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Rio-2016

Esgrimista da seleção tem naturalização brasileira suspensa

A esgrimista húngara Emese Takács, 38, teve a sua naturalização brasileira suspensa na última quarta-feira (11) e pode ficar dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto. A informação foi divulgada pelo jornal "O Globo" nesta sexta (13).

Emese, segunda colocada no ranking nacional de espada, está na lista dos convocados pela CBE (Confederação Brasileira de Esgrima) para a Olimpíada. Porém, agora sua presença é incerta.

Como a decisão não é definitiva, pois cabe recurso, a situação da esgrimista está indefinida. À Folha, tanto o COB (Comitê Olímpico do Brasil) quanto a CBE disseram que ela ainda consta da lista de convocação. O prazo final de inscrição da seleção de esgrima para os Jogos do Rio é 1º de julho.

Divulgação
Emese Takacs, 38, é terceira colocada no ranking brasileiro de espada divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Emese Takacs, 38, terceira colocada no ranking brasileiro de esgrima

A húngara, naturalizada brasileira por casamento, tem 20 dias para se defender perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre. O recurso também poderá ser impetrado pela Advocacia Geral da União (AGU), pois a União é ré no processo.

O técnico Giocondo Cabral, autor do processo e treinador da esgrimista brasileira Amanda Simeão (hoje primeira reserva da seleção brasileira convocada para a Olimpíada), alega que Emese conseguiu a cidadania de forma ilegal. O treinador pleiteia a anulação imediata da portaria de 14 de abril de 2015, do Ministério da Justiça, que concedeu a condição de brasileira à húngara.

Para ele, a húngara teria "arranjado" um casamento com o fotógrafo Rafael de França Barreto, em 2013 –os dois têm endereço no Rio.

Na reportagem, a avó de Barreto diz que nunca conheceu a atleta europeia. Segundo o advogado de Cabral, Thiago Paiva dos Santos, a húngara nem sequer domina o português.

Ao jornal carioca, Emese negou ter pago por casamento e diz que cumpriu todos os pontos exigidos por lei. Ela afirma que planeja morar com o marido após a Olimpíada do Rio.

Atualmente, porém, a esgrimistas vive em Budapeste, onde manteria relacionamento com Attila Szábo –imagens do Facebook que foram anexadas ao processo, segundo "O Globo", mostram a húngara no que seria a comemoração de dois anos de relacionamento com Szábo, no dia 27 de dezembro de 2013. Nesta data ela já estava casada no Brasil (o que ocorreu em 16 de maio do mesmo ano).

Explica-se: a lei brasileira diz que é necessário residência contínua no país por um ano para obter a naturalização caso seja a pessoa casada com um cidadão brasileiro.

No relatório da Polícia Federal, porém, é apontado que Emese esteve no país por apenas 56 dias no período de um ano que precedeu o pedido de naturalização, feito no dia 11 de março de 2015. Até esta data, ela tinha permanecido no país por 183 dias, diz a PF.

Casos de naturalização em que não há casamento com um ou uma brasileira, o tempo mínimo de permanência no país é de quatro anos.

Assim, dos oito requisitos do Estatuto do Estrangeiro que a esgrimista húngara deveria cumprir para ter a cidadania, ela não cumpriria três: falar português, a residência mínima no país e o casamento.

Vice-presidente da CBE, Ricardo Machado disse à Folha que a entidade ainda não recebeu comunicado oficial da decisão, mas que cumprirá assim que informada. "Até o momento, não temos nenhuma atitude a tomar."

Em 6 de maio de 2014, a CBE enviou documento às autoridades responsáveis pela naturalização da atleta pedindo celeridade no processo. A informação consta em documento da própria confederação, anexado ao processo.

Reprodução/Facebook
Reprodução de página do Facebook de Attila Szábo com fotos ao lado de Emese Takács
Reprodução de página do Facebook de Attila Szábo com fotos ao lado de Emese Takács

INÍCIO DO CASO

Emese estava competindo pelo Brasil há cerca de um ano quando a atleta Amanda Simeão, 21, soube que poderia ter algo irregular com a a naturalização da húngara.

Elas defendiam a seleção na etapa de Barcelona da Copa do Mundo quando uma outra esgrimista, estrangeira, alertou sobre o relacionamento de Emese com o húngaro Szábo.

"Quando ela conseguiu a naturalização, ela veio falar comigo. Eu disse que ela era bem-vinda. Mas quando descobri os problemas dela, percebi que não era justo [ela competir pelo Brasil]", afirma Amanda à Folha. "A Nathalie [Moellhausen], que é uma baita atleta, sempre ajudou muito a gente. Ela [Emese], não", completa.

A companheira de seleção a que Amanda se refere, Nathalie Moellhausen, 30, também nasceu fora do Brasil. A italiana, campeã do mundo em 2009, defende as cores brasileiras desde o início de 2014. Ela é filha de italianos, mas a avó materna é brasileira.

A seleção brasileira de espada ainda tem outra gringa. Katherine Miller, norte-americana filha de pai brasileiro, atualmente é a quinta colocada no ranking nacional. Caso a húngara não vá para a Olimpíada do Rio, Amanda assumiria a terceira vaga e Katherine passaria a constar como primeira reserva.

"Não acho justo vir alguém de fora, como a Emese, enquanto ficamos aqui oito anos suando, ralando. Se ela viesse para agregar, tudo bem, mas ela nem sequer fala com a gente", afirma o técnico Giocondo Cabral.

Segundo o treinador, a situação da húngara ainda podia prejudicar o Brasil em caso de desclassificação nos Jogos Olímpicos do Rio. Por esse motivo, acredita que agora está sendo feito justiça.

"Não é uma luta pela Amanda, que é uma menina muito justa. É por toda a equipe do Brasil. Agora é aguardar a decisão. Estou feliz. Nossa República de Curitiba é boa", concluiu Cabral, em referência à Operação Lava-Jato.

Reprodução/Facebook
Reprodução de página do Facebook de Attila Szábo com fotos ao lado de Emese Takács
Reprodução de página do Facebook de Attila Szábo com fotos ao lado de Emese Takács
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