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Hospedagem cara e crise econômica levam turistas a desistir da Rio-2016

Primeiro, a tecnóloga em construção civil Bianca Almeida, 24, fez uma lista de esportes que gostaria de assistir na Olimpíada do Rio.

No sorteio, conseguiu comprar bilhetes para o handebol. Faltava encontrar hospedagem no Rio –Bianca mora em Diadema (SP). Foi nessa fase que os planos tiveram de ser interrompidos.

Logo após comprar os ingressos, Bianca foi demitida da empresa em que trabalhava. Ainda assim, pesquisou as diárias de hotéis e albergues. Mas os valores estavam acima do que poderia pagar.

O alto preço das acomodações aliado ao momento de crise econômica no país está fazendo com que turistas de outros Estados repensem a viagem ao Rio para acompanhar os Jogos Olímpicos.

Diego Padgurschi/Folhapress
A tecnóloga Bianca Almeida, em Diadema, onde mora
A tecnóloga Bianca Almeida, em Diadema, onde mora

Um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) indica que durante a Olimpíada haverá um aumento de 20% no custo das diárias em comparação com períodos de alta temporada, como o Carnaval e Réveillon, quando os valores cobrados já são normalmente mais altos.

"Tinha esperança de conseguir algum outro emprego a tempo dos Jogos. Mas, como estou desempregada há dez meses e sem nenhuma perspectiva, acabei desistindo e coloquei os ingressos à venda", disse Bianca.

Situação semelhante enfrenta a engenheira ambiental Irene Almeida, que mora em Recife. Escolhida como voluntária da área de doping dos Jogos, ela se preparava para a viagem há um ano quando foi demitida.

"Fui para a ponta do lápis várias vezes, esquematizei agenda, finanças, faculdade, tudo. E por muito pouco não desisti", disse.

Ela recorreu a um grupo no Facebook que se propõe a encontrar pessoas que moram no Rio dispostas a acolher voluntários gratuitamente ou cobrando valores simbólicos de até R$ 30 por dia.

Para Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ, os brasileiros estão mais cautelosos para viajar neste momento de instabilidade econômica.

"Sabemos que ninguém vai viajar com dinheiro do feijão e do arroz. Temos uma crise no país que pode não melhorar tão cedo", considerou.

A situação, diz ele, não está prejudicando os hotéis do Rio de Janeiro. O comitê organizador da Rio-2016 reservou 80% dos quartos dos hotéis de 4 e 5 estrelas na cidade para acomodar integrantes da "família olímpica" –delegações esportivas e dirigentes estrangeiros.

O mercado hoteleiro tem ainda uma boa expectativa quanto à presença de turistas de outros países, uma vez que o dólar está valorizado em relação ao real.

"Talvez tenhamos a maior frequência de hóspedes estrangeiros de todos os tempos. Não lembro de outra época na história com tantos turistas internacionais".

Se os "gringos" vêm para cá, alguns brasileiros optam por sair.

O analista de sistemas Max Braga, 34, autor do blog de viagens "Os Turistas", já havia comprado ingressos para as disputas de tênis e vôlei de praia.

As passagens aéreas de Goiânia, onde vive com a mulher, para o Rio seriam adquiridas com milhas de viagem, mas o casal se deparou com um inesperado obstáculo: o preço da acomodação.

"Me espantou ver que o mesmo quarto que num período 'fora de temporada' custa R$ 200 por dia estava chegando a custar mais de R$ 1.500 no período da Olimpíada. Sei que os Jogos tornariam a viagem única e fantástica. Mas, quando vi que uma viagem para o Caribe com tudo incluído saia mais barato, eu desisti", afirmou.

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