe de Neymar, e uma babá. A atriz Bruna Marquezine, namorada do jogador, também chegou cedo ao local.

Na porta do condomínio o clima foi de tranquilidade antes, durante, e depois do jogo. Moradores e alguns poucos curiosos, de carro ou bicicleta, foram as únicas pessoas a transitar pelo local. Do lado de dentro, vizinhos faziam romaria até a frente da casa de Neymar.

O craque saiu na sacada algumas vezes, para acenar. Alguns. dentre aqueles que receberam os acenos, saiam do condomínio com fotos no celular e tentavam vendê-las para os jornalistas.

"Eu mostro, mas para você ficar com ela, vai ter de me dar R$ 500", disse ao repórter da Folha o menor J.H., de 13 anos, que entrara no local de bicicleta.

A poucos minutos do início do jogo, mais de 50 pessoas chegaram a se concentrar em frente à mansão do jogador. Dois seguranças faziam a guarda. Do lado de fora, algumas pessoas também tentavam chamar a atenção de Neymar.

Como o grupo de quatro pessoas, que viajou 7 mil quilômetros de carro, desde a capital Lima. Estão produzindo um documentário e queriam um autógrafo do jogador na lataria do carro.

Um torcedor chamado Neco, 36, esteve em frente ao condomínio com um banner, por meio do qual pedia para assistir ao jogo com o camisa 10. Com um cartaz em mãos, Welker Souza, 25, portador de paralisia cerebral, queria apenas que sou blog autobiográfico fosse divulgado pelo craque.

Moradores que passavam pelos peregrinos levavam encomendas para Neymar, como cartas e camisas. Alguns, voltavam com camisas com assinaturas que, juravam, era do camisa 10 do Brasil. Quando o jogo começou, as ruas no entorno do condomínio ficaram desertas.

Do lado de dentro, Neymar, que precisa repousar, assistiu ao jogo sem muita festa. Não houve churrasco para acompanhar a derrota.

Antes do jogo acabar, Felipe Santos, 21, vizinho de condomínio de Neymar no Jardim Acapulco, teve a ideia de fazer uma faixa de protesto.

"Neymar joga sozinho", dizia a peça

Pintado com a máscara de Guy Fawkes, que se notabilizou durante os protestos populares de 2013, Felipe dizia estar em luto.

"O que fizeram foi uma vergonha. Foi só o moleque sair para a seleção desmontar", disse.

	Diego Iwata Lima/Folhapress
	Vizinho de condomínio de Neymar, no Jardim Acapulco, fazem protesto após goleada