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Ativista expõe 'anti-souvenirs' irônicos dos Jogos Olímpicos

O "artivista" Rafael Puetter, conhecido como Rafucko, criou uma "loja" para vender "anti-souvenirs" dos Jogos Olímpicos. Caveirão de pelúcia, cartões postais com jovens negros sendo revistados pela polícia e pedaços dos escombros das casas derrubadas na Vila Autódromo são alguns dos "presentinhos" criados pelo artista.

A "loja" faz parte da exposição ComPosições Políticas, que está em cartaz no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, na Praça Tiradentes, no centro do Rio.

"A intenção é botar na vitrine as monstruosidades que acontecem no Rio. Mostrar para o pessoal que virá para assistir aos Jogos um outro lado da cidade olímpica", disse Rafucko, 30.

Para conceber a exposição, o artista morou por um mês na favela da Maré, uma das comunidades mais conturbadas do Rio. O local foi ocupado pelo Exército até o ano passado, mas ainda registra estatísticas elevadas de violência.

"A minha mostra é a tentativa de fazer uma loja de souvenirs olímpico mais honesta. Este lado violento da cidade também tinha que estar representado e mostrado para os turistas", afirma o artista, que colocou para vender algumas das obras.

A sandália com a imagem de jovens sendo revistados do lado de fora de um ônibus custa R$ 30. Uma caneca com a foto do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) é vendido por R$ 40. Já os cartões postais são negociados por R$ 5.

"O meu objetivo não é o lucro. É apenas para recuperar o dinheiro gasto na fabricação das peças", explica Rafucko.

A "loja" gerou polêmicas. Familiares de vítimas da violência protestaram. Rafucko chegou a tirar a réplica de um carro cravado de tiros, que representava o veículo em que cinco jovens foram mortos por policiais militares do Rio em novembro do ano passado. A perícia constatou que os policiais dispararam 111 tiros de pistola e fuzil contra o carro em que estavam as vítimas. Eles voltavam de um passeio.

"Entendi a dor deles", diz.

Procurada, a Rio-16 preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

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