Publicidade
Publicidade

COI questionou Nuzman sobre indefinição no Ministério do Esporte

A apenas 128 dias da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio e 161 para os Paraolímpicos, o comitê organizador se vê obrigado a lidar com frequência com questionamentos de outros países a respeito das crises política e econômica no Brasil.

Além de desafios como inauguração das instalações esportivas, realização de eventos-teste e restrições de orçamento, a entidade tem se defrontado com a necessidade de responder a pedidos de esclarecimento vindos de outros países e do COI (Comitê Olímpico Internacional).

Principal nome da organização dos Jogos, Carlos Arthur Nuzman, 74, afirmou em sabatina na Folha nesta terça (29) que esses temas não têm influenciado a preparação dos Jogos.

Porém, o dirigente admite que tem se tornado praxe dar satisfações à opinião pública estrangeira sobre a ebulição política no país.

Nuzman acumula as presidências do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do Comitê Organizador dos Jogos do Rio.

O dirigente também afirmou que o COI (Comitê Olímpico Internacional) o questionou sobre as indefinições no governo, principalmente no Ministério do Esporte.

O PRB chegou a afirmar que George Hilton havia pedido demissão do cargo de ministro. Horas depois, ele soltou nota, dizendo ter deixado o partido e que tinha se filiado ao Pros, parte da base aliada da presidente Dilma.

Ainda não se sabe se Hilton continua ou não à frente do ministério.

Entrevistado pelo repórter Paulo Roberto Conde e pelo colunista Edgard Alves, Nuzman também falou de outros assuntos relativos à Rio-2016.

*

Crise no país

"O Brasil vai fazer grandes Jogos Olímpicos. Falo o Brasil porque o país é que organiza e o Rio é a cidade.

Todas as questões que envolvem o país, políticas e econômicas, não estão trazendo influência direta na organização. É importante destacar que fazemos as coisas dentro de uma linha de organização com governos e sociedade civil. Os Jogos correm dentro de um patamar e reconhecimento internacional absoluto."

Olhar estrangeiro

"A repercussão internacional [a respeito da crise no Brasil] é grande. Não há dúvida. A gente é questionado sempre sobre como as coisas estão acontecendo aqui.

O fato de não haver neste momento um ministro do Esporte também é um destaque dado pela mídia internacional e [abordado] pelo COI.

Mas é importante lembrar que, na organização dos Jogos, há uma composição grande de atores envolvidos. O ministro é um deles.

E dentro da estrutura do ministério, há uma secretaria que está diretamente envolvida [na Rio-2016]. É natural que eles [COI] nos perguntem a respeito disso."

Lava Jato

"As obras não foram de responsabilidade do comitê organizador, mas dos governos. Todas as empreiteiras envolvidas na Lava Jato [e que participam das obras olímpicas] têm cumprido os cronogramas como combinado."

Vírus da zika

"O governo brasileiro fez campanha enorme, com repercussão positiva muito grande. Nossa maior preocupação é a população. Também temos trabalhado para que não haja foco que permita o desenvolvimento do mosquito. Alguns comitês [nacionais] manifestaram preocupação, perguntando o que seria feito."

Instalações

Nuzman comentou sobre o cancelamento do evento-teste do ciclismo de pista, por causa do atraso na finalização do velódromo olímpico. "Ao ganharmos os Jogos, há um estado de euforia e isso vai diminuindo. Depois, volta a subir. A grande resposta eram as obras. O único que teve atraso foi o velódromo, cuja instalação é complexa."

Legado

Ainda há indefinição sobre quem vai bancar as instalações após o evento. Segundo Nuzman, isso acabará com órgãos públicos.

"A prefeitura [do Rio] está fazendo uma concorrência para saber quem vai administrar o Parque Olímpico. Nós [COB] temos condições de trabalhar na área técnica, mas na manutenção não conseguimos."

Venda de ingressos

A 128 dias dos Jogos, foram vendidos pouco mais de 50% dos tíquetes, mas Nuzman não acredita que esse dado seja preocupante.

"O costume do Brasil é deixar para a última hora. Vamos ter um resultado positivo na venda de ingressos. A avaliação [se a venda baixa até agora prejudicou de alguma forma] tem que ser feita depois dos Jogos."

Hotéis e aeroportos

"Em todos os Jogos, acontece isso [preços altos de hotéis]. Espero que tenham o bom senso de diminuir os preços. Estou muito feliz que os aeroportos vão estar 24 horas abertos porque permite que uma pessoa vá ver os Jogos e volte para sua casa, não precise dormir no Rio. Apesar de que é bom passar a noite no Rio."

Redução de custos

"O Rio deixará exemplo de que é possível diminuir os custos. Tóquio já está aproveitando. Vai deixar a imagem de cidade que começou o processo de diminuição do gigantismo dos Jogos e de ter feito as coisas sem dinheiro público."

Segurança

"O governo brasileiro está fazendo um trabalho magnífico. São 38 mil homens. Todos os cuidados são tomados. Com relação aos chefes de Estado, estamos esperando cerca de cem. Evidente que os atentados [na Europa] preocupam. Não é possível dizer como será feito para não acabar com o segredo da prevenção."

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade