Alemanha começou a garimpar talentos após fracasso em 2000
Enquanto o Brasil chamou o time sub-20 do Fluminense para treinar em Teresópolis na preparação para a Copa, a Alemanha, que massacrou os anfitriões no "Mineiraço", levou para sua pré-temporada a seleção sub-20 do país.
No Tirol italiano, onde o time de Joachim Löw treinou antes de viajar ao Brasil, as seleções principal e sub-20 da Alemanha conviveram e fizeram dois amistosos entre si.
A experiência reflete a valorização que os alemães dispensam às suas categorias de base, política apontada como a receita dos bons resultados da atual seleção.
Esporte mais popular do país, o futebol sempre esteve enraizado na sociedade alemã, com apoio estatal para clubes amadores e grande popularidade entre as mulheres –a seleção feminina também é uma potência.
Mas foram maus resultados em campo que fizeram a federação de futebol do país conceber o seu Programa de Desenvolvimento de Talentos, por meio do qual foram revelados craques da atual seleção principal, como o atacante Müller, o goleiro Neuer e o volante Schweinsteiger.
SINAL DE ALERTA
O primeiro sinal de alerta veio na Copa de 1998, da qual a Alemanha foi eliminada nas quartas de final pela Croácia, perdendo por 3 a 0.
O baque maior viria dois anos depois, quando os tricampeões caíram na primeira fase da Eurocopa, ao terminar em último lugar de seu grupo, sem vencer um jogo (duas derrotas e um empate).
Passaram-se mais dois anos para que, em julho de 2002, entrasse em prática o programa, cujos pilares são o estímulo aos clubes para que tenham escolinhas e a garimpagem de jovens craques pelo país (veja quadro ao lado).
A federação tem 366 bases espalhadas pela Alemanha, nas quais 1.300 técnicos/olheiros prospectam novos talentos.
Dos 23 jogadores que vieram à Copa no Brasil, só o atacante Klose não jogou nas seleções de base do país.
FRUTOS
Nos dias que se seguiram ao "Mineiraço", os alemães trataram do tema.
Questionado se concordava com a crítica do ex-jogador Breitner de que o futebol do Brasil parou no tempo e se os 7 a 1 seriam a chance para o Brasil seguir o exemplo alemão, Klose afirmou:
"Torço para que isso ocorra. Toda geração precisa ter mudança. Nós fizemos isso, investimos muito na base nos anos 2000 e agora colhemos os frutos. Não sou a pessoa a dar conselhos à confederação brasileira, mas posso falar que nosso caso deu certo".
Para o ex-jogador Oliver Bierhoff, há dez anos diretor técnico da federação alemã, "chegar à final é um prêmio não só para a seleção mas para toda a Alemanha, um país onde se respira, come-se e bebe-se futebol".
"Se temos Lahm e Müller aqui, é porque houve pequenos clubes e técnicos amadores que os revelaram. Ser finalista é a recompensa de um trabalho. O respeito que temos hoje não é pelos 7 a 1 no Brasil, mas pela consistência que conseguimos criar no futebol alemão."
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