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Rio-2016

Com salário maior, estrangeiros se naturalizam brasileiros com ajuda do COB

Na última terça (17), quando a Federação Internacional de Natação emitiu certidão que permite atuar pela seleção brasileira e disputar a Olimpíada, Slobodan Soro, 37, tornou-se a "cereja do bolo" de uma política de naturalizações promovida por confederações brasileiras de olho nos Jogos do Rio.

Ao menos 14 atletas naturalizados ou com dupla cidadania estão listados pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) para os Jogos ou têm grande chance de classificação. O número deve aumentar.

Adriano Vizoni/Folhapress
Retrato do lutador de Wrestling Eduard Soghomonyan, de origem armênia e que tenta se naturalizar brasileiro para competir pelo país nas Olimpíadas do Rio de Janeiro
Wrestling Eduard Soghomonyan, de origem armênia e que tenta se naturalizar brasileiro

Em 2012, o país teve só dois naturalizados naquele ciclo: Larry Taylor (basquete) e Lin Gui (tênis de mesa).

Na maioria das vezes, as motivações para a vinda dos gringos envolvem boa oportunidade financeira ou a chance de competir nos Jogos (em seu país de origem, o atleta poderia ter mais dificuldade para obter a vaga).

Campeão mundial de polo aquático pela Sérvia em 2009, Soro foi seduzido por proposta da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), que lhe ofereceu salário e a promessa de um time competitivo nos Jogos.

Há atletas que também optaram pela naturalização em esportes como esgrima, lutas associadas, remo e rúgbi.

Trata-se de atalho para que modalidades pouco desenvolvidas no país tenham alguma chance de medalha.

O COB não possui programas para naturalização, mas lembra que as confederações têm autonomia. "Se identificam que uma naturalização será positiva e pedem algum tipo de auxílio, o COB busca apoiar este projeto", disse, em nota.

Satiro Sodre - 15.set.2015/SSPress
Slobodan Soro, Botafogo x Flamengo. Liga Nacional de Polo Aquatico 2015 no parque aquatico Mourisco Mar. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Slobodan Soro durante a partida entre Botafogo e Flamengo

POLO AQUÁTICO

Nem bem os Jogos de Londres-2012 chegaram ao fim e dirigentes da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) tinham na alça de mira reforçar a seleção masculina de polo aquático.
Um dos primeiros procurados foi o goleiro sérvio Slobodan Soro, cuja liberação definitiva ocorreu na terça (17).

O agora brasileiro, que fala português, fará sua estreia na final da Liga Mundial, no próximo mês, na China.

Ele será o principal nome de um time que tem o croata Josip Vrlic, o cubano Yves Gonzáles, o espanhol Adrià Delgado e o italiano Paulo Salemi. Felipe Perrone, nascido no Brasil, defendeu a Espanha, mas voltou a atuar pelo país após acordo com a CBDA.

A equipe conquistou a prata no Pan de Toronto e o bronze na Liga Mundial de 2015.

Além do salário dos clubes e dinheiro ganho com patrocínios pessoais, Perrone, Soro e Vrlic recebem R$ 20 mil por mês da CBDA, pagos com o patrocínio dos Correios, por atuarem para a seleção. Os demais naturalizados ganham ajuda de custo menor.

"Os estrangeiros não caíram de paraquedas, já tinham algum contato com o Brasil", diz Ricardo Cabral, coordenador da seleção.

"Em momento algum foi apenas por dinheiro. Eles não são mercenários do esporte", completou. Vrlic e Soro jogaram por equipes do país.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O Jogador espanhol Adrià Delgado, 21, que joga Pólo Aquático pelo Botafogo na piscina do Clube Paineiras no Morumbi
O Jogador espanhol Adrià Delgado, 21, que joga Polo Aquático pelo Botafogo

CORAÇÃO BRASILEIRO

Outros motivos, além do dinheiro, fazem atletas estrangeiros disputarem medalhas pelo Brasil. Afinidade com o país e uma paixão podem levar um atleta mudar de nacionalidade. Foi o caso do armênio Eduard Soghomonyan, 26, provável representante da luta greco-romana brasileira nos Jogos do Rio.

O primeiro contato dele com o Brasil ocorreu nos Jogos Pan-Armênios de 2011, quando recepcionou a delegação brasileira no seu país.

Um ano depois, retribuiu a visita. Em São Paulo, conheceu uma brasileira, se apaixonou e resolveu ficar.

"Com o casamento, consegui visto permanente e passaporte esportivo [para disputar competições pelo país]. Aí, comecei a ver a possibilidade de representar o Brasil no Rio", diz Soghomonyan, 11º do ranking mundial.

Ele recebeu ajuda da CBLA (Confederação Brasileira de Lutas Associadas) para dar início ao processo de naturalização e aguarda assinatura do Ministério da Justiça. A expectativa é que a documentação fique pronta em dez dias.

Divulgação
Emese Takacs, 38, terceira colocada no ranking brasileiro de espada
Emese Takacs, 38, terceira colocada no ranking brasileiro de espada

DEMORA

Carlos Mirabal, 33, viveu expectativa parecida. Em 2006, desertou de Cuba, onde já havia defendido seleções de base no handebol e desde 2007 vive no Brasil.

No fim de 2014, foi convocado para a seleção brasileira, mas foi cortado do Mundial de 2015, pois seu processo de naturalização não fora concluído em janeiro —o documento saiu em abril. Assim, Mirabal volta a ter esperança de jogar a Olimpíada.

Casado com a brasileira Brisa Alves desde 2014 e pai de gêmeas, o cubano só precisa de autorização da Federação Internacional de Handebol para defender a seleção brasileira, se chamado.

POLÊMICA
Se o caso do cubano, como outros, demorou anos, o da húngara Emese Takács, 38, foi resolvido em meses. Mas a esgrimista convocada para defender o Brasil nos Jogos do Rio teve sua naturalização suspensa na última quarta (11) por suspeita de fraude.

A AGU (Advocacia Geral da União), ré no processo, apresentou recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no Paraná, na terça (17) e contestação na sexta (20).

"Ela está está muito mal. Só espero que ela tenha tempo para se explicar", afirma o técnico da húngara, Evandro Oliveira.

"ESTRANGEIROS" NA RIO-2016
Atletas naturalizados ou repatriados que podem defender o Brasil na Rio-2016

LUTA GRECO ROMANA

EDUARD SOGHOMONYAN (ARMÊNIA)
Modalidade: até 130 kg / Nascimento: 19.fev.1990
Ligação com o Brasil: Veio para o Brasil em 2012, casou com uma brasileira e, após ter sucesso em competições nacionais, optou pela naturalização;
Principais resultados:
- Prata no Pan-Americano de Frisco-2015
- 14º no Mundial de Las Vegas-2015

ESGRIMA

ATHALIE MOELLHAUSEN (ITÁLIA)
Modalidade: espada/ Nascimento: 1º.dez.1985
Ligação com o Brasil: Filha de brasileira, chegou a disputar os Jogos de Londres-2012 pela Itália. Começou a competir pelo Brasil em 2014;
Principais resultados:
- Bronze individual e por equipes no Pan de Toronto-2015
- Bronze individual no Mundial de Paris-2010
- Ouro por equipes no Mundial de Antália-2009

GHISLAIN PERRIER (FRANÇA)
Modalidade: florete / Nascimento: 17.mai.1987
Ligação com o Brasil: Nascido em Fortaleza, foi adotado por um casal de franceses ainda bebê. Começou a carreira na França e passou a defender o Brasil em 2014
Principais resultados:
- Prata por equipes e bronze individual no Pan de Toronto-2015

MARTA BAEZA CENTURION (ESPANHA)
Modalidade: sabre / Nascimento: 2.mar.1992
Ligação com o Brasil: Nasceu no país, mas começou a praticar o esporte e disputar campeonatos de base pela Espanha
Principal resultado:
- 84ª do ranking mundial

EMESE TAKACS (HUNGRIA)
Modalidade: espada / Nascimento: 28.abr.1978 (38 anos), em Budapeste (HUN)
Ligação com o Brasil: Se casou com brasileiro e conseguiu a cidadania em abril de 2015. A união e sua naturalização são contestadas na Justiça
Principal resultado:
- Bronze por equipes no Europeu de Bolzano-1999
- 26ª do ranking mundial em 2009

POLO AQUÁTICO

SLOBODAN SORO (SÉRVIA)
Nascimento: 23.dez.1978
Ligação com o Brasil: Foi contratado pela CBDA para integrar a seleção brasileira. Se naturalizou para os Jogos do Rio
Principais resultados:
- Bronze nos Jogos de Londres-2012
- Prata no Mundial de Xangai-2011
- Ouro no Mundial de Roma-2009
- Bronze nos Jogos de Pequim-2008

JOSIP VRLIC (CROÁCIA)
Nascimento: 25.abr.1986
Ligação com o Brasil: Joga no Brasil desde 2013, quando decidiu se naturalizar após conversas com a CBDA
Principais resultados
- Bronze na Liga Mundial 2015
- Prata no Pan de Toronto-2015

FELIPE PERRONE (ESPANHA)
Nascimento: 27.fev.1986
Ligação com o Brasil: Nasceu no país, mas disputava competições pela seleção espanhola. Em 2014, foi repatriado pela CBDA visando os Jogos do Rio
Principais resultados:
- Prata no Mundial de Roma-2009
- Bronze no Mundial de Melbourne-2007

PAULO SALEMI (ITÁLIA)
Nascimento: 8.ago.1993
Ligação com o Brasil: É filho de brasileira, mas nasceu na Itália. Chegou a disputar campeonatos de base pela Itália, mas decidiu se juntar ao time do Brasil antes do Pan de 2015
Principais resultados:
- Bronze na Liga Mundial 2015
- Prata no Pan de Toronto-2015

IVES GONZÁLEZ ALONSO (CUBA)
Nascimento: 12.out.1980 (36 anos), em Cienfuegos (CUB)
Ligação com o Brasil: Há oito anos se casou com uma médica brasileira e, em 2014, decidiu se naturalizar para disputar o Pan de Toronto
Principais resultados
- Bronze na Liga Mundial 2015
- Prata no Pan de Toronto-2015
- Prata no Pan de Winnipeg-1999

ADRIÀ DELGADO BACHES (ESPANHA)
Nascimento: 7.abr.1990
Ligação com o Brasil: Filho de brasileiro, nasceu e foi criado na Espanha. Em 2014, se juntou à seleção brasileira
Principais resultados
- Bronze na Liga Mundial 2015
- Prata no Pan de Toronto-2015

REMO

XAVIER VELA (ESPANHA)
Nascimento: 7.ago.1989
Ligação com o Brasil: Filho de casal brasileiro e espanhol, competia pela Espanha. Veio para o país em 2015 contratado pelo Vasco e optou por defender o Brasil
Principal resultado:
- Bronze no Europeu de 2013
- Bronze na etapa de Lucerna da Copa do Mundo de 2013

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