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Tocha olímpica inicia giro pelo país alavancada por patrocinadores

Impulsionada por patrocinadores, que bancam metade dos condutores e travam disputa por espaços no evento, o revezamento da tocha olímpica começa nesta terça-feira (3), às 10h, em Brasília, e continua por mais 325 cidades até chegar ao Rio em 4 de agosto, um dia antes do início dos Jogos.

O símbolo olímpico chega ao país por volta das 6h30 e será levado ao Planalto pelo presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, e entregue à presidente Dilma Rousseff.

Após a cerimônia, ela será entregue a Fabiana Claudino, 31, capitã da seleção brasileira de vôlei e bicampeã olímpica (2008 e 2012).

Mas não serão apenas atletas a carregar a tocha pelos 200 metros a que cada escolhido tem direito. Em Brasília, o trajeto segue com matemático, refugiada síria, agricultora, dono de livraria e outros (veja abaixo).

Eles foram indicados por patrocinadores, comitê organizador, Comitê Olímpico do Brasil (COB), Comitê Olímpico Internacional (COI) ou governos. Serão 12 mil condutores, que podem comprar suas tochas por R$ 1.985,90.

As tochas que não forem compradas pelos seus condutores, segundo a Rio-2016, "serão disponibilizadas para venda. Ainda segundo os organizadores, "o COI não permite que o comitê lucre, a venda é apenas para subsidiar a fabricação das tochas".

As empresas que patrocinam o revezamento vão presentear seus escolhidos com a tocha. São 2.400 condutores indicados pela Coca-Cola, 1.770 pela Nissan e 1.718 pelo Bradesco –são 5.888 condutores ou 49% do total.

"A Coca-Cola desenvolve há alguns anos um programa de relacionamento com os seus condutores, como uma forma de prover uma experiência que não dure apenas cinco minutos", diz a empresa, que é a mais antiga patrocinadora do revezamento, desde Barcelona-1992, e, por esse motivo, conta com alguns privilégios no evento.

Fabiana, por exemplo, que abre o revezamento no país, é patrocinada pela empresa. Tanto a Coca-Cola quanto os organizadores, porém, dizem que a escolha foi feita "pelo Comitê Rio-2016 e pela Presidência da República em função da biografia da atleta".

O ex-atleta de vôlei Giovane Gávio, primeiro brasileiro a receber a chama ainda em Olímpia, Grécia, no dia 21, é chamado de embaixador pelo Bradesco, que o patrocina.

Na lista de indicados da Nissan, entre os dez primeiros a levar a chama no país, está Adriana Araújo, 34, única brasileira medalhista no boxe, que faz parte do time de atletas da empresa.

O nome de Fabiana, assim como o de Giovane, foi escolhido de uma lista enviada à Rio-2016, sem ligação com os patrocinadores, conforme a reportagem apurou.

Não há referência aos patrocinadores no uniforme de quem levar a chama, mas eventos promocionais estão programados nas paradas.

2ª VEZ

Aos 20, a carioca Lara Leite de Castro, então estudante de Educação Física da UERJ, se tornou a primeira brasileira no revezamento, antes de Barcelona-1992. Nesta terça (3), em Brasília, aos 43 anos, com três filhos e vivendo em São Lourenço (MG), ela volta a carregar a chama. Aquela foi a primeira vez que um patrocinador (Coca-Cola) se aliou à organização e deu chance de pessoas de outros países a conduzirem –na ocasião, ela venceu um concurso de redação.

NA TV

Revezamento da tocha

9h, Band, Bandsports e SporTV

Tocha olímpica

CONHEÇA OS 10 PRIMEIROS CONDUTORES DA TOCHA NO BRASIL

1) Fabiana Claudino
Bicampeã olímpica (2008 e 2012) e capitã da seleção brasileira de vôlei, Fabiana Claudino é considerada uma das melhores centrais do mundo. Com 1,93m, a jogadora nascida em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, é uma das apostas do técnico José Roberto Guimarães para conquistar o tricampeonato olímpico nos Jogos do Rio.

2) Artur Ávila Cordeiro de Melo
Primeiro pesquisador brasileiro e da América Latina a receber a Medalha Fields, considerada o Nobel da Matemática, Artur Ávila Cordeiro de Melo, 36, se divide entre o Rio e Paris, cidades em que coordena estudos do Centre National de la Recherche Scientifique e do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada.

3) Gabriel Hardy
Aos 16 anos, Gabriel Hardy acumula prêmios e conquistas, como o campeonato brasileiro juvenil e o terceiro lugar no sul-americano de karatê. Aluno da rede pública estadual de Sobradinho, cidade-satélite do Distrito Federal, o atleta é agente jovem Transforma, programa feito em parceria com o governo federal que leva os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos às escolas. Gabriel treina na Associação Hardy, ONG dirigida por seu pai, o professor de karatê Heitor Hardy, que atende cerca de 100 crianças e jovens carentes da cidade.

4) Ângelo Assumpção
Uma das promessas brasileiras nos Jogos Olímpicos do Rio, Ângelo Assumpção é especialista em salto e solo, e integra a seleção de ginástica artística do Brasil. No ano passado, durante a etapa de São Paulo da Copa do Mundo de ginástica, o atleta paulistano subiu ao pódio para receber a medalha de ouro no salto ao lado de seu grande ídolo, o ginasta Diego Hypólito. Após passar por um episódio de racismo, o atleta de 19 anos venceu o preconceito e hoje está entre os destaques da seleção.

5) Aurilene Vieira de Brito
Diretora da Escola Estadual Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves (PI), Aurilene Vieira de Brito enfrenta as dificuldades diárias de educar estando em um dos 30 municípios do Brasil com o pior do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ainda assim, a professora conseguiu colocar sua escola entre as melhores no Ensino Médio no país, ao vencer a defasagem educacional dos alunos e conquistar dezenas de medalhas em Olimpíadas de Matemática e Química.

6) Hanan Khaled Daqqah
Hanan e sua família moravam na cidade de Idlib, no nordeste da Síria, um dos palcos da guerra civil no país. Seu pai foi preso, acusado de tráfico de pessoas, ao ajudar amigos a escapar da violência. Ficou 11 meses detido e, após libertado, passou a ser ameaçado de morte por grupos governistas e da oposição. Foi quando a família buscou abrigo na Jordânia, onde viveu por dois anos e meio no campo de refugiados de Zaatari. Em 2015 eles chegaram ao Brasil por meio do programa de vistos humanitários do governo federal, que facilita a entrada no país de pessoas afetadas pelo conflito na Síria. Toda sua família foi reconhecida pelo governo como refugiados e agora reconstrói sua vida no Brasil. Aos 12 anos, Hanan vive em São Paulo com seu pai, a mãe, um irmão mais velho e uma irmã bebê, mais os tios e outros quatro primos, em um pequeno apartamento no centro da cidade. A mãe de Hanan está grávida, e em breve ela terá um irmão brasileiro.

7) Adriana Araújo
Adriana Araújo é a única mulher brasileira medalhista olímpica no boxe, o bronze conquistado há quatro anos, na categoria até 60 kg, nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. A pugilista baiana de 34 anos, que conquistou a centésima medalha brasileira em Jogos Olímpicos, quer continuar a fazer história nos Jogos do Rio. Para isso, ela se mudou de Salvador para São Paulo, no ano passado, para se dedicar exclusivamente aos treinos.

8) Gabriel Medina
Um dos maiores ídolos do esporte brasileiro, Gabriel Medina iniciou ainda na adolescência sua trajetória vitoriosa no surfe. Aos 11 anos, o surfista nascido em São Sebastião (SP), em 1993, ganhou seu primeiro campeonato nacional e, aos 15, se tornou o atleta mais novo a vencer uma etapa do Mundial de Surf (ASP). No final de 2014 entrou para a história como o primeiro brasileiro a conquistar o título da WCT, o circuito mundial de surfe.

9) Paula Pequeno
Melhor jogadora dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, a bicampeã olímpica Paula Pequeno defende atualmente a equipe Brasília Vôlei na Superliga. A ponteira de 34 anos tem uma trajetória vitoriosa, atuando nas principais equipes brasileiras, com passagens pela Rússia e Turquia.

10) Vanderlei Cordeiro de Lima
O ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, 46, protagonizou um dos momentos mais emocionantes da história dos Jogos Olímpicos. Ele liderava a prova da maratona, em 2004, na Grécia, quando, a seis quilômetros da linha de chegada, foi derrubado por um manifestante religioso, que burlou a segurança da prova. Em vez de se abalar, o atleta voltou à prova e conquistou a medalha de bronze. Pela demonstração de espírito olímpico, Vanderlei recebeu do Comitê Olímpico Internacional a medalha Pierre de Coubertin –o primeiro latino-americano a ganhar a condecoração.

O repórter MARCEL MERGUIZO viajou a convite da Nissan

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