Recém-escolhido para ministro interino do Esporte, o paulistano Ricardo Leyser, 45, afirmou à Folha que dedicará atenção à venda de ingressos para os Jogos Olímpicos e os Paraolímpicos do Rio.
Desde quinta (31) à frente da pasta, ele pretende lançar um pacote de ações para impulsionar a procura do público, até o momento aquém do o governo gostaria.
Uma das iniciativas aventadas é a União comprar entradas para distribuir a escolas públicas, sobretudo no caso dos Jogos Paraolímpicos, em setembro.
As atualizações mais recentes de venda do comitê organizador Rio-2016 dão conta de que pouco mais de 50% da carga de tíquetes para a Olimpíada foram vendidos. E só 10% foram comercializados para a Paraolimpíada.
"Há a percepção de que a população brasileira ainda não despertou para os Jogos. Vamos trabalhar fortemente nisso porque ainda não está na cabeça das pessoas. Falta a gente pôr um alerta para se lembrarem do evento e comprarem os ingressos", disse.
Segundo ele, há um grupo dentro do ministério dedicado exclusivamente a isso.
Prática semelhante ocorreu no Parapan do Rio, realizado em 2007, quando a União também repassou ingressos a alunos.
"Como há um conteúdo humano e de valores, e é uma época em que trabalhar esses valores é chave, é muito importante. Mas ainda não fechamos quais são as possibilidades", complementou.
Como existem algumas restrições ligadas à compra de ingressos olímpicos por autoridades, Leyser afirmou que a pasta tem discutido possibilidades com a CGU (Controladoria-Geral da União.
"Tudo tem de ser feito com muito critério e cuidado, dentro de uma política pública."
Embora tenha assumido o ministério nesta semana, Leyser está na pasta desde 2003, quando da criação dela. "Estou na 13ª temporada", diz ele, cujo período como ministro é incerto.
'CONFIANÇA'
Suas primeiras medidas serão recompor sua equipe, já que os secretários que estavam sob George Hilton, que pertencem ao PRB, não vão continuar. Leyser é do PCdoB.
Apesar da crise política, ele afirmou que conversou rapidamente com a presidente Dilma Rousseff, que lhe deu "confiança" e pediu "foco na entrega final dos Jogos."
Ele minimizou o vaivém de Hilton, que chegou a trocar o PRB pelo Pros na tentativa de seguir no comando.
Para Leyser, esse quadro de indefinição não afetou a relevância da instituição.
"Quem está na administração pública se acostuma às questões políticas. É da normalidade democrática. A decisão da presidente [de escolhê-lo] foi técnica, de privilegiar as entregas olímpicas", disse Leyser.
Além disso, também comentou que processo de impeachment de Dilma, em andamento na Câmara dos Deputados, não deve comprometer o trabalho do Esporte.
"O ministério está extremamente pressionado pelas atividades do dia a dia. Temos de terminar obras, não há como pensar em impeachment. Estamos com 150% do tempo tomado. O ministério tem de funcionar e pronto."
O comitê organizador da Olimpíada enviou felicitações pelo novo cargo e a cúpula do Comitê Olímpico Internacional, que estava preocupada, também ficou satisfeita.
Uma das principais preocupações na reta final de preparação é a segurança.
"É crítico. O mundo vive um risco de terrorismo nunca antes visto", disse ele, em alusão aos atentados de Paris e de Bruxelas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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