Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu

Beckenbauer: Na Rússia, o Brasil será muito diferente

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Quanto mais a final da Copa do Mundo se estendia, no Maracanã, mais eu me preocupava com a seleção alemã. Uma derrota causada por um gol marcado em um dos contra-ataques puxados por Gonzalo Higuaín ou em uma magistral cobrança de falta de Lionel Messi teria sido um revés amargo para os alemães depois da vitória de 7 a 1 contra o Brasil. Depois daquela realização histórica, a Alemanha estava virtualmente obrigada a se tornar campeã mundial. Contra a Argentina, o jogo se tornou uma batalha, e eu estava antecipando que a decisão ficaria para os pênaltis.

Até me apanhei pensando que uma vez mais teríamos o caso de um time europeu fracassando em uma Copa do Mundo jogada na América. E por isso foi com o maior alívio que vi o atacante Mario Götze, vindo da reserva, marcar o gol da vitória por 1 a 0 a sete minutos do final da prorrogação. Que habilidade naquele gol! Um gol mágico.

A Alemanha venceu esta Copa do Mundo merecidamente. O time enviou sua mensagem logo na abertura ao derrotar Portugal por 4 a 0. Depois disso, conseguiu vitórias apertadas e um empate contra Gana, partida que teve momentos assustadores. Mas jamais surgiu a sensação de que houvesse algo de errado. E em seguida veio o estupendo clímax dos 7 a 1 contra exatamente o Brasil, o berço do futebol, o lugar em que novos talentos parecem nascer nas árvores.

A despeito de sua derrota, quero expressar meu respeito pelos argentinos. Eles tiveram de enfrentar diversas desvantagens, como uma difícil prorrogação contra a Holanda na semifinal, seguida por uma decisão por pênaltis. E, depois, apesar de terem tido um dia a menos para recuperação, eles lutaram magnificamente contra a Alemanha.

O sucesso da Alemanha não pode ser atribuído a um único superastro, a despeito dos imensos elogios feitos por especialistas como César Luis Menotti, Johan Cruyff e Vicente del Bosque a Manuel Neuer, o melhor goleiro da Copa. Ou ao artilheiro Thomas Müller, que ficou em segundo lugar da artilharia do certame, atrás de James Rodríguez, da Colômbia. Ou, acima de tudo, a Toni Kroos, uma máquina de passes que infelizmente está trocando o Bayern de Munique pelo Real Madrid. Não se pode criticá-lo: uma oferta do Real é quase impossível de resistir.

O sucesso da Alemanha é um grande exemplo de como uma grande equipe se desenvolve. Depois de terminar as Copas do Mundo em 2006 e 2010 em terceiro lugar, a equipe passou por constante sintonia fina e foi melhorando passo a passo. E agora, com um jogo de equipe perfeito, os alemães conquistaram o título tão esperado.

Em 1986, quando eu era treinador da seleção, perdemos por 3 a 2 contra a Argentina na final da Copa do Mundo do México, com um pouco de azar. Quatro anos mais tarde, em nossa vitória por 1 a 0 na final, fomos muito superiores à Argentina, a despeito de Diego Maradona. Na época, eu tinha iniciado algumas das primeiras reformas na seleção e garanti que tivéssemos um bom hotel na Itália, dei alguma folga aos jogadores e melhorei o tratamento médico do time. E, de lá em diante, isso foi ainda mais aperfeiçoado, em companhia do desenvolvimento tático e técnico dos jogadores.

Colocar o goleador Götze em campo vindo do banco foi uma jogada de gênio do treinador campeão mundial. Muita gente deve ter se espantado quando Joachim Löw colocou em campo alguém em quem ninguém havia pensado. Isso é instinto, algo que não pode ser calculado. A questão agora é determinar se Löw continuará como técnico. Ele recentemente assinou uma extensão de seu contrato apenas até 2016. Se ele deseja continuar ativo como treinador, em minha opinião não há trabalho melhor do que servir à federação alemã de futebol, onde tudo funciona suavemente.

Vimos um bom torneio. A dinâmica da Copa do Mundo, sua organização, o entusiasmo –são coisas que as pessoas talvez não antecipassem, mas eram a esperança de todos. Foi um espetáculo que emocionou o mundo todo. Apenas a seleção do país anfitrião, o grande favorito ao título, não conseguiu chegar à final, apesar de toda a euforia. A pressão era simplesmente grande demais. E por sobre isso tudo veio o infortúnio da lesão de Neymar. Mas esse não é o fim do futebol brasileiro. Estou certo de que dentro de quatro anos, na Rússia, veremos uma seleção brasileira completamente diferente.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade

Siga a folha

Publicidade

+ Livraria

Livraria da Folha

Jogo Roubado
Brett Forrest
De:
Por:
Comprar
Festa Brasil (DVD)
Vários
De:
Por:
Comprar
The Yellow Book
Toriba Editora
De:
Por:
Comprar
Futebol Objeto das Ciências Humanas
Flávio de Campos (Org.), Daniela A.
De:
Por:
Comprar
Seleção Brasileira
Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página