Publicidade
Publicidade

Fracassos na base farão seleção feminina de basquete ir para Jogos com veteranas

O técnico da seleção feminina de basquete, Antônio Carlos Barbosa, se diz um "treinador de renovação". Gosta de mesclar novos talentos com experiência.

No entanto, essa filosofia foi deixada de lado (à força) na pré-convocação para a Olimpíada do Rio, em agosto.

Na lista de 18 jogadoras, divulgada nesta terça-feira (31), dez estão acima dos 30 anos. Apenas cinco estão abaixo dos 25. A média de idade é de 29,9 anos.

A convocação de Barbosa reflete o mau momento que a base do basquete feminino do Brasil vive.

Desde que a seleção profissional conquistou a sua última medalha em uma Olimpíada, a de bronze, em Sydney, na Austrália, em 2000, o país conseguiu subir ao pódio em apenas dois Mundiais de base.

Na primeira ocasião, em 2003, no sub-21, ficou com a prata, na Croácia. Na segunda, em 2011, no sub-19, ganhou o bronze, no Chile.

"A reformulação do time deveria ter sido feita ano a ano. Nesse ciclo, não tivemos resultados que dessem credibilidade. Na Olimpíada não se pode manter um grupo que vem de resultados que não são convincentes", disse Barbosa nesta terça-feira, em São Paulo.

Antes, em entrevista à Folha no início de maio, o treinador já havia falado sobre os atuais problemas do basquete feminino e da base.

"Nós entramos num processo de diminuição de equipes e houve uma queda no trabalho de base, porque se você não consegue bons resultados, a mídia se afasta, assim como os patrocinadores. Dessa forma, sem aporte financeiro para fazer uma estrutura legal de base, você fica com um número menor de opções para convocar. É um problema sério", afirmou.

Barbosa está na seleção desde dezembro de 2015. Ele foi contratado para substituir Luiz Augusto Zanon, que pediu demissão.

Hoje, o Brasil não tem uma liga nacional de base no basquete feminino. Há apenas torneios de seleções de Estados e campeonatos estaduais. No profissional, a liga nacional tem apenas seis equipes.

Vanderlei Mazzuchini, diretor técnico da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), ressalta que essa diminuição de equipes e a falta de apoio interferem diretamente no desenvolvimento da base, assim como os problemas financeiros da entidade que administra a modalidade no país.

"O formato do esporte no Brasil está em clube. E com toda a situação que os clubes estão passando, fica difícil. A CBB também tem passado por dificuldades financeiras que todos conhecem, e isso também complica", afirmou.

Mazzuchini cita ainda que a última medalha conquistada pela base da seleção feminina, em 2011, só foi possível porque se tratava de uma seleção permanente, que tinha o apoio do Ministério do Esporte.

Na ocasião, as jogadoras de até 19 anos treinaram juntas de janeiro a agosto.

Em 2016, por exemplo, a seleção sub-17 que vai disputar o Mundial da categoria em Zaragoza, na Espanha, de 22 de junho a 2 de julho, terá pouco mais de 20 dias de preparação para o torneio.

"Essa seleção permanente foi muito cara. E foi a única vez que fizemos isso. Nós conseguimos o bronze e depois nunca mais chegamos. Sem esse time permanente, você tem uma preparação menor e menos jogos internacionais. Fica difícil", afirmou.

A pivô Damiris, 23, que está na lista de pré-convocadas para a Rio-2016, se destacou no campeonato de 2011. Foi considerada a melhor jogadora pela organização. Ela terminou o torneio como cestinha, com média de 20,9 pontos por jogo.

Basquete

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade