Quem visitar o Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos e não quiser se hospedar em hotéis ou albergues terá opções de alugueis de imóveis para todos os gostos –e bolsos. Dependendo do que o interessado procura, é possível encontrar casas, apartamentos ou quartos individuais cujas diárias podem ir de R$ 55 a R$ 35 mil.

Se o objetivo é o luxo, há opções de mansões com até seis suítes, piscina, sauna, academia e quadras de tênis e vôlei de praia. Se a ideia é pagar pouco, há locais no subúrbio sem qualquer tradição turística que têm recebido demanda por estarem próximos a locais de competição.

O aluguel em áreas "menos nobres" foi algo pouco visto, por exemplo, durante a Copa do Mundo, em 2014. A demanda na ocasião se concentrou na zona sul da cidade e próxima ao Maracanã, na Tijuca, bairro de classe média na zona norte.

No Airbnb, site de aluguel de imóveis e quartos para temporada, parte das 10 mil reservas já efetuadas para o período dos Jogos está em bairros como Méier, Del Castilho e Marechal Hermes.

O interesse maior continua a ser Copacabana, Ipanema, Leblon, Botafogo e Barra da Tijuca, mas as escolhas menos ortodoxas surpreenderam até quem colocou anúncio de forma despretensiosa.

É o caso da chef de cozinha Lygianne Reis, 26, que alugará um quarto em seu apartamento na Praça Seca, bairro de classe média baixa da zona oeste. Raros lugares do Rio têm tão pouco a oferecer a um turista estrangeiro. Lá não tem praia, lagoa ou museu.

O apartamento de Lygianne fica perto da entrada de uma favela controlada por traficantes e milicianos, fato que não impediu que um francês que será voluntário na Olimpíada topasse pagar R$ 100 por dia, com café da manhã incluso. Ela, que mora com o marido e a filha de dois anos, alugou por um período de 19 dias.

"Praça Seca fica a 20 minutos de BRT do Parque Olímpico. É metade do tempo de quem fica em bairros da zona sul. Aqui não tem aquela beleza toda, mas ele topou pelo preço e facilidade de deslocamento", disse.

	Ricardo Borges/Folhapress
	Casa que foi do arquitetada por Zanine Caldas, localizada no Joá na cidade do Rio

BAIXO CUSTO

A alguns quilômetros dali, dois estrangeiros fecharam sua estadia para a Olimpíada com o técnico em alimentos Pablo Ayrton, 21. O jovem decidiu alugar quartos de sua casa em Oswaldo Cruz, zona norte da cidade, para pagar parte de seu casamento no fim deste ano.

Localizada a 40 quilômetros do Cristo Redentor e a uma hora de Copacabana, a casa de telha de amianto não tem nenhum luxo. Fogão e geladeira são antigos, assim como os poucos móveis.

O que tornou o lugar atraente para uma uruguaia e uma australiana que decidiram hospedar-se ali foi a proximidade com o Complexo Esportivo de Deodoro. Elas pagarão R$ 55 por dia.

"É bastante vantajoso [para o turista] por conta do custo de vida mais baixo que o da zona sul, além de ser de fácil acesso a locais de competição", disse.

O Rio é a quarta maior cidade em número de ofertas de imóveis no Airbnb, com 25 mil no total. A média da diária das ofertas para Olimpíada disponíveis na última terça-feira era de R$ 1.081. No mesmo intervalo do mês seguinte, ela cai para R$ 577. Cada reserva tem um número médio de três pessoas.

LUXO

A diária média é muito menor do que os proprietários da casa que foi do arquiteto autodidata Zanine Caldas, no Joá, na zona oeste da cidade, esperam conseguir.

Com seis quartos, decoração rústica e vista ampla do mar de São Conrado, a Casa da Joatinga, que foi palco de saraus de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Dorival Caymmi nos anos 1970, está disponível por US$ 10 mil (cerca de R$ 35 mil) por dia.

A casa, que até a Copa era alugada somente para eventos comerciais, festas ou filmagens, está anunciada no Airbnb e em sites especializados em turismo de luxo.

Na Copa, grupos de São Paulo e de Portugal pagaram US$ 8.000 pela diária no local, que abriga até 15 pessoas.

"Esse tipo de casa é procurado geralmente por chefes de Estado, corpos consulares, patrocinadores e empresários do mundo árabe e da Europa", disse Rafael Dutra, sócio-proprietário da corretora Rio Estate Luxe.

Algumas delegações de atletas também buscam mansões na área da Barra da Tijuca. O corretor holandês Jasper Veelenturf, da corretora Where in Rio, fechou contrato para o aluguel de uma casa de 2.000 metros quadrados com seis suítes, academia e quadras esportivas.

O valor, disse, ficou entre R$ 300 mil e R$ 400 mil para o período de um mês. O local servirá para que atletas de uma delegação estrangeira passem o dia quando não estiverem competindo.