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Última noite de Copa em Copacabana tem festa brasileira e alemães aplaudidos

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A última noite da Copa do Mundo em Copacabana, zona sul do Rio, teve, claro, os argentinos como personagens principais. Seja pelo número, seja pelo comportamento incomum, não houve como passar pelo bairro sem notá-los nos últimos 31 dias. E assim seguiu sendo na noite em que o tricampeonato deles foi embora no Mundial do Brasil.

O gol de Götze no segundo tempo da prorrogação foi a largada na noite final. Quando a bola entrou e a confiança dos argentinos se esboroou de vez, o grito de comemoração dos brasileiros convertidos em alemães por um dia ecoou forte.

A bola ainda não tinha sido recolhida da rede argentina no Maracanã quando garrafas de plástico e latas de cerveja (algumas cheias) começaram a voar de um lado e outro da avenida Atlântica, na esquina com a rua Prado Júnior, próximo à Fan Fest.

A polícia interveio para separar os primeiros brigões. O cheiro de gás de pimenta, usado pelas forças de segurança para distanciar argentinos e brasileiros, ainda estava no ar quando uma falta para a Argentina foi marcada.

Quando Messi isolou a bola, famílias argentinas que estavam no calçadão, especialmente com crianças menores, começaram a deixar a orla. Confrontos diretos das torcidas foram evitados, mas o festival de provocações teve início e a canção brasileira de desprezo a Maradona tomou Copacabana.

"Mil gols, mil gols.... Só Pelé, só Pelé... Maradona cheirador....".

À essa altura, alguns brigavam, outros preferiam rodar as camisas sobre as cabeças e cantar como se a partida jamais tivesse existido. Terceiros ainda sentavam sobre o meio-fio e choravam.

Era o caso de Ariel Rodríguez, 21 anos. Nunca viu seu país ser campeão. Uma senhora com a camisa do Flamengo saiu para rua para rir dos tais "hermanos", mas diante da dor de Rodríguez, trocou a corneta pelo abraço fraternal. "Tomamos sete [da Alemanha] e estamos aqui. Vocês fizeram um grande jogo", consolava.

ARGENTINOS LOTAM DELEGACIA

A viagem do argentino seria longa, dentro do carro com a família poderia digerir com bastante tempo o fato de que Messi não foi Messi e o título mais atual segue no distante ano de 1986.

Mas problema mesmo tinham os cerca de 30 "hermanos" que foram até a 12ª Delegacia de Polícia depois do jogo. Alguns diziam ter sido vítimas de arrastão durante o gol da Alemanha. Outros queriam apenas registrar a perda de documentos durante a final.

A Polícia Militar não registrou a ocorrência de arrastões neste domingo (13) e um balanço de ocorrências deverá ser apresentado apenas nesta segunda (14).

"Preciso do registro da polícia porque não sei se poderei voltar para casa sem os documentos", disse Diego Irigaray, 20 anos, consternado pelo gol de Götze e pelo contratempo pelos papéis perdidos.

Do lado de fora, nas ruas de Copacabana, de súbito, as camisas da seleção brasileira esquecidas depois das goleadas em série para alemães e holandeses voltaram à rua.

Por mais de um mês os argentinos torturaram os ouvidos cariocas. Eram basicamente as mesmas três músicas, dizendo que Maradona é melhor que Pelé, que os argentinos são os "papas" (lê-se papás) e que o "sentimento de ser argentino ninguém pode parar".

Brasileiros decidiram que era hora de ir a forra. Jovens de Copacabana formaram verdadeiras hordas com o objetivo de perambular pelo bairro e infernizar o maior número de argentinos possível.

"Eles incomodaram demais. Não sabem como as coisas funcionam no Brasil. Agora vão ter que nos engolir", afirmou o estudante de engenharia Paulo Augusto Machado, de 25 anos, engatando o "mil gols... mil gols" mais uma vez, para incomodar duas meninas e um rapaz argentino que apenas riam da "vingança" brasileira agarrados a uma placa de trânsito próximo à avenida Princesa Isabel.

FAIXA PARA COLOMBIANOS

Para controlar a multidão, a Polícia Militar fez um cordão de segurança nos principais pontos da orla. O mais tenso ficava nas proximidades do hotel Copacabana Palace. Ali, argentinos e brasileiros faziam duelo de gritos de guerra –nem sempre com final feliz.

Latas de cerveja jogadas, policiais intervindo, confusão dissipada e recomeçada uns metros adiante. Os argentinos, que marcam o canto com um bumbo de pele frouxa e um irritante prato de banda militar, reclamavam dos brasileiros: "son pecho frío" dizem.

Na gíria futebolística dos estádios argentinos, isso significa torcida ou jogadores sem fibra, sem envolvimento. Dizem que os brasileiros deixaram para cantar só agora, enquanto eles gastam seus pulmões desde antes da estreia no Mundial.

Para lá dos vizinhos agora mal-humorados, os algozes da terça-feira e dos 7 a 1 viraram os heróis do domingo. Cada alemão (de verdade) que passava pelo calçadão com a bandeira do seu país virava celebridade instantânea, com direito a pedidos de fotos e salva de palmas.

Colombianos estenderam uma faixa com foto da seleção deles, que pela primeira vez jogou as quartas de final. Os mexicanos, abraçados aos brasileiros, cantavam o que, para nós, significa que a Copa acabou e "o dia já vem, raiando meu bem, e tenho que ir embora".

"Ay, ay, ay ay... Canta y no llores... Porqué cantando se alegran... Cielito Lindo...Los corazones".

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