A Komeco, empresa catarinense responsável por climatizar todos os apartamentos das vilas dos Atletas e de Mídia e as salas de todas as arenas da Rio-2016, está em recuperação judicial.

A fornecedora de ar-condicionado acumula R$ 331 milhões de dívidas, a maioria com bancos. Um plano para reerguer a companhia ainda será apresentado à Justiça de Santa Catarina.

O diretor comercial da Komeco, Sandro Suda, afirmou que o mau momento financeiro não ameaça o serviço.

	Ricardo Borges/Folhapress
	Funcionário da Komeco faz reparo em ar-condicionado na Vila Olímpica

A empresa diz que 85% do trabalho já foi realizado, restando a climatização dos apartamentos de dois dos 31 prédios da Vila Olímpica e das arenas do Complexo Esportivo de Deodoro ainda não concluídas -o Centro de Hipismo, por exemplo.

"Todas as empresas do Brasil estão em crise. Pedimos recuperação para segurar a cobrança de dívidas para conseguir trabalhar", afirmou Suda.

A empresa assinou o primeiro contrato com o comitê organizador dos Jogos em 12 de fevereiro deste ano. Nele, se comprometeu a instalar ar-condicionado e aquecedor de gás em todos os 3.600 apartamentos da Vila Olímpica.

Após duas semanas, protocolou o pedido de recuperação judicial.

Em março, um novo contrato foi feito. Desta vez, a Komeco passou a ser responsável pela climatização das salas das arenas e locais não competitivos sob responsabilidade do comitê, como alguns espaços no aeroporto Antônio Carlos Jobim.

"Nós tínhamos conhecimento da situação da empresa, mas entendemos que a medida judicial é para recuperá-la. Tudo vai ser entregue", afirmou o diretor-executivo de comunicação da Rio-16, Mario Andrada.

Outra empresa em recuperação judicial causou atrasos na preparação para o evento. A Tecnosolo, responsável pela construção do Velódromo, atrasou a conclusão da obra por conta das dificuldades financeiras. Uma outra construtora teve de ser subcontratada para finalizar o serviço.

Suda afirma que este não é o caso da Komeca. Ele diz que a empresa já tem em estoque todos os equipamentos necessários. Segundo ele, a participação na Olimpíada deu destino a produtos parados por conta da crise.

"Tinha no início do ano 100 mil equipamentos parados. Ninguém está comprando. Vou usar cerca de 20 mil deles nos Jogos. Meu gasto adicional nesse contrato é com mão-de-obra para instalação", disse Suda.

Os aparelhos de ar-condicionado da Vila Olímpica estiveram ameaçados pelos cortes no comitê organizador no fim de 2015. Após queixas de federações e comitês olímpicos, a Rio-16 voltou atrás.

Segundo a Folha apurou, a empresa foi contratada por cerca de R$ 40 milhões, dos quais um quarto será pago com direitos de uso da marca dos Jogos, como fornecedora oficial.

	Ricardo Borges/Folhapress
	Ar-condicionados na Vila Olímpica

OUTRO LADO

A Komeco afirmou que todos os equipamentos necessários para a climatização dos apartamentos das vilas dos Atletas e de Mídia e das arenas já estão disponíveis para a instalação.

De acordo com o diretor comercial da empresa catarinense, Sandro Suda, a conclusão do serviço depende apenas da liberação das áreas pelo comitê organizador.

"Todos os aparelhos de ar-condicionado estão na garagem da Vila Olímpica ou em depósitos aqui no Rio", disse Suda à reportagem.

O diretor comercial afirmou que a fornecedora catarinense entrou em crise em razão da queda brusca nas vendas de aparelhos de ar-condicionado e o encarecimento do crédito junto a instituições financeiras.

"O comitê organizador me paga em dia e me ajuda a dar destino aos aparelhos parados em depósitos", disse o diretor da Komeco.

O comitê organizador da Olimpíada do Rio afirmou que a empresa apresentou capacidade de entregar o serviço prometido.