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Rio-2016 triplica número de Londres e vai distribuir 450 mil camisinhas a atletas

Reprodução

Ao menos em um aspecto os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto, não terão paralelo e despontarão como os maiores de todos os tempos, em consonância com um slogan adotado por políticos: a distribuição de camisinhas.

Nunca antes na história das Olimpíadas foram tantos preservativos à disposição.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmou à Folha que 450 mil camisinhas serão disponibilizadas a competidores, técnicos e oficiais a partir de 24 de julho, quando será oficialmente aberta a Vila Olímpica, no Rio.

É o triplo do que o distribuído nos Jogos de Londres, em 2012, que bateu o recorde com 150 mil contraceptivos –média de 14 por atleta, considerando que cada edição olímpica de verão recebe cerca de 10.500 esportistas.

No Rio, considerado o mesmo contingente, a média per capita aumenta para 42.

Além do recorde no número de camisinhas, há outra novidades: pela primeira vez nos Jogos serão disponibilizados preservativos femininos. Assim, a soma chega a 350 mil camisinhas masculinas, 100 mil femininas e ainda 175 mil sachês de lubrificantes.

"Esta é considerada a quantidade suficiente para incentivar os atletas a praticarem sexo seguro enquanto estão no Brasil para os Jogos Olímpicos", afirma o COI.

A obtenção poderá ser feita de forma gratuita na policlínica do complexo de apartamentos ou em uma das 41 máquinas distribuidoras de preservativos da Vila.

"Os atletas podem desempenhar um papel importante na luta contra o HIV e Aids", diz o comitê internacional.

Já o comitê organizador Rio-2016, questionado durante a última semana pela Folha, não comentou sobre a distribuição recorde de camisinhas na Olimpíada.

O enorme fornecimento para os Jogos será feito pelo Ministério da Saúde, que repassa os preservativos à Secretaria de Saúde do Rio. Esta, por sua vez, firmou parceria com o comitê organizador para suprir as delegações.

À reportagem, a assessoria de imprensa da pasta disse que, "provavelmente", o número de camisinhas cresça, com a previsão de envio de novas remessas.

Os preservativos olímpicos, porém, não são parte de uma compra específica do governo federal para os Jogos. Elas já faziam parte do estoque, diz o ministério.

OLIMPÍADA DAS CAMISINHAS - Quantidade de preservativos distribuídos por Jogos Olímpicos, neste século, em mil

PREVENÇÃO HISTÓRICA

A provisão de preservativos virou tradição nos Jogos Olímpicos a partir de Barcelona-1992, como medida adotada estrategicamente para combater a Aids. Desde então, virou prática recorrente.

Dos cem mil dados em Sydney-2000, o número saltou a 130 mil em Atenas-2004. Regrediu novamente para cem mil nos Jogos de Pequim, quatro anos mais tarde, e teve o até então recorde de 150 mil na Olimpíada londrina –a empresa Durex patrocinou a remessa em 2012.

O Rio vai superar todas, e de longe. Nem COI nem comitê organizador informam se a quantidade recorde tem relação com o vírus da zika.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) emitiu alerta sobre o risco de contágio da doença por relação sexual.

Os australianos, por exemplo, anunciaram que levarão ao Rio camisinhas com gel inibidor ao vírus e a outras doenças sexualmente transmissíveis, como Aids e HPV.

'SEXO ROLA, E MUITO'

Atletas brasileiros ouvidos pela Folha disseram achar exagerado o número de camisinhas que serão distribuídas no Rio, levando em consideração a média por pessoa.

Eles, porém, confirmaram que muitos esportistas mantêm relações sexuais ao longo dos Jogos, em geral.

"Sexo rola, e muito. O pessoal não brinca em serviço. Rola antes e durante as competições. Temos acesso a todos os prédios da Vila. Mas o curioso é ver os interesses: o cara do levantamento de peso interessado na menina da ginástica, o da vela na queniana dos 10.000 m", afirmou um atleta olímpico, que não quis ter o nome revelado.

Como há festas dentro da Vila, muitas realizadas pela própria organização, o contato entre atletas durante as noites também é facilitado.

"Há atletas que são loucos na balada. Uns tomam cerveja, tiram a roupa. Alguns até saem pela cidade. Os europeus são os mais loucos", disse outro brasileiro, que esteve nos Jogos em Pequim-2008 e Londres-2012.

Competidores de esportes coletivos, como vôlei e basquete, podem ficar até mais de duas semanas na Vila.

Já esportistas de modalidade individuais, como judô, muitas vezes passam apenas um dia no complexo de prédios. Por isso, a diversão entre eles depende muito da prioridade do momento.

"Não estamos tratando de atletas em uma excursão para os jogos escolares. Nas duas últimas Olimpíadas realizadas na Ásia e na Europa não vi essa preocupação [com uma distribuição tão grande de camisinhas]. Me parece mais que o motivo e pelo fato de os Jogos serem realizados na América do Sul", ponderou Sandro Viana, representante do Brasil no atletismo nos dois últimos Jogos e atrás de índice para ir ao Rio.

OLIMPÍADA DAS CAMISINHAS - Quantidade de preservativos distribuídos na Rio-2016

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