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Espero que surta efeito, diz única do país a assinar carta à OMS sobre Rio-2016

Única brasileira signatária da carta redigida por 150 especialistas à OMS (Organização Mundial de Saúde) que pede adiamento ou transferência dos Jogos Olímpicos do Rio, a professora Débora Diniz, 46, afirmou que sua motivação foi questionar a entidade e o governo brasileiro sobre as indefinições quanto ao vírus da zika.

Especialista em bioética e professora da Universidade de Brasília, ela faz parte de um grupo internacional que aderiu ao manifesto. Em sua opinião, faltam pesquisas e esclarecimentos sobre a doença que garantam proteção à saúde, sobretudo a das mulheres.

"Temos ou não temos uma epidemia no Brasil? Temos ou não temos uma série de perguntas relacionadas à transmissão vertical do zika?", indagou Débora, referindo-se principalmente à atuação do governo federal.

"Minha perspectiva é dupla: de saúde global e a saúde das mulheres. Há seis meses falamos sobre os impactos da doença e o silêncio do governo brasileiro com relação a incluir as mulheres no centro da epidemia. Olimpíada é um momento de grande trânsito internacional de visitantes para o país. É um momento de um risco global", complementou.

A estimativa é a de que 500 mil turistas estrangeiros visitem o Rio no período dos Jogos, que ocorre de 5 a 21 de agosto. A professora disse estar ciente de que há um "rito montado" e de "haver muito dinheiro envolvido", o que impediria a remarcação dos Jogos Olímpicos. Porém, ela reiterou sua preocupação com a disseminação do vírus.

Pedro Martins/Agif/Folhapress
Vista aérea do conjunto de instalações do Complexo Esportivo Cidade dos Esportes, na zona oeste do Rio de janeiro, há 100 dias dos Jogos
Vista aérea do conjunto de instalações do Complexo Esportivo Cidade dos Esportes, na zona oeste do Rio

Débora lembrou que, neste mês, a OMS fez recomendações para que as pessoas usem manga comprida, façam relações sexuais protegidas e permaneçam o máximo de tempo possível nos hotéis, em quartos com ar-condicionado, durante a estadia no Rio.

"Qual é o sentido de uma Olimpíada se recomendam às pessoas ficarem no hotel?", questionou.

Os Jogos Olímpicos receberão cerca de 10.500 atletas de 42 modalidades, pertencentes a 206 nações filiadas ao COI (Comitê Olímpico Internacional).

"Eu espero que [a carta] surta algum efeito. Não iria me expor tanto se não esperasse uma resposta genuína da OMS. Às vezes, as organizações precisam ser impulsionadas pela sociedade civil", assinalou.

Ela criticou também a passividade das autoridades e da sociedade brasileira em meio à proliferação do vírus.

"Me impressiona termos tido um movimento tão grande no Brasil como o 'Não vai ter Copa' e, nesse momento, não conseguirmos fazer o mesmo em nome da iminência de um risco tão grande. Me parece que é porque a doença está concentrada em regiões empobrecidas e anônimas do país."

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