Nos últimos meses, Jaqueline, 32, enfrentou problemas físicos, lombares, pulmonares e ainda passou por uma fase ruim em quadra pelo Sesi na Superliga. Mesmo assim, a confiança do técnico José Roberto Guimarães na bicampeã olímpica a manteve na seleção brasileira de vôlei.
Agora, nos treinamentos rumo aos Jogos Olímpicos do Rio, uma pancada contra a central Adenízia sofrida durante o aquecimento para um treino a deixou com um edema e um estiramento perto do joelho esquerdo.
Nesta sexta-feira, em Barueri (SP), porém, a ponteira treinou normalmente com as companheiras de seleção. Saiu um pouco mais cedo, já no final do treinamento, comeu parte de um potinho com salada de frutas e disse que está recuperada para jogar a primeira rodada do Grand Prix, a partir de quinta (9), no Rio.
"Já estou sem dor", afirma Jaqueline. "Estou uns 60% ainda. Mas quero mais, quero melhorar mais e me cobrar sempre. Essa vida de seleção não é fácil. Temos de estar 100% sempre. Me encontro um pouco atrás, mas estou treinando muito bem, ajudando no que posso. Se eu tiver de jogar, vou jogar, se não, vou ajudar. O que importa é estar entre as 12 [convocadas para os Jogos Olímpicos]. Já está começando a me dar aquela felicidade de pensar: 'Estou melhorando, estou ficando bem'. E eles estão me ajudando muito", completou a ponteira.
Zé Roberto ainda terá que fazer cortes na seleção que, nesta sexta, tinha 16 jogadoras treinando em Barueri. As levantadoras Naiane (que estava em torneio na Suíça) e Fabíola (que teve uma filha no último dia 19) ainda devem se juntar à equipe. Apenas 12 serão inscritas na Rio-2016.
Apesar da ansiedade com a proximidade da Olimpíada, a pernambucana campeã em Pequim-2008 e Londres-2012 também disse que preferia que os Jogos deste ano não fossem no Brasil.
"É no Brasil, é tudo muito diferente. Já ouvi alguns atletas falando que preferiam que a Olimpíada fosse fora. Jogar fora não tem esse tête-à-tête. Coisas assim. Eu preferiria jogar fora, para falar a verdade. Mas como é no Brasil, é um momento muito importante para nós. Ter a minha família, meus amigos, todos acompanhando, é algo muito novo. Prefiro jogar fora porque sempre joguei fora, mas se for no Brasil com uma medalha de ouro, estou 'felizaça"', afirmou.
Não é apenas a cobrança ou a pressão da mídia e da torcida que moldam esse pensamento de Jaqueline, é também a dos amigos e parentes. Por esse motivo, pediu ao lado do marido Murilo, também jogador da seleção de vôlei, que os familiares não estejam no Rio durante os Jogos. O que inclui o filho Arthur, de 2 anos.
"Eu e o Murilo preferimos que ele não esteja lá, mas, se ele for, ficaremos sabendo só na hora. Acho que esse é o nosso momento, meu e dele, é tão pouco tempo. Então, temos de nos dedicar de alma e coração para que esse momento tão sonhado seja conquistado. Temos de nos concentrar ao máximo. Temos de esquecer um pouco a família, infelizmente, um pouco o filho. Precisamos nos entregar, porque são 15 dias nossos. Ninguém vai, preferimos que eles ficassem mesmo. Ele estará acompanhando. Se estiver lá ou em casa, é para ele que vamos fazer isso", explicou.
"Eu quero pensar que vou estar em outro país [durante a Olimpíada] e me concentrar para aquele momento", concluiu Jaqueline.