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Centro de treinamento paraolímpico em SP inicia atividades com dúvida na gestão

"A gente veio aqui para um momento de celebração de início de trabalho. E a gente sai daqui com muita dúvida sobre nosso papel na gestão desse centro de treinamento e sobre nosso relacionamento com o governo do Estado de São Paulo".

Assim Andrew Parsons, presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), resumiu em uma declaração para a imprensa o que deveria ser o evento de início das atividades do Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro, que fica na Rodovia dos Imigrantes, na zona sul de em São Paulo, nesta segunda-feira (23).

Parsons não quis responder às perguntas dos jornalistas após a cerimônia. "Pergunte ao governo, pergunte ao governo", repetia o dirigente que não discursou no palco montado para o evento.

Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o CPB vai gerir o local de 95 mil m² de área construída dentro do Parque Fontes do Ipiranga nos próximos 12 meses.

Antes dos discursos protocolares do governador e do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, em cerimonial que contou com dezenas de políticos e convidados, o presidente do CPB falava com entusiasmo que a entidade iria gerenciar o complexo que pode abrigar 15 modalidades paraolímpicas.

Até mesmo o valor de R$ 30 milhões anuais para gerir o CT era destacado por Parsons. O dinheiro viria de uma mudança na Lei Agnelo/Piva que passou a arrecadação do CPB de cerca de R$ 80 milhões ao ano para uma estimativa de R$ 150 milhões em 2016.

O CT custou cerca de R$ 305 milhões (R$ 187 em recursos federais e 118 do Estado, que cedeu o terreno).

"Não tenho nenhuma dúvida, o governador assinou de público a autorização para que o centro seja utilizado, gerido, pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro. O governador não costuma deixar dúvidas quando assina um decreto que vai ser publicado no Diário Oficial", afirmou a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella.

"O decreto diz que nos próximos 12 meses existe uma permissão de uso para o Comitê Paraolímpico Brasileiro dentro desse centro. A linguagem oficial é diferente, não usa a expressão gerir. mas eles vão estar aqui dentro tomando conta das instalações e fazendo as atividades aqui dentro acontecerem", completou Linamara.

A secretária disse ainda que uma chamada pública deve ser feita logo após a Paraolimpíada, que ocorre em setembro, pois, depois dos 12 meses uma nova parceria pode ser feita. "Com outro formato, com outra dimensão legal, que vai privilegiar a presença do comitê aqui por muito mais tempo", disse a Linamara, que revelou que entre R$ 5,5 milhões e R$ 6,5 milhões em recursos do governo federal ainda estão atrasados.

ATLETAS

Atletas ouvidos pela Folha, disseram que em até 15 dias deveriam começar a treinar no local.

Os multicampeões paraolímpicos da natação Daniel Dias e Clodoaldo Silva, por exemplo, gostariam de fazer toda a reta final da preparação rumo aos Jogos do Rio na piscina do CT. Nela, faltam apenas as raias e o sistema de aquecimento.

"É um centro de suma importância para a nossa preparação. Estou ansioso para poder usufruir", disse Dias, que pretende ficar hospedado em um dos quartos do alojamento que comporta até 282 atletas ao mesmo tempo.

"Estrutura fantástica que não deve para nenhuma do mundo. já é um grande legado dos Jogos Paraolímpicos", confirmou Clodoaldo antes da cerimônia.

Contudo, após a saia justa criada no encerramento da festa, a assessoria do CPB disse que não há mais uma previsão de envio de atletas para treinar no centro.

O Centro Paraolímpico Brasileiro reúne 15 modalidades (atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, golbol, halterofilismo, judô, rúgbi, tênis, tênis em cadeira de rodas, triatlo e voleibol sentado) e está dividido em 11 setores que englobam áreas esportivas de treinamento, hotel, centro de convenções, laboratórios, condicionamento físico e fisioterapia.

Eduardo Saraiva/A2img/Divulgação
O governador Geraldo Alckmin ao lado de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, em visita ao centro de treinamento em SP
O governador Geraldo Alckmin ao lado de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, em visita ao centro de treinamento em SP
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