Publicidade
Publicidade

Pelo bi, Arthur Zanetti intensifica treinos nas argolas e troca chocolate por frutas

Treinar muito sempre foi rotina para o ginasta Arthur Zanetti, 25, atual campeão olímpico nas argolas.

A 114 dias da cerimônia de abertura dos Jogos do Rio, em agosto, porém, o atleta paulista elevou o padrão de preparação a um nível inédito.

No ginásio que é sua base, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, ele tem se submetido a um rotina exaustiva e muito focada.

Exaustiva porque prevê abdicação até mesmo de dias de folga em finais de semana. Jamais treinou com tamanha intensidade.

"A preparação está mais puxada do que a para os Jogos de Londres", disse o ginasta à Folha.

VIDA DE ATLETA - Arthur Zanetti

Exclusiva porque ele abriu mão de treinar em outros aparelhos para se dedicar àquele que é seu ganha-pão: as argolas, às quais tem devotado as seis horas diárias que dedica à ginástica —três pela manhã e três à tarde.

Uma amostra dessa nova fase poderá ser vista no evento-teste olímpico, que será realizado entre os dias 16 e 18.

"Seis horas de treinamento para todos os aparelhos é, até certo ponto, tranquilo. Agora, concentrar-se só nas argolas é bem puxado."

Ao longo de 2015, ele dividiu os treinos nas argolas com outros aparelhos, como cavalo, salto e solo. É, aliás, o que os ginastas, no Brasil e no exterior, costumam fazer.

Tamanho empenho nas argolas é como uma via de mão dupla. A repetição ensaiada o deixa apto para fazer uma série com menos falhas de execução. "Adquiro confiança", disse.

Por outro lado, ele fica mais vulnerável a lesão. "Tomo cuidado com o ombro. Nem sempre muito treino é vantajoso. Por isso, faço um trabalho de fisioterapia bem intenso e aplico gelo na região para amenizar", contou.
Outra maneira que o ginasta encontrou para aplacar qualquer risco é a atenção à balança. Graças a uma dieta mais restritiva, ele tem visto seu peso diminuir.

"Antes, eu escapava um pouco, mas neste ano, não. Sigo à risca. Eu sei que vai fazer diferença, então estou bem rígido nessa parte."

Tentações frequentes, como chocolate, às quais cedia anteriormente, foram barradas. Ele tem dia e quantidade certos para guloseimas.

O doce que costumava comer à tarde foi trocado por banana ou outra fruta.

Para ajudar, no almoço e no jantar, com base em uma dieta supervisionada por sua nutricionista, Zanetti assume o fogão. "Não é igual à comida da mãe, mas dá para comer. Quebra um bom galho", afirmou sobre seus dotes.

A redução de consumo de calorias começou a dar efeito recentemente. Seu peso caiu para 60,8 kg, marca que não conseguia há quatro anos. Até poucos meses atrás, girava em torno de 63 kg.

"Parece pouco, mas um ou dois quilos a menos facilitam na hora da prova. É mais força com menos peso para carregar", afirmou.

A nova dieta é um dos ingredientes centrais deste ciclo olímpico, no qual Zanetti foi campeão mundial em 2013, vice em 2014 e ficou fora do pódio no ano passado.

Em 2015, porém, liderou a seleção masculina na obtenção de uma inédita classificação olímpica por equipes.

Antes de chegar para a disputa da Olimpíada do Rio, em agosto, ele planeja disputar duas competições: as etapas da Copa do Mundo de São Paulo, a ser realizada entre 20 e 22 de maio, e da cidade portuguesa de Anadia, de 23 a 26 de junho.

CORAÇÃO DE ESTUDANTE

Não bastassem os treinos, Zanetti tenta se tornar bacharel em educação física pela Universidade de São Caetano do Sul –ele já se graduou em licenciatura.

Depois de dedicar praticamente nove horas do dia ao esporte, ele junta suas coisas e parte para a universidade. Nesse meio tempo, alimenta-se com mais uma refeição feita por ele.

O ginasta conta que os seus professores sempre lhe perguntam sobre a preparação olímpica. Porém, a empatia não garante notas altas. "Ainda não estão dando mole, mas quando entrar no período da competição vão aliviar", acredita.

Zanetti espera manter os estudos até quando for possível. Sabe que em meados deste ano será inevitável fazer uma pausa.

Enquanto não resolve quando interrompe os estudos, ele tenta se habituar a dormir mais cedo, reconhecidamente uma fraqueza.

Costuma se deitar entre 23h30 e 0h, mas assume que deveria dormir mais cedo.

Em meio a tantas renúncias por um bicampeonato olímpico, Zanetti não se arrisca a fazer prognóstico. "Ninguém é favorito numa Olimpíada."

No dia 15 de agosto, data da competição final das argolas, todo o esforço dele será, enfim, colocado à prova.

*Além desta edição, a série "Vida de Atleta" será publicada nas próximas quartas-feiras (20 e 27 de abril e 4 de maio) e no domingo, 8 de maio.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade